Simon é um jogo eletrônico inventado por Ralph H. Baer e Howard J. Morrison, com a programação de software desenvolvida por Lenny Cope. Sua versão original foi fabricada e distribuída pela empresa Milton Bradley e é atualmente fabricada pela empresa Hasbro. Grande parte da programação feita em assembly foi escrita por Dr. Charles Kapps, que ensinou ciência da computação na Universidade de Temple(EUA) e também escreveu um dos primeiros livros sobre a teoria da programação para computadores. Simon foi lançado em 1978 e foi um sucesso imediato, tornando-se um símbolo da cultura dos anos 1970 e 1980. Entenda como e porque Simon é um importante marco para a indústria dos jogos eletrônicos.

Histórico

O Arcade Touch Me.

No começo da década de 70, os criadores da empresa Atari desenvolveram um protótipo de jogo eletrônico de mesa, no estilo dos pinballs, com diversas luzes que deveriam ser pressionadas pelo jogador na sequência correta. Chamado de Touch Me, foi lançado em 1974 nas casas de diversão eletrônica e não teve um bom retorno do público. Poucos anos depois, Ralph Baer, já reconhecido no mercado como o criador do primeiro videogame, aproveitou essa ideia, transformando o conceito em um brinquedo mais marcante, e foi ofertado a diversas empresas do setor.

A ideia de Baer foi aprovada e lançada pela Milton Bradley, que na época era uma das mais conhecidas fabricantes de brinquedos nos Estados Unidos, se transformando no maior hit do mercado no ano de 1978. Originalmente, o brinquedo tem o nome de Simon, derivado de uma brincadeira infantil chamada “Simon Says”, conhecida no Brasil como “Siga o Mestre” ou “O Mestre Mandou”.

Ainda que um jogo simples, este foi o resultado de um intenso esforço feito por seus criadores, especialmente Ralph Baer que trabalhava na época para o grupo de design de brinquedos e jogos independentes “Marvin Glass & Associates”. Baer já tinha experiência com jogos eletrônicos como o criador do Magnavox Odyssey, o primeiro sistema de videogame caseiro, e sabia o que os os consumidores precisavam para se divertir.

Em entrevista concedida a revistas especializadas, Ralph H. Baer afirma que ele e Howard J. Morrison foram introduzidos primeiramente ao jogo Touch Me em um show no MOA (Music Operators of America) em novembro de 1976, e viu que não houve uma boa aceitação do público em geral. Baer conta que o jogo tinha “jogabilidade agradável e uma execução terrível. Visualmente chato.”.

O protótipo original do Simon, construído por Baer, incluia um chip TMS 1000 da Texas Instruments, de baixo custo e usado por muitos jogos da década de 1970. Lenny Cope, que foi um dos parceiros de Ralph Baer em seus projetos, trabalhou na programação para o núcleo do jogo. Este novo produto deveria então ter algo que o produto da Atari não teria: empatia.

Ralph Baer e Simon.

Intitulado provisoriamente de Follow-me, precisava ser esteticamente interessante e ao mesmo tempo ter um desafio que permitisse mais imersão do que o Touch Me. Baer desenvolveu os tons sonoros do jogo, inspirados pelas notas de um trompete. Foi quando lançou uma demo, em um console de 8 polegadas por 8 polegadas, com a Milton Bradley Company, já com o nome do jogo mudado para Simon, para dar mais ênfase ao caráter humano do computador no produto. As diversas saídas criativas de Baer deram ao brinquedo uma vida própria: crianças e adultos, ainda não acostumados com a tecnologia computacional, ficaram maravilhados com a presença de um computador inteligente que os desafiava. Esse era o diferencial de Simon que cativou uma geração: criar uma espécie de interação mágica com a tecnologia que até então era considerada um monstro a ser domado.

Simon nos lembra que não só eram apenas os jogos eletrônicos que ganham milhões de fãs através de jogos de videogame, como o sistema VCS / 2600 da Atari para os consoles, ou no arcade de sucesso Space Invaders, mas que as pessoas estavam cada vez mais conectadas também com brinquedos de todos os tipos. Simon ajudou a inaugurar a atual predominância de jogos eletrônicos usando um computador para criar uma experiência de jogo que mesmo as pessoas não familiarizadas com a tecnologia poderiam desfrutar.

