Sumário
As décadas passadas deixaram em nós, além de muita nostalgia, saudades de hábitos que hoje não encontramos mais na cultura dos jogos eletrônicos, sejam porque houve a natural evolução das coisas, ou simplesmente caiu de moda. A verdade é que esse post pode denunciar de uma vez: você está ficando velho! Confira com a gente.
Pinballs
Os pinballs foram os primeiros representantes do entretenimento eletrônico no mundo baseados em mercados de massa. A cultura deles surgiu ainda nos anos 50, se intensificando nos anos 70, hegemônicos.
Essas máquinas pesadas possuem rebatedores, chamados de flippers. Uma bola de metal é jogada em um plano inclinado e a diversão começa: o jogador não pode seixar a bola passar por entre os rebatedores. Os dispositivos eletro-eletrônicos da máquina fazer os sons, efeitos visuais, garantindo imersão. No Brasil as casas especializadas e diversão eletrônica chamavam esses aparelhos de fliperamas, dando esse nome também para o negócio da loja.
Com a entrada dos arcades e principalmente dos consoles de mesa, os pinballs foram perdendo força. Ainda hoje encontramos eles perdidos por aí, totalmente remodelados com tecnologia que chama a atenção. Contudo, a nostalgia de disputar com os amigos e dar aquelas batidinhas para tentar burlar a máquina (causando muitas vezes o efeito TILT – a máquina detecta os impactos e o jogo para de funcionar momentaneamente) são lembranças de um passado que já se foi.
Operadores de arcade
Uma das profissões mais procuradas pelos jovens da década de oitenta que queriam receber uns trocados e ao mesmo tempo fazerem algo que gostassem era o emprego de operador de máquinas arcade. Já vimos em vários posts aqui no nosso site que os arcades são as máquinas dedicadas pesadas dos jogos eletrônicos, sendo responsáveis pela criação da indústria dos videogames. As máquinas eram gabinetes com a arte conceitual do jogo, e dentro, uma placa de circuito ligado à uma tela e controles de jogo. Os arcades, em seus primórdios, apresentavam apenas um jogo.
A função do operador era simples: receber a máquina, instalar, fazer a configuração e manutenção básica. Deixar sempre limpa e, sempre no final do dia, retirar as moedas e fichas de jogo.
A série Stranger Things apresenta um operador chamado Keith, funcionário da galeria Hawkins em uma loja de arcades chamada The Palace. O personagem aparentemente não tem muita conexão com a trama do seriado, mas é, dentre muitas outras nostalgias, uma referência muito bacana a essa extinta profissão.
Fichas
Continuando dentro do universo nostálgico dos arcades, os operadores também vendiam as famosas fichas (ou moedas) dos fliperamas da época. Elas são muito diferentes ao redor do mundo. Aqui no Brasil elas tinham muita semelhanças com as fichas que se compravam para fazer ligações em telefones públicos.
Geralmente as fichas eram vendidas em pequenos ou grandes saquinhos e custavam barato comprando na unidade. Com o bolso cheio e fazendo aquele barulho de metal estalando, as fichas são a lembrança da maioria dos adultos de hoje.
Elas foram criadas praticamente para gerar uma espécie de economia própria e controlada no mercado de arcades mundial. Já que os dispositivos de jogo na época eram operados por cofres que ativavam o jogo com a inserção de uma moeda, chamado de moedeiro, suas entradas eram personalizadas por fabricante.
Jogos em fita cassete
Uma das primeiras formas de se adquirir um jogo para os antigos computadores era comprando revistas que continham o código completo de um jogo. Daí você pegava o seu TK90-X ou seu TK-2000 e mandava brasa nas teclas, passando mais de meia hora digitando sem errar para finalmente rodar o jogo em sua casa.
Mais que uma diversão, um verdadeiro ofício, todos que tinham acesso a um computador enlouqueceram quando começou a se disponibilizar os jogos em fita cassete. A fita cassete ou compact cassette é um padrão de fita magnética para gravação de áudio lançado oficialmente em 1963, invenção da empresa holandesa Philips. Pode ser abreviada como fita K7 e foi uma febre nos anos 80 até o início dos anos 90 para ouvir músicas, quando chegou o CD.
O K7 foi a solução viável para quem queria jogar nos computadores. Através dos ruídos analógicos emitidos pelo K7 o computador reconhece os bytes e os escreve na memória. Depois é só rodar o jogo e pronto. Quanta tecnologia, ou melhor, criatividade! É claro era preciso de um gravador que pudesse ser acoplado ao computador e cujo som poderia ser reconhecido por ele (não era qualquer gravador que funcionava). Alguns gravadores eram mais caros que os próprios computadores.
