Sumário
A Nintendo é uma empresa com mais de cem anos de existência, tendo seu início lá pelo remoto ano de 1889, sendo basicamente uma empresa de jogos de tabuleiro, como card games. Porém, a aventura da Nintendo no mundo dos jogos eletrônicos começou com o promissor mercado de arcades no Japão em 1980, mercado em que a empresa foi muito bem sucedida. Diante desse mercado promissor de jogos eletrônicos a Nintendo resolveu apostar em um sistema doméstico de 8-bit, que viria a dominar o mercado. Batizado de Family Computer System e lançado em 15 de Julho de 1983, o console se tornou bastante popular no Japão e podia ser encontrado em quase todas as residências do país. A partir dele o mundo do divertimento eletrônico nunca mais foi o mesmo.
Pré-história
Antes mesmo da Nintendo fazer do videogame o seu negócio, a empresa tem o seu início com a produção de cartões Hanafuda artesanais em 1889. Muito antes da história da Nintendo ter sido escrita por nomes como Shigeru Miyamoto e Satoru Iwata, Fusajiro Yamauchi começou o que seria eventualmente tornar a Nintendo uma das empresas mais importantes em jogos eletrônicos. Antes de todos os pixels e polígonos, no entanto, a empresa era conhecida como Nintendo Koppai (Nintendo Jogos de Cartas).
Após passar por muitas mudanças e negócios diferentes (inclusive com acordos com a Disney), a Nintendo passa a criar brinquedos. Ao inspecionar uma fábrica de hanafuda em 1966, Hiroshi Yamauchi percebeu Yokoi mexer com uma invenção para a sua própria diversão: um braço mecânico que se estende. Vendo o potencial na invenção de Yokoi, Yamauchi pediu ao inventor para desenvolver um produto que poderia ser vendido para a próxima temporada de Natal. O resultado, o Ultra Handm se tornaria um dos mais antigos sucessos da Nintendo vendendo mais de um milhão de unidades. Vendo o potencial de Yokoi, Yamauchi mudou o empregado para a divisão de desenvolvimento de produtos.
Após encontrar o sucesso e a estabilidade, a Nintendo foi capaz de economizar dinheiro suficiente para incentivar projetos em outras áreas, como jogos eletrônicos. A história da Nintendo estava prestes a ser reescrita novamente como a empresa que conhecemos hoje. O início da fabricação dos seus arcades e o sucesso dos seus jogos eletrônicos deu notoriedade para a empresa decidir entrar com seu projeto mais ousado: o videogame da Nintendo.
História
A empresa estava apenas começando a engatinhar a partir de sua boa participação com o negócio de brinquedos e a sua recente entrada no mercado de arcades. Neste ponto, muitas pessoas-chave na empresa estavam começando a surgir e estas iriam desempenhar um papel fundamental na Nintendo por muitos anos.
Entre essas pessoas estavam Gunpei Yokoi, que além de Shigeru Miyamoto foram, provavelmente, as pessoas mais influentes no início da Nintendo nos jogos eletrônicos. Já fincado como uma peça fundamental no período pós jogos de carta, Yokoi tinha os olhos postos num novo mercado emergente, os jogos portáteis.
A linha de jogos Game & Watch influenciou o modo de jogar com a criação do D-pad. Desenvolvido em 1982 por Yokoi para a versão de Game & Watch de Donkey Kong, o projeto ficou tão popular que foi usado em títulos posteriores do Game & Watch e eventualmente no Famicom. O enorme sucesso do Game & Watch foi o bater do martelo para iniciar o projeto de um console de videogame.
Em 1982, a Nintendo desenvolveu um protótipo para o que viria a ser o Famicom apelidado de “Advanced Video System” (AVS). O aparelho, que está em exibição na Nintendo World Store, tem controles que pareciam aos do Famicom. Projetados mais como um computador, o AVS tinha acessórios como uma unidade de fita, um joystick e uma pistola.
O AVS nunca foi lançado, mas foi usado como referencial para a construção do Famicom. Desenhado por Masayuki Uemura, o nome Famicom realmente veio a ser criado pela mulher de Uemura. Com o codenome “GameCom”, a esposa de Uemura sugeriu que talvez a Nintendo poderia dizer que foi um computador da família, ou Famicom para encurtar o nome.
Ainda se pensou em um computador doméstico de 16-bit completo com teclado e mouse, mas no final, Masayuki Uemura e seu time de engenheiros decidiram criar um produto mais simples, pequeno, que fosse de fácil construção e pudesse ser manufaturado rapidamente por um preço baixo.
No momento do seu lançamento inicial no Japão, o Famicom enfrentou dificuldades na linha de produção. Lançado em 1983, o Famicom demorou a ganhar impulso devido a um conjunto de chips ruins que causaram falhas no sistema. Após em recall completo, a popularidade do Famicom cresceu, tornando-se o console de videogame mais vendido no Japão até o final de 1984.