Simon é um dos jogos eletrônicos mais proeminentes da década de 1970 e início de 1980, pois representa a forma como os designers de jogos de computadores eram cada vez mais integrados em suas criações. Essa persistência criativa, utilizando recursos escassos, permitiu que Simon fosse considerado um dos produtos mais importantes já criados pela história do entretenimento eletrônico, sendo produzido e utilizado até hoje.

O Console

De forma geral o brinquedo é um jogo bem simples. Como o nome indica, é baseado no jogo infantil “Simon Says”, no qual os jogadores devem repetir o que o líder faz. Neste caso, porém, o líder é um computador que gera um padrão aleatório de imagens e sons em quatro botões coloridos. O computador reproduz o padrão (acendendo cada bloco e tocando uma nota musical que o acompanha) e os jogadores tentam repeti-la. Quando bem sucedido, o computador continua aumentando o padrão.

Versões

Muitas versões de Simon foram feitas desde que a Hasbro comprou a Milton Bradley e seus projetos de brinquedos. Houve o lançamento do Simon 2, que foi lançado em 2000 pela Hasbro e muitas outras versões em miniatura foram feitas.

Em 2004, a Hasbro lançou o Simon Stix. O jogo possui duas varetas eletrônicas e possui quatro níveis de jogo.

Em 2005, a Hasbro lançou Simon Trickster (também conhecido como Simon Tricks na Europa e no Reino Unido), que apresenta quatro modos de jogo, incluindo o Simon clássico, que é o modo original e dura até 35 trilhas; o Simon Bounce Challenge, semelhante ao Simon clássico, mas as cores das lentes mudam de lugar; o Simon Surprise que é um dos jogos mais difíceis do aparelho, pois cada lente fica da mesma cor e o jogador tem de memorizar apenas a localização; Simon Rewind, onde o jogador tem de memorizar a sequência para trás – durante cada jogo, o jogo dará ao jogador um elogio a partir de um certo número de trilhas concluídas. Ao chegar a cinco e onze sinais, o computador irá escolher aleatoriamente “Awesome!”, “Nice!” “Doce!” e “Respect!”. Ao atingir 18 sinais, o jogo irá tocar uma melodia de vitória três vezes. Ao chegar ao final de 35 sinais, o jogo vai tocar a melodia vitória novamente e vai dizer “Respect!”. Se o jogador não conseguir memorizar o padrão ou não pressionar a cor certa dentro do limite de tempo, o jogo irá tocar um som de aparelho quebrando e vai dizer “Later!”.

Em 2011, a Hasbro lançou o Simon Flash. Nesta versão, o jogo é apresentado em diferentes cubos e o jogador precisa de todos os cubos para jogar.

Em 2013, a Hasbro re-inventou Simon mais uma vez com Simon Swipe. O jogo foi demonstrado na New York Toy Fair 2014 e foi lançado no Verão daquele ano. O jogo é um círculo que se parece com um volante. Ele foi alargado de quatro botões para oito botões touchscreen que são achatadas para fora da unidade. O jogo com quatro modos de jogo que são chamados de Levels, Clássico, Party e Extreme. Levels é o principal jogo de Simon Swipe. O jogador tem que passar por todos os 16 níveis para vencer o jogo. Classic, Party e Extreme se concentram em um padrão ficando mais e mais complexo até que o jogador perca. Uma versão menor do jogo chamado Simon Micro Series foi introduzido no outono de 2014. Esta versão tem apenas dois modos de jogo chamado Solo e Pass It e dispõe de 14 níveis e quatro botões. Há também uma versão de Simon criado pela Basic Fun, que é conhecido como o Simon Touch. Esta versão possui uma tela de LCD e toca melodias em partes específicas do jogo.

Em 2016, a Hasbro lançou o acompanhamento para Simon Swipe com Simon Air. O jogo foi anunciado na conferência de imprensa da Hasbro antes da Feira de Brinquedos de Nova York de 2016. Esta versão do Simon utiliza sensores de movimento, semelhante a como linha Loopz da Mattel de jogos. O jogo tem três modos de jogo: Solo, Classic e Multiplayer. O Simon Air foi lançado no final de maio, com mais varejistas que receberam unidades logo depois.

A versão clássica de Simon foi relançada com sua mesma estética original no Brasil e nos EUA, imitando inclusive a mesma caixa da época.

