Sumário
Come-Come é o nome do jogo para o Odyssey da Philips no Brasil originalmente criado para o Odyssey² da Magnavox nos EUA com o nome de K.C. Crazy Chase e na Europa como Crazy Chase. É um dos títulos de lançamento do console no Brasil e se tornou uma febre instantânea no país por se tratar de um jogo totalmente inspirado no famoso hit dos arcades Pac-Man. Curiosamente Come-Come é uma adaptação do segundo jogo desse estilo para o Odyssey.
Histórico
Após o sucesso de K.C. Munchkin! nos Estados Unidos, a Philips queria capitalizar a popularidade do personagem usando-o em outro jogo. No entanto, eles obviamente não queriam uma repetição dos problemas legais gerados pela primeira aventura do protagonista – A Atari havia movido um processo contra o jogo como plágio de Pac-Man e proibiu a produção e distribuição do game nos EUA, mesmo já tendo vendido centenas de títulos. Então o programador do primeiro jogo, Ed Everett – um dos mais importantes designers de jogos para o Odyssey – modificou bastante a jogabilidade do game para ser o mais diferente possível de Pac-Man, enquanto ainda mantinha o coração e estética de um jogo estilo labirinto exclusivo do Odyssey. O resultado foi um jogo com narrativa e objetivos que não levassem a ser um jogo copiado da Pac-Man, mas inspirados minimamente nele, chamado de K.C.’s Krazy Chase! e onde o foco do jogo não seria mais o de comer pontos na tela.
O Odyssey, quando foi lançado no Brasil em 1983, trazia um lote inicial de 15 jogos. Estes não apenas tinham manuais em português e caixas em acrílico, mas também seus jogos tinham seus nomes traduzidos para o nosso idioma e eram escolhidos dentro do catálogo de jogos da Magnavox/Philips. No caso dos jogos K.C. Munchkin! e K.C.’s Krazy Chase!, a estratégia da Philips brasileira foi de escolher a segunda aventura de K.C. e não a primeira muito provavelmente pelo fato do jogo já conter muitas atualizações e não sofrer com o plágio do primeiro game. Com o sucesso da fórmula de Pac-Man na indústria de jogos eletrônicos que já batia a porta do mercado nacional, seria natural que “K.C.’s Krazy Chase!” também fosse um dos games mais populares para o Odyssey no Brasil. Contudo, a pronúncia do nome original poderia ser uma barreira a essa popularização no país. Foi então que, durante uma reunião entre o gerente de produto da Philips, Carlos Alberto Cardoso, o gerente de propaganda da empresa, Milton Bonanno, e um engenheiro da empresa chamado Davi, o nome final surgiu. Após Bonanno perguntar a Davi sobre como funcionava o jogo, o engenheiro respondeu – “é um bichinho, ele vai num labirinto e come, come, come!”. Bonanno, então, respondeu: “Está aí o nome! Come-Come!”.
A decisão judicial de proibir a venda dos jogos da Philips se aplicou somente ao mercado norte-americano. No Brasil, tanto “Come-Come!” quanto sua sequência continuaram a ser vendidos e fizeram tanto sucesso que, assim como nos Estados Unidos, quando o Atari 2600 chegou em 1983, juntamente com o game “Pac-Man”, esse era constantemente chamado pelos jogadores de “Come-Come!”. No mundo inteiro o jogo também teve outros nomes e sempre se confundia com seu jogo inspirador, Pac-Man.
Título | Região | Publicadora | Número |
K.C.’s Krazy Chase! | U.S.A. | Philips | 9442 |
Crazy Chase | Europe | Philips | 44 |
Come-Come! | Brasil | Philips | 06 AV 9442 |
La Grande Chasse de Broyefer! | Canada | Magnavox | AC9442 |
- “Vimmattu Takaa-Ajo” – Finlândia
- “Supermampfers Rache” – Alemanha
- “Super Glouton” – França
- “Rattlesnake – Skallerormen” – Suécia
- “La Caza Loca” – Espanha
- “Gufferen og den skøre kålorm” – Dinamarca
- “Dolle Jacht” – Holanda
- “Crazy Chase” – Reino Unido
- “Caccia al Dragone” – Itália
- “A Perseguição Infernal” – Portugal
O jogo
Como todos os títulos de labirintos com itens para coletar, Come-Come é jogado em um espaço retangular. Os jogadores brasileiros são apresentados ao protagonista, K.C. Munchkin como novidade, contudo o personagem e o campo de jogo tem exatamente a mesma forma e dimensões jogo anterior, caracterizando assim a tentativa de atualizar as regras do jogo para ser diferente de mais um Pac-Man. Só que desta vez, K.C. rola ao invés de sair mordendo seu caminho ao redor do labirinto, de modo a não se assemelhar às animações de Pac-Man. Além disso, ele não come mais “pontos” – sua missão é mastigar o inimigo Dratapillar (para ser semelhante a Caterpillar – lagarta em inglês).
