Sumário
Muitas tendências vem e vão no mercado de jogos e uma das mais notáveis durante os anos 80 e 90 foi o FMV. O Action Max é um obscuro console especializado somente em jogos do tipo e que fez uma curta trajetória no mercado americano pouco antes do início de uma nova e importante etapa na história dos videogames. Este trágico prelúdio á famosa “guerra dos consoles” possuia uma ideia atrativa, mas, não passou disso.
Histórico
Durante o fim dos anos 80 e início dos anos 90, jogos em formato FMV se tornavam uma tendência no mercado de jogos. Esse formato, hoje muito raramente utilizado, usava de cenas gravadas com atores reais, sendo classificado como um tipo de filme interativo. O Action Max foi lançado pela Worlds of Wonder como uma plataforma especializada em jogos FMV e também uma das últimas tentativas desesperadas de reerguer a empresa.
Usando o popular formato na época, o VHS, ele precisaria ser acoplado a um gravador de videocassete, produto presente na maioria das casas americanas. Assim a aposta da WoW era trazer um novo estilo de aparelho, adequado para a maioria dos públicos, interativo e abandonando a mídia padrão da época, os cartuchos ROM.
O console
O Action Max é um console pequeno e com design atraente. Estima-se que pesa apenas 2 libras e não por acaso, já que não reproduz gráficos e por isso precisa ser conectado a um aparelho reprodutor de VHS externo, permitindo assim seu hardware compacto.
Na frente do console estão localizadas as entradas para fones de ouvido e para o controle — uma arma de plástico que vinha junto ao console — além de um interruptor para ligar/desligar o som.
Se olharmos a parte superior do console encontraremos um pequeno visor que marcará a pontuação do jogador, um controle de volume, ajuste da distância do jogador, os interruptores de modo de jogo(normal/especial), número de jogadores e, claro, o interruptor para ligar/desligar o aparelho.
Atrás estão os conectores para o aparelho VHS, um interruptor para selecionar o tipo de áudio(Mono/Stereo) e a entrada para o sensor. Além disso, ele conta com um alto-falante embutido.
Para ser utilizado, um dispositivo similar a um sinal vermelho deveria ser posicionado no local indicado no aparelho televisor através de sucção. Esse sensor acende uma luz quando qualquer alvo aparece em tela e o jogador deve sincronizar seus tiros com este sinal.
Após uma série de ajustes que deveriam ser feitos, pode-se jogar o Action Max de três modos, sendo eles:
Modo Padrão: Apenas velocidade e precisão são testados. Aqui, quanto mais rápido for o jogador, mais pontos receberá ao acertar um alvo. Caso acerte um aliado, ele perderá pontos. Para jogar, basta manter o interruptor de modo de jogo na posição “Standard”.
Modo Reflexo: Teste do tempo de reação e reflexos do jogador. O display do console contará o tempo levado para atingir alvos, sendo o objetivo ser o mais rápido possível. Para jogar este modo, basta ligar o console e então manter o interruptor de modo de jogo na posição “Special”.
Modo de Munição Limitada: Nesse modo, cada alvo acertado valerá apenas um ponto e também, a luz do sensor não acenderá. Ao errar 4 tiros, o jogador perde 2 pontos. Para jogar é necessário manter o interruptor de modo de jogo na posição “Special” e só depois ligar o console.
Jogos
No total, apenas 5 jogos foram lançados para o Action Max e um de seus títulos “Fright Night” nunca chegou às prateleiras devido ao curto tempo de vida do console. Todos os seus jogos são FMVs e seguem o mesmo estilo de gameplay. Seu modo de jogo era completamente linear e a ação na tela contínua independentemente das ações do jogador, sendo a interatividade apenas baseada na pontuação obtida pelo jogador ao atirar com a Light Gun no momento determinado. A biblioteca do console é composta por:
- .38 ambush Alley: Jogo de tiro com temática policial.
- Blue Thunder: Lançado pela Coca-Cola Telecommunications, é baseado no popular filme homônimo.
