Sumário
Come-Come II é o nome utilizado no Brasil para jogo Munchkin, cartucho número 38 da linha de jogos oficiais da Philips para o Philips Videopac e na América do Norte para o Magnavox Odyssey² era chamado de K.C. Munchkin! Projetado e programado por Ed Averett, Munchkin é fortemente baseado no jogo arcade de 1980 da Namco, Pac-Man, mas não em um clone direto. Foi, no entanto, semelhante o suficiente para a Atari processar a Philips e forçá-los a interromper a sua produção.
Histórico
K.C. Munchkin! é provavelmente o mais famoso (ou infame) jogo para o Odyssey². Capitalizando a histeria em massa após o lançamento do arcade Pac-Man, K.C. Munchkin! apresenta uma pequena criatura peluda com uma boca enorme correndo ao redor de um labirinto comendo pontos enquanto é perseguida por criaturas parecidas com fantasmas. No seu lançamento em 1981, K.C. Munchkin! foi o único jogo estilo Pac-Man para consoles domésticos. Isso irritou a Atari, que havia comprado os direitos de Pac-Man um ano antes, licenciando a empresa com exclusividade para produzir a primeira leva de jogos de consoles de mesa de Pac-Man, que demorava para ser lançado. A Atari inicialmente não conseguiu convencer um tribunal distrital dos EUA a suspender a venda de Munchkin, mas acabou vencendo o recurso mais tarde. Em 1982, o tribunal de apelação concordou que Phillips havia copiado Pac-Man e fez mudanças no processo indicando que “tendem a enfatizar até que ponto ele deliberadamente copiou o trabalho do Autor”. A decisão foi uma das primeiras a estabelecer como a lei de direitos autorais se aplicaria no design de software para computadores. A Atari ganhou a liminar proibindo a venda de K.C. Munchkin !, que mais tarde foi derrubada, e posteriormente confirmada, proibindo que K.C. Munchkin fosse vendido.
Depois de K.C. Munchkin! ter sido forçado a sair do mercado, a Philips lançou uma sequência/atualização chamada do K.C. Krazy Chase! que retrata implicitamente o conflito entre a Phillips e Atari, lançando o personagem K.C. Munchkin contra um inseto chamado Dratapillar, que muito se assemelha ao antagonista do jogo Centipede da Atari. No labirinto de K.C. Krazy Chase, o personagem K.C. Munchkin se aproxima e avança não comendo pílulas, mas devorando o corpo segmentado do Dratapillar. Reprojetado para evitar outra disputa de direitos autorais, o personagem K.C. Munchkin rola pelos labirintos de Crazy Chase sem o contínuo movimento de mastigação característico de Pac-Man.
Isso não parou milhares de cópias de Munchkin alcançarem jogadores de todo o mundo antes das decisões do tribunal. O jogo teve muitos outros nomes ao redor do globo, dependendo do modelo do console e país que foi publicado:
Título | Região | Publicadora | Número |
K.C. Munchkin! | EUA | Philips | 9435 |
Glouton et Voraces | Europa | Radiola | 38 |
Munchkin | Europa | Philips | 38 |
Munchkin | Europa | Siera | 38 |
K.C. Broyefer! | Canada | Magnavox | AC9435 |
A fúria da empresa de Nolan Bushnell nos EUA não afetou o lançamento do jogo no Brasil. O primeiro jogo lançado pela Philips no país, Come-Come! foi um tremendo sucesso e era baseado no título K.C. Krazy Chase! – a segunda aventura do personagem que tinha mudanças drásticas na mecânica em função da suspensão jurídica nos EUA, se tornando um dos maiores títulos do Odyssey. Come-Come II foi o relançamento do jogo em sua primeira versão, e como muitos jogadores brasileiros sequer conheciam a história, acharam a “continuação” em tanto estranha e simples.