Com o advento do disquete os cassetes serviram de bela decoração na mesa e foram extintos para sempre.
Caixinha TV/Jogo
Preparam-se: aqui vai uma das mais importantes invenções de todos os tempos na história dos videogames. Sem isso não era possível sequer pensar em consoles de mesa, ou pelo menos ver o que se joga. Estamos falando da famosíssima caixinha TV/JOGO.
Este acessório era necessário para poder equalizar a frequência de vídeo do console para o sinal de TV. E nada mais nada menos do que Al Alcorn para ajudar a construir esse equipamento, que foi concebido ainda em 1973 na fábrica da Atari. Segundo Alcorn, O FCC exigiu isolamento de 60dB em frequências de 4/3. A FCC (Federal Communications Commission) é o órgão do governo responsável por manter as leis, a censura e o licenciamento de transmissão referentes às comunicações interestaduais e internacionais nos Estados Unidos. Era obrigatório ter um conversor de frequência para o sinal da antena da TV e do videogame.
No Brasil a caixinha vinha com praticamente todo console de mesa dos anos 80. O curioso do equipamento são os garfos para se prender às antigas saídas de antena, que depois foram substituídas pelos conectores coaxiais.
Cartucho de jogo
O principal momento da indústria dos jogos eletrônicos veio com o advento dos cartuchos. Imagine ter que comprar um console por cada jogo que você quisesse. Pois era assim no final dos anos 70. Quando os cartuchos chegaram com consoles como o Fairchild Channel F, o RCA Studio II e o mais famoso de todos, o Atari VCS, os jogadores do passado viam crescer em suas mãos a possibilidade infinita de poder jogar tudo possível.
Bastava dar uma passada nas lojas como a Mesbla ou do Mappin que era possível no Brasil adquirir centenas de jogos produzidos por desenvolvedores estrangeiros mas fabricados por indústria brasileiras caseiras e nacionais.
Ter uma caixa de sapatos repleta de cartuchos era extremamente comum antigamente; talvez seja algo impensável hoje uma vez que um pen drive guarda uma coletânea de todos os consoles de mesa lançados nos anos 80 e 90.
A verdade é que o cartucho foi o principal vetor do crash dos videogames de 1983, das franquias licenciadas, da guerra dos consoles, até conviver e ser derrotado pelas mídias em CD, muito maiores em armazenamento e mais eficientes. Temos uma grande lembrança afetiva de cuidar dos nossos cartuchos para não oxidarem ou pegarem muita poeira, e se fosse o caso do jogo não pegar quando inserido no console, o jeito era dar o velho e bom assopro – muitos afirmam que o assoprão prejudica o cartucho, por causa da saliva que poderia oxidar mais rapidamente o cartucho; o fato é que sempre deu certo. Existem dezenas de tipos de cartuchos – alguns com bateria dentro para salvar jogos, outros com restrições de região pelo seu formato e até outros tão grandes que tem o tamanho de um caderno!
Joysticks
Por quase duas décadas a única forma de controlar um personagem em um labirinto, ou naves defensoras da terra era através de uma espécie de palito vertical com alguns botões ao lado. Baseado na estrutura de controle dos aviões de guerra, os joysticks foram a inspiração para todos os arcades feitos até hoje. Os criadores dos primeiros arcades trabalhavam próximos aos centros de pesquisa e desenvolvimento americanos, cujos projetos, na maioria das vezes, eram tecnologias armamentistas.
Os joysticks podem ser multidirecionais, e foram adquirindo ajustes ao longo do tempo. Passaram um bom tempo na segunda geração dos consoles, e logo foram substituídos pelos D-pads. Atualmente, jogar com joysticks ainda não é difícil: uma enorme leva de jogadores hardcore que continuam com a cultura dos arcades continua comprando esses acessórios, principalmente os jogadores profissionais de jogos de luta. Os joysticks também evoluíram para uma derivação nos consoles modernos: os controladores analógicos.
Também encontramos no mercado com muita facilidade componentes genéricos dos joysticks estilo arcade. Eles são muito usados para mini computadores customizados dentro de uma casca de controle de arcade. Coisa de quem é amante do retrogaming.
