O mundo digital se tornou tão presente na sociedade que seu impacto é amplamente sentido na vida comum. Outras perspectivas do convívio humano são reveladas pelas novas formas de relações sociais que ocorrem mediante a esse meio, a relação entre o homem e o computador nos deu novas permissões e possibilidades. Em paralelo à cultura digital, os jogos se apropriam e conciliam características do digital, proporcionando a ele um ambiente conveniente para operar. Não tardou para que os jogos se expandissem em paralelo ao crescimento da internet e se difundissem no meio digital, resultando em manifestações conjuntas que geram situações que são hoje responsáveis por fenômenos sociais complexos.
Uma enorme quantidade de jogos está disponível hoje com relativa facilidade no meio digital; a popularização dos smartphones tem grande responsabilidade nesse sentido pois permitiu a disseminação em larga escala dos jogos digitais devido a acessibilidade seguida pela democratização que os dispositivos móveis promovem, aqui no Brasil uma pesquisa realizada pela revista Veja em 2024 revelou que há um total de 258 milhões de aparelhos smartphones no país, esse é um indício de que cada vez são menos as barreiras que impedem qualquer pessoa de se entreter com os jogos. A liberdade tão prestigiada em nosso momento se tornou um discurso forte, difícil de se contrapor, a não ser por ela mesma, pelo excesso descobriu-se seus males, uma sociedade já hiper-estimulada por uma carga constante de informações dá ao indivíduo cada vez mais tolerância aos estímulos fazendo com que ele necessite de atividades mais engajantes, e nesse momento o jogo, assim como a liberdade pode ser desvirtuado, levando os “maus” jogadores ao extremo oposto, à submissão da sua própria vontade pelo vício em uma atividade que deveria ser benéfica. Os danos não se limitam à escala pessoal, o coletivo lida com as consequências dos atos libertinos. Nenhum fenômeno ilustra melhor o dano coletivo do que os jogos de azar, longe de serem uma novidade na sociedade, já estando presentes nela há bastante tempo, jamais, em toda a história, eles estiveram tão acessíveis às massas populares, as famosas ‘bets’ ou ‘casa de apostas’ é um exemplo catastrófico desse fenômeno. Uma forma de jogo que já revelou seus perigos, agora disseminada em larga escala, mostra que ironicamente a liberdade pode nos aprisionar e nos desviar da razão em busca de um propósito, por vezes, injustificável e até antiético.
Não sejamos injustos com o jogo; enxerguemos nele uma ferramenta que, assim como pode ser perigosa, é também capaz prioritariamente de gerar benefícios às pessoas e trabalhar a favor de uma boa vida. As características do jogo são essencialmente estimulantes: jogar é uma ação que sempre busca um objetivo, e o anseio pela realização provoca o jogador a buscá-la. Ora, encontramos no jogo uma ferramenta engajadora, que estimula as pessoas a agirem, a buscar, a descobrir e, primordialmente, a dar sentido à própria vida. Não podemos esquecer que somos nós que jogamos e nós mesmos que o criamos, qual sentido você quer pra si? Ou melhor, quais jogos você verdadeiramente livre escolhe jogar?
Atualiazado em 27/03/2025 por renan753