Algumas versões do jogo foram lançadas com mudanças nos tons sonoros, desde que você aperte o botão para baixo e continue pressionando. Outros modelos têm uma constante de tempo do som. Já outras versões mais caricatas apresentam temas de áudio: animais (gato / cão / de porco / vaca), xilofone, futebol, galáxia (sons espaciais), alguns dos quais (animais, futebol) fazem o jogo mais fácil de jogar. No entanto, outros podem ter a configuração de som com botão liga/desliga, tornando o jogo mais difícil, baseando-se apenas em indicações visuais.

Como jogar

O dispositivo tem quatro teclas coloridas, cada uma produzindo um tom particular quando é pressionado ou activado pelo dispositivo. Uma rodada no jogo consiste na iluminação de dispositivo para cima um ou mais botões em uma ordem aleatória, após o qual o jogador deve reproduzir essa ordem, pressionando os botões. Conforme o jogo avança, o número de botões a ser pressionado aumenta.

A partida começa com uma cor piscando e emitindo um som. Após o sinal sonoro o jogador deve apertar o botão da cor e luz correspondente. Depois uma nova sequência é apresentada: a cor se repetia, adicionando mais uma cor. O usuário deve repetir a sequência na ordem certa, e assim por diante. Errando uma cor na sequência o jogo acaba. Acertando todas as sequências, o Genius acende todas as cores e sons, indicando que você venceu o jogo.

Apesar do modo de jogo que todo mundo lembra ser o de acertar as sequências na ordem correta, o Genius trazia outros modos de jogo.  Eles podem ser jogados em quatro níveis de dificuldade, determinado pela quantidade máxima de sequências: 8 repetições, 14 repetições, 20 repetições e incríveis 31 repetições. A sequência mais longa ficava gravada no aparelho, permitindo que o jogador pudesse provar para os amigos que atingiu o nível máximo no jogo.

Siga a sequência

O modo mais conhecido e famoso deste brinquedo. O Genius começa uma seqüência e o jogador deve repeti-la. Caso o jogador erre, um som de erro se repete e a cor que você errou pisca intermitentemente. Caso o jogador demore para se lembrar e não aperte nada por 5 segundos, o mesmo acontece e é fim de partida.

Crie sua sequência

Neste jogo, o Genius só da o primeiro sinal. Depois disso o jogador repete e escolhe uma cor, criando sua própria sequência. Basta colocar o seletor de Jogo na posição 2 e apertar o botão de partida. O Genius começará a sequência e o jogador repetirá o sinal dele. Daí em diante o jogador criará a sequência, repetindo sempre as cores anteriores na ordem certa escolhida por ele. O objetivo, claro, é alcançar a maior sequência possível, como no primeiro modo de jogo, só que a diferença é que o usuário está criando a sequência. O jogador pode saber o tamanho da seqüência feita apertando o botão ‘Mais Longo’ e contar o número de sinais da última seqüência. Conseguindo 31 sequências, o Genius fará seis piscadas curtas indicando que o jogador chegou até o final. Pode-se jogar com 2 ou mais jogadores nesta modalidade: o jogador 1 repete o primeiro sinal do Genius e adiciona um. O jogador 2 repete os dois primeiros sinais e adiciona mais um, e assim por diante se tiverem mais jogadores. Quem errar, é eliminado, até sobrar apenas o vencedor, ou quem completar todos os níveis se sequência primeiro.

Escolha sua cor

Para este modo é preciso ter pelo menos duas pessoas e recomenda-se quatro. Coloque o seletor de Jogo na posição 3. Antes de começar a partida, cada um deve escolher uma cor. Será a cor do jogador durante todo o jogo. O Genius começa a partida normalmente, fazendo a sequência, só que cada um aperta somente sua cor, na ordem certa. Caso alguém erre, a cor que deveria ter sido escolhida pisca e é excluída da próxima rodada eliminando o jogador, ficando apenas 3 cores, 2, até sobrar só a cor vencedora. O Genius também vai dar os parabéns, com a seqüência de 6 sinais, mas desta vez apenas na cor do vencedor. Dica para jogar com 3 pessoas:Comece o jogo. Quando o Genius piscar uma luz, não repita. Esta cor será então eliminada. A partir daí é só cada escolher sua cor das 3 restantes e começar a partida.O mesmo vale para 2 jogadores.