Após o sucesso do Famicom no mercado japonês, a Nintendo of America estaria em negociações para trazer o console para os EUA. Originalmente planejado para ser lançado sob a bandeira da Atari, a Nintendo cancelou as negociações depois da Consumer Electronic Show (CES) de 1983. A Atari estava insatisfeita pois a Nintendo estava demonstrando uma versão de Donkey Kong no computador Adam da Coleco. Em 1985 na CES, a Nintendo iria revelar a versão oficial americana do Famicom, chamado
de Nintendo Entertainment System ou NES. O console iria ser lançado como teste em Nova York, em 18 de outubro de 1985, seguido por uma versão completa na América do Norte em fevereiro de 1986.
E assim se consolidou o Family Computer System, ou mais carinhosamente conhecido, Famicom. A fama do Famicom no Japão era muito expressiva, o que deixou os desenvolvedores desesperados para criarem jogos para o console, a ponto de que se não houvesse “Nintendo” escrito em um aparelho, não os importava.
O Console
Apesar de precisar ser um produto que pudesse ser fabricado por um custo baixo, a Nintendo conseguiu dar características muito interessantes e inovadoras para o console. O design do Famicom era elegante, branco com detalhes em vermelho, botões de Power e Reset, um mecanismo para ejetar o cartucho (raramente utilizado, já que os usuários removiam os cartuchos facilmente usando os dedos) e uma porta de expansão, localizada na frente do console. Ainda na parte superior do console, havia o acesso para o slot de inserção dos cartuchos. Em cada lateral do Famicom existia um compartimento onde era possível encaixar os controles junto ao console, o que era bastante prático na hora de guardá-los. Na parte traseira do console haviam as conexões externas para fonte de alimentação e saída RF para TV, duas chaves seletoras, uma para escolha da frequência do canal de sintonia (CH1 ou CH2) e outra para selecionar entre usar a TV para jogar ou apenas ver a programação normal (TV ou GAME), e também os cabos de conexão para os controles
Os controles também traziam um design inovador, com dois botões de ação à direita (A e B) e dois botões centrais, Start e Select, e à esquerda o D-Pad. O D-pad foi um avanço sobre o antigo padrão de direcional que existia até então, que era uma alavanca central (padrão Atari) que exigia que o jogador utilizasse toda a mão para jogar; com o D-Pad bastava apenas usar o polegar para movimentar o personagem, deixando os outros dedos livres. Além disso, o segundo joypad trazia um controle de volume e um microfone embutido, que poderia ser usado para interagir em alguns jogos. Apesar de toda essa inovação, os controles traziam um cabo de conexão fixo com o console, sem a possibilidade de removê-los facilmente para substituição.
Os cartuchos dos jogos também possuíam um visual inovador e atraente, com formato pequeno e de cores variadas, diferente dos padrões cinzas ou pretos de videogames anteriores.
Uma das principais diferenças entre os consoles Famicom e NES era a capacidade do NES para salvar jogos diretamente no cartucho com a ajuda de um sistema com baterias. Para obter a mesma funcionalidade, a Nintendo criou o Famicom Disk System (FDS) no Japão em 21 de fevereiro de 1986.
O FDS ligava-se ao slot de expansão na parte inferior do Famicom, utilizando disquetes proprietários para armazenamento de dados. Com o FDS também veio um chip de som melhorado, algo que os NES nunca iria receber.
O Famicom e o NES viriam a se tornar um sucesso colossal para a Nintendo. Até o final do seu ciclo de vida, a dupla viria a se tornar o melhor console de videogame de seu tempo vendendo 61,91 milhões de unidades.
Mercado
O preço de lançamento do Famicom foi de ¥ 14.800, algo equivalente a R$340 (dados de 2015). Graças a seu design inovador, seu baixo custo e excelentes jogos, o Famicom se tornou o console mais vendido de todos os tempos no Japão em 1984, alavancado pelos jogos de sucesso vindos do arcade, como Donkey Kong e Popeye, e a genial criação de Shigeru Miyamoto: Super Mario Bros. Em 1985 o Famicom bateu a marca de mais de 2.5 milhões de unidades vendidas no Japão, o que despertou o interesse da Nintendo em lançar o Famicom no mercado norte-americano, que ainda se recuperava do “crash de 1983”.
Acessórios
O Famicom recebeu diversos acessórios, como o Arkanoid Controller, que era um controle desenvolvido pela Taito especificamente para jogar Arkanoid, ou também a tradicional Famicom Light Gun dentre outros. Abaixo segue a lista com todos os acessórios lançados para o Famicom.
Arkanoid Controller: controle especifico para jogar Arkanoid, lançado pela empresa Taito.
ASCII Stick L5: controle para uso apenas com uma mão, desenvolvido pela empresa ASCII Corporation
Bandai Karaoke Studio: um microfone e um dispositivo que funcionava apenas com seus próprios cartuchos, desenvolvido Bandai.
Barcode Battler II: era um console portátil que podia ser conectado ao Famicom, permitindo a transferência de dados entre ambos, desenvolvido pela Epoch Co.
Datach: cartucho adaptador para leitura de códigos de barra, lançado pela Bandai.
FamiCoin: capinhas coloridas que poderiam ser colocadas sobre o D-Pad, para melhorar a experiencia do jogador. Lançadas pela Taito.