O chamado Dratapilar (a versão brasileira tem apenas um L) se assemelha apropriadamente a uma lagarta: seu corpo consiste em uma grande cabeça laranja seguida por uma longa trilha de segmentos circulares multicoloridos. Ele desliza pela tela, mastigando árvores verdes que crescem aleatoriamente entre as paredes do labirinto. K.C. também podem comer as árvores, mas valem poucos pontos e fazem com que o protagonista perca tempo. O contato com a cabeça do Dratapilar é mortal, então K.C. tem que se aproximar por trás. Ele também deve evitar o contato com duas criaturas chamadas Drats que se assemelham a pequenos monstros. Ao se comer um segmento do Dratapilar temporariamente torna os Drats brancos e vulneráveis. Se K.C. toca em um Drat neste período de tempo, o Drat “gira” no mesmo lugar e não pode causar nenhum dano por alguns segundos. Uma vez que o corpo inteiro do Dratapillar foi comido, um novo labirinto (e um novo Dratapilar) aparece.
K.C. ganha 1 ponto por cada árvore consumida, 3 pontos por cada segmento de Dratappilar comido e 10 pontos por cada Drat parado. Quando ele mastiga todos os segmentos de Dratapillar, ele ganha um bônus de 20 pontos e prossegue para o próximo estágio, com Dratapilar e Drats mais rápidos. O jogo oferece cinco labirintos pré-construídos e um modo de programação que permite aos jogadores construir seus próprios labirintos.
Os gráficos e o som mostram muita melhora em relação ao primeiro jogo. A animação é particularmente impressionante, especialmente pelos padrões do Odyssey². Os movimentos de K.C. são alegres e cheios de energia, e ele devora com entusiasmo os segmentos do Dratapilar e as árvores com uma série de mordidas rápidas. Enquanto isso, o Dratapilar está deslizando ao redor, mastigando árvores e às vezes até seu próprio corpo. Depois de terminar um lanche, o Dratapilar abre um sorriso largo e satisfeito – que rapidamente desaparece se K.C. come um de seus segmentos. A animação “giratória” dos Drats é simples, mas convincente, e a sequência da morte de K.C. é muito mais elaborada do que no jogo anterior – ele franze a testa, dá adeus e desaparece. O suporte de voz está presente nas versões internacionais do The Voice, mas é bastante fraco, consistindo principalmente em incentivos sonoros com frases em inglês apenas para distrair.
Come-Come! consegue manter a diversão básica de um título estilo ação-labirinto e se torna muito versátil em comparação com a mesmice essencial de Pac-Man. Os movimentos do Dratapilar e árvores que crescem aleatoriamente tornam cada labirinto sutilmente diferente, e a ação acelera com o tempo – elementos que se combinam para evitar que as coisas fiquem muito repetitivas.
Mercado
O lançamento do console de mesa e do jogo “Come-Come!” como um dos carros-chefe do aparelho levou a Philips brasileira a investir também em um boneco do personagem K.C. Munchkin, que só poderia ser adquirido mediante a compra de um cartucho do jogo e uma quantia adicional de dinheiro. Alguns destes bonecos também foram sorteados durante o “Realce”, programa de videoclipes musicais da TV Gazeta, exclusiva em São Paulo.
Come-Come! é considerado o maior jogo lançado pela Philips para o Odyssey no Brasil desde o planejamento do seu lançamento até a sua participação em campeonatos como o jogo mais procurado pelos jogadores. Adicionou substancialmente uma opção de jogo estilo Pac-Man com uma cara exclusiva e conseguiu, pelo menos até o final de 1985, sustentar o Odyssey como uma das boas opções de consoles de mesa no Brasil.
Curiosidades
- Curiosamente, “K.C. Munchkin”, primeiro game da série, chegou algum tempo depois ao Brasil, onde recebeu o nome de “Come-Come II!”.
- O jogo é o primeiro a oferecer a possibilidade de criar fases nos videogames.
- Ed Everett, programador do jogo, criou uma nova versão do jogo Chamado KC Returns para seu neto em 2015 – o jogo está disponível na Microsoft Store.
Ficha Técnica
Publicado por: Philips do Brasil
Lançado em: 1983
Plataforma: Odyssey²
Designer: Ed Averett
Taxonomia: Labirinto
Mídia: cartucho
Modos de jogo: 1 jogador
Controles: joystick
Referências
Wikipedia
Odyssey Mania
The Odyssey Homepage
1983 + 1984 e Mais – Marcus Garret