Mercado

Simon estreou no mercado em 1978 ao custo de US$ 24,95 (equivalente a US$ 91 em 2015) e se tornou um dos mais vendidos brinquedos no Natal daquela época. A Atari, que viu sua ideia original do arcade sendo copiada para os portáteis, acabou lançando, no mesmo ano de lançamento do Simon, a versão portátil de Touch Me. A ideia era aproveitar o sucesso estrondoso de Simon. Curiosamente, Ralph Baer se vingava de Nolan Bushnell, fundador da Atari, que supostamente havia roubado a ideia do jogo Tennis para o Magnavox Odyssey em seu Atari Pong.

O design do produto, a referência afetiva ao jogo “Seu mestre mandou” e a criatividade em desenvolver formas diferentes de brincar com Simon tornaram o aparelho um item de colecionador obrigatório e uma peça da história da nossa cultura. Simon foi anos mais tarde re-lançado pela Hasbro – na sua forma circular original, embora com um casco translúcido em vez do tradicional preto liso. Ele também foi vendido como uma versão frente e verso chamada Simon Squared, com o lado reverso com oito botões, e como um chaveiro (oficialmente licenciado pela Fun4All) com uma jogabilidade simplificada.

Outras variações do jogo original foram produzidas logo após o lançamento de Simon em 1978, incluindo o jogo de bolso Simon e Super Simon, ambos de 1980. Finalmente, a Nelsonic lançou uma versão oficial do relógio de pulso de Simon. Como dito anteriormente, a franquia Simon permitiu a criação de dezenas de versões licenciadas do produto. Simon ainda é vendido nas lojas de brinquedos, com diversas roupagens.

Clones

Touch Me da Atari.

Como um jogo popular, Simon inspirou muitas imitações. A maior delas foi da Atari, que lançou uma versão portátil de Touch Me, em 1978, com botões coloridos e tons musicais mais agradáveis. O game tinha três variações de jogo muito similares ao Simon e quatro níveis de dificuldade, embora com limites de oito, 16, 32, e 99, em vez de oito, 14, 20 e 31 do Simon. A sua disposição de botões foi totalmente copiada no Simon, com o azul no canto superior esquerdo, amarelo, no canto superior direito, vermelho no canto inferior esquerdo, e verde no canto inferior direito, o mesmo layout do Simon só que virado de cabeça para baixo. As suas características únicas foram apenas um visor LED de pontuação, semelhante ao seu modelo arcade, e seu pequeno tamanho, semelhante a uma calculadora de bolso.

Outros clones incluem:

• Monkey See, Monkey Do, com aparência similar ao Simon, exceto pelo formato oval dos botões.
• Copy Cat da Tiger Electronics em 1979, relançdo com caixa transparente em 1988 com tons de campainhas.
  • Repaginado e lançado pela Sears como Follow Me.
  • Lançado como Copy Cat Jr. em 1981, e como Pocket Repeat pela Tandy Computers e Radio Shack.
• Castle Toy’s Einstein em 1979.
• Robô Percival, da Estrela, em 1980 – sua cabeça tinha o formato do jogo Genius/Simon.
• Space Echo (fabricante desconhecido).
• Uma versão com o tema de Star Wars com sons do R2D2 pela Tiger Electronics, 1997.
• Wizard da Vtech.
• IE-01 Ivolga da Soviet Elektronika, réplica exata de Simon.

Galeria

Curiosidades

• O lançamento do Simon se deu em uma festa na lendária discoteca Studio 54, em NY, no ano de 1978.
• A fase mais dificíl na versão original do brinquedo tem 31 repetições de luzes.
• No romance de 1987 de Stephen King The Tommyknockers, um jogo SIMON é esquecido, deixado no banco de trás de um carro e ativa-se sozinho e começa a funcionar de forma frenética e descontrolada, superaquece e derrete o seu invólucro, queimando o assento do carro. O motorista, surpreendido, joga o aparelho no chão antes de ficar em chamas.
• Há um aparelho Simon assinado por Baer em exposição permanente no Museu American Computer em Bozeman, Montana.

Ficha Técnica

Fabricante: Milton Bradley
Lançamento: 1978 (EUA)
Áudio: speaker interno
Controles: botões
Alimentação: pilhas

Referências

• Wikipedia
• The Video Game Explosion: A History from PONG to Playstation and Beyond

Atualiazado em 06/08/2018 por Daniel Gularte