Famicom 3D System: um headset com visores de cristal líquido que gerava a sensação de profundidade 3D em jogos compatíveis. Desenvolvido pela Nintendo.
Famicom Data Recorder: dispositivo usado para salvar e carregar programas em cassetes de áudio para programas feitos em Family BASIC. O Data Recorder também podia ser usado para armazenar dados criados pelo usuário para os jogos Excitebike, Mach Rider, Wrecking Crew, e Castlequest. Este recurso não estava disponível na versão NES pois ele não era compatível com o Data Recorder. Foi desenvolvido pela Nintendo.
Famicom Controller: era o joypad original do Famicom. Os dois controles eram diretamente ligados ao Famicom. O segundo controle incluía um microfone e um ajuste de volume, mas faltava os botões “Start” e “Select”.
Family Converter: adaptador de cartuchos NES/Famicom. Fabricado pela Honey Bee.
Family Computer Disk System: um leitor de disquetes proprietário que continham dados que podiam ser comprados e gravados em máquinas em lojas. Desenvolvido pela Nintendo.
Famicom Fitness System (FSS): um instrutor de bicicleta.
Famicom 4-Players Adaptor: permite 4 jogadores jogarem ao mesmo tempo, não é compativel com outros adaptadores do mesmo tipo. Feito pela Nintendo
Famicom Light Gun: um revólver para games de tiro. Feito Nintendo.
Famicom Modem: usado para se conectar aos servidores da Nintendo, que continha brincadeiras, novidades e dicas sobre jogos. Feito pela Nintendo.
Famicom RF Booster: um conector de RF. Feito pela Hori.
Famicom S.D. System: dispositivo conectado a porta expansão permitia o uso de fones de ouvido. Fabricado pela Hori.
Family BASIC Keyboard: um teclado feito para ser usado apenas com o Family BASIC. Lançado pela Nintendo.
Family Robot (R.O.B.): um pequeno robô alimentado por baterias. Nintendo.
Family Trainer: um tapete que permite jogar games usando os pés. Bandai
FAM-NET/FAM-NET II: usado para conectar o Famicom a um serviço online. Feito pela Bridgestone.
TV-NET: outro dispositivo usado para conectar o Famicom a um serviço online. Feito pela Microcore.
Piste: dispositivo usado para conectar o Famicom ao serviço online de Keirin. Lançadp pela Microcore.
TV-NET printer: uma impressora para o TV-NET da Microcore.
TV-NET RANK2: conectava o Famicom a um serviço online. Microcore.
Gun Sight: Headset laser ativado por voz. Lançado pela Konami.
Head Cleaning Card: um kit de limpeza para o Family Computer Disk System.
Joystick-7: um joystick arcade para Famicom, possuía funções turbo.
Joycard Sanusui SSS: um controle com função turbo e conector para fones de ouvido. Feito pela Hudson Soft.
Multi-Box: dispositivo trazia uma melhoria ao vídeo. Era conectado no suporte do controle direito do console.
Party Room 21 Controller: um controle para jogode Quiz para até seis jogadores.
Power Glove: controle em forma de luva que permitia o controle de games usando movimentos da mão. Fabricado pela PAX.
Reggie’s Joystick: controle para Famicom com função turbo.
Spica T89: adaptador de cartuchos NES/Famicom. Feito pela Spica.
Super Controller: capinha para controles do Famicom. Lançada pela Bandai.
Toyo Stick: um controle estilo Arcade para Famicom. Toyo.
Turbo File e Turbo File II: dispositivo de armazenamento externo da ASCII Corporation.
Wu Ho Cassette Adaptor: um adaptador de cartuchos NES/Famicom. Lançado pela Wu Ho.
Galeria
Curiosidades
- Nos primeiros anos do Famicom, a Nintendo restringia o lançamentos de seus jogos em cinco títulos por ano. Depois esse restrição foi excluída.
- Noss primeiros modelos disponibilizados pelo Famicom, os botões dos controles eram de borracha
- As cores do console não somente relembras a bandeira do Japão, mas eram as cores favoritas de Hiroshi Yamaushi e eram as mais baratas para se produzir no mercado da época.
- Como os conectores dos cartuchos antigos se desgastavam rapidamente, a Nintendo criou um material mais resistente. Para testá-lo, os funcionários da fábrica tiravam e colocavam cartuchos centanas de vezes
Ficha Técnica
CPU: 8-bit 6502 NMOS (1.79MHz)
RAM: 2KB (16Kb), 2KB Video RAM
Cores: 52 (24 na tela)
Sprites: 64
Tamanho do Sprite: 8×16 pixels
Resolução: 256×240 pixels
Som: PSG audio
Referências
- http://www.nintendolife.com/news/2013/07/feature_the_history_of_the_famicom
- https://en.wikipedia.org/wiki/Nintendo
- https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Nintendo_Entertainment_System_accessories
Atualiazado em 30/09/2016 por Daniel Gularte
só conheço pessoalmente o supercharger que lembra muito o famicom… Bons tempos!