Manuais impressos
A mídia física está sumindo e todos nós estamos sentido isso a cada década. Mais que isso, vai-se também sensações muito boas e experiências únicas. Nas décadas passadas era essencial para muitos jogos a leitura dos manuais. Era a única forma de entendermos alguns comandos para conseguir jogar. Sem os manuais, não saberíamos o que seriam aqueles pontos brilhantes nas telas, representando os personagens e elementos dos jogos das primeiras gerações dos videogames.
Sem os manuais, o jeito era apelar para a imaginação, a tentativa e o erro, e a sorte. Os manuais eram parte integrante do produto de um jogo e um enorme instrumento de venda. Neles encontrávamos a narrativa do jogo e dicas dos prórpios desenvolvedores.
Atualmente os manuais andam sendo substituídos pelas versões eletrônicas ou pelos tutoriais dentro do próprio jogo. Assim como nos livros, sabemos que as peças impressas possuem um valor agregado muito maior para compradores, colecionadores e fãs. Muitos jogadores hoje preferem ainda adquirir as versões físicas dos seus jogos favoritos. essas versões são mais completas, pois além do manual, contém itens especiais, como miniaturas, brindes e muitas outras surpresas.
Locadoras de videogame
As locadoras de videogame ainda vão receber um post muito especial. Existem até livros que contam a história desse fenômeno, que ficou muito evidente principalmente nos anos 90. Sim, elas ainda existem, aliás, persistem. Antigamente, falando mais precisamente do final dos anos 80, as locadoras se concentravam mais em alugar os títulos dos consoles vigentes, no caso os de terceira e quarta geração.
Foi com o boom da guerra dos consoles que tanto a procura como a oferta de consoles aumentou bastante, principalmente porque não se podiam mais fabricar no Brasil os consoles de mesa da quarta geração, como aconteceu nas duas anteriores gerações, a partir dos eventos da reserva de mercado e da Zona Franca de Manaus.
Dessa forma adquirir videogames só se tornou possível com a importação, que também não era muito viável. Logo as locadoras começaram a comprar os consoles da quarta geração e alugar tempo de jogo para os já costumeiros locatários. Os recém-chegados Mega Drive e Super Nintendo criaram uma enorme procura de jogadores ávidos por testar os mais recentes jogos. O auge dessas lojas aconteceu quando o Neo Geo AES passou a fazer parte do acervo dessas locadoras, que já alugavam milhares de títulos e tinham espaço para festas e eventos.
A febre das locadoras continuou até a quinta geração, quando eventos como a consolidação da globalização através da Internet, a pirataria desenfreada no Brasil e o desbloqueio de aparelhos diminuiu a frequência de clientes nas locadoras. Hoje as locadoras ainda persistem nas periferias da cidade, misturando-se com as atividades culturais dos bairros.
Memory Card
Já falamos anteriormente que os cartuchos tinham baterias para guardar jogos salvos, principalmente quando o jogo era muito extenso, o que aumentava muito o desafio, podendo até influenciar negativamente na progressão do jogo. O que era uma marca de realização para muitos jogadores old school, aos poucos, foi se adaptando ao jogo voltado às experiências.
Isso nos levou a uma evolução na possibilidade de guardar o progresso do jogo. Pode parecer algo quase que jurássico quando se pensa nisso atualmente, mas os conhecidos savegames dos jogos eram guardados em pequenas caixinhas finas chamadas de Memory Card. Serviam para intercambiar configurações de jogo e destravamento de features de uma plataforma para outra. O conceito inicial veio com o Neo Geo, que usava o recurso para que jogadores pudessem usufruir das mesmas experiências de jogo nas versões MVS (arcade) e AES (console de mesa).
Muito populares nos consoles da Sony da quinta geração, podiam se acoplar não somente ao console, mas também ao controle, se tornando acessório indispensável e construindo muitas inovações, como o interessante VMU para o Dreamcast.
Conclusão
O que você achou da nossa lista? Concorda com as escolhas? Tem alguma outra coisa que esquecemos de analisar ou então você quer saber mais detalhes? Comente a vontade e vamos discutir sobre a nostalgia dos jogos eletrônicos! Confira também nosso vídeo sobre esse artigo no Youtube.
Atualiazado em 26/05/2020 por Daniel Gularte
Bons tempos!!!! muita coisa boa tinha naquela época…certos detalhes marcaram muito!!!! O que eu sinto mesmo hoje em dia são os fliperamas e locadoras!!!! Na época do super nintendo e mega drive passei muito tempo em locadoras, e na fase fliperama joguei muito street fighter 2, Mortal Kombat e jogos da SNK!!!! Bons tempos mesmo!!!!