- Hydrosub:2021: Uma viagem subaquática futurista.
- The Rescue of Pops Ghostly: Uma aventura cômica ambientada em uma casa mal-assombrada.
- Sonic Fury: Jogo de combate aéreo. Este era o jogo padrão que vinha com o console.
Mercado
Em outubro de 1987, ocorreu a “segunda-feira negra”, dia em que a bolsas de valores ao redor do mundo quebraram. Este evento afetou muito a empresa de brinquedos Worlds of Wonder, que, já enfrentando problemas financeiros, passou seus últimos dias mantendo-se de pé através da venda esporádica de seus brinquedos.
Como uma de suas últimas apostas, a empresa tenta lançar o Action Max. Além dos claros problemas em um console que utiliza a mídia VHS contendo jogos em FMV completamente lineares, o momento não era propício. O mercado de videogames ainda não estava totalmente recuperado de sua quebra 4 anos atrás e um dos catalisadores para essa recuperação, o NES, só chegaria ao mercado americano nesse mesmo ano.
A Worlds of Wonder foi estabelecida no início dos anos 80 e trabalhava com brinquedos eletrônicos sendo conhecida principalmente por seu produto “Teddy Ruxpin”. O público, entretanto, geralmente buscava alternativas mais baratas no mercado.
Assim, com o lançamento do Action Max, a empresa investiu em publicidade prometendo trazer aos consumidores a experiência de fazer parte de um filme. O preço também era um atrativo, apenas $99.
Embora a ideia se mostrasse inicialmente empolgante, a falta de interação entre o console e o jogador foi motivo de desagrado ao público, tornando o console um fracasso de vendas. Isso contribuiu para que seu alcance fosse quase nulo fora dos EUA e para que hoje ele seja uma peça obscura da história.
A WoW entrou em falência em 1988, apenas um ano após o lançamento de seu console, um dos motivos para seu curto tempo de vida. A empresa não lançou brinquedos novos nesse meio tempo e eventualmente não conseguiu suprir com as despesas de seu funcionamento.
Hoje em dia, o formato FMV foi abandonado e esse fato levanta um interessante questionamento; será que, no futuro, olharemos para alguma novidade tecnológica do presente com os mesmos olhos que olhamos para o FMV?
Curiosidades
- Embora incomum, o Action Max não foi o único console a usar a mídia VHS. O View-Master Interactive Vision também suporta este formato e o Control-Vision, que não chegou a ser lançado, pretendia reproduzir VHS e cartuchos ROM.
- O Action Max é um console relativamente raro e sua aquisição nos dias de hoje pode ser um pouco trabalhosa.
- A Worlds of Wonder era a distribuidora original do NES na américa do norte, logo sendo substituída pela própria Nintendo. Funcionários da WoW chegaram a ser contratados pela empresa japonesa.
Ficha Técnica
Nome: Action Max
Geração: Terceira
Fabricante: Worlds of Wonder
Ano de lançamento: 1987
CPU: HD401010
Controle: Light Gun
Mídia: Fita VHS
Jogo Famoso: Sonic Fury
Resolução: 333 x 480 pixels (Cálculo aproximado da qualidade VHS convertida para os dias de hoje)
Som: Stereo
Tamanho: 33 x 17 cm
Portas I/O: Saída para fones de ouvido, conector para o reprodutor de VHS, conector da light gun, tela de score
Fonte de energia: 4 pilhas C ou alimentação externa (9v, 500mA)
Referências
https://en.wikipedia.org/wiki/Action_Max
http://www.old-computers.com/museum/computer.asp?c=1008
http://www.videogameconsolelibrary.com/pg80-actionmax.htm#page=reviews
The Rarest of the Rare Video Game System – Exploring Action Max’s Blue Thunder VHS Game
BAKER, Kevin. The Ultimate Guide to Classic Game Consoles. Ebookit.com, 2013.
Manual do console.
Atualiazado em 28/05/2018 por Daniel Gularte