O Jogo
Come-Come II se parece muito com Pac-Man, com algumas diferenças fundamentais. Basicamente o jogador controla K.C. Munchkin em um labirinto cheio de pontos para se comer e monstros para desviar/abater: os Munchers. As regras constitutivas do jogo possuem as seguintes alterações:
- Há apenas 12 pílulas (chamadas larvas) em cada labirinto, que começam em quatro grupos de três, mas se movem pelo labirinto de forma independente e em velocidades que aumentam à medida que cada um é comido. O último munchie se move na mesma velocidade que o Munchkin e deve ser interceptado em vez de ser seguido.
- As superpílulas são chamadas de petiscos piscantes porque piscam e mudam de cor.
- A caixa onde os fantasmas comidos se regeneram gira, então os fantasmas podem sair de qualquer lado. Além disso, o personagem do jogador é livre para entrar na caixa e, se estiver ligado, pode consumir novos monstros no momento em que eles se regenerarem. Embora a caixa esteja sempre no centro de qualquer labirinto, o design do labirinto permite que as paredes sejam colocadas contra a caixa, de modo que duplique como uma porta giratória e zona de perigo para passar.
- Há três munchers ao invés de quatro monstros fantasmas no jogo inspirado Pac-Man.
- Quando o Munchkin é morto pelos devoradores, o placar volta a zero.
Visualmente comparado com a versão do Atari 2600 de Pac-Man, Come-Come II tem menos objetos na tela de jogo, mas os renderiza com mais cor e animação. Outra inovação são os diferentes tipos de labirintos em que você pode jogar. Um labirinto contém paredes que periodicamente mudam de posição. Outro labirinto apresenta paredes que desaparecem enquanto K.C. está em movimento. O jogador ainda pode criar seu próprio labirinto usando o teclado, algo que nenhum console de mesa ainda tinha criado. A única limitação de Come-Come II é imposta pelas capacidades gráficas do Odyssey². Como a resolução da tela é ruim, o labirinto é um pouco pequeno. Mas isso ainda consegue ser muito superior à desastrosa adaptação para o Atari 2600 de Pac-Man pela Atari.
Mercado
O jogo foi lançado no Brasil ainda em 1983 como uma outra opção de jogo para o Odyssey, dada a pouca quantidade de títulos para o console frente ao recém-chegado Atari 2600. Confiando em sua fiel base de jogadores, o jogo foi anunciado na revista Odyssey Aventura n.2, que pode ser lida clicando neste link. Para tentar dar continuidade à narrativa do jogo, já que ele havida sido lançado antes de K.C. Krazy Chase, a equipe de marketing da Philips criou o seguinte texto:
Depois de derrotar a Datrapilar de Vênus e seus asseclas, no Come-Come I, você vai, agora, enfrentar três monstros perigosos, em um jogo ainda mais rápido e emocionante: o Come-Come II. Para ter forças de enfrentar e vencer os Monstros, sem ser devorado por eles, o Come-Come terá que comer uma das Prlulas de Energia, que piscam intermitentemente na tela. A cada pílula que o Come-Come engolir, os Monstros ficarão violeta, o que significa que, temporariamente, perderam seus poderes e poderão ser comidos, fazendo você marcar pontos. Mas seu contentamento vai durar pouco, porque o fantasma do Monstro que foi comido vai correr para o centro do labirinto, onde recarregará as energias e voltará à caçada com todo o vigor. Para ajudá·lo a marcar pontos, o Come·Come pode engolir biscoitos espalhados pelo labirinto, enquanto foge dos Monstros. E sempre que comer todas as pílulas de Energia e os Biscoitos, eles voltarão, para poder continuar o ataque aos Monstros e marcar pontos, além de ganhar bônus. Mas, muito cuidado, toda vez que isto acontecer, a ação vai se tornar mais rápida e perigosa, com os Monstros ainda mais vorazes, tratando de acabar com o Come-Come. Por isso, escolha um dos muitos labirintos diferentes e participe de mais esta sensacional aventura do Come·Come, na sua luta constante pela sobrevivência.
A recepção do jogo no Brasil não foi tão grande, uma vez que Come-Come II possui mecânicas muito inferiores comparado com o título anterior. Contudo era mais um título para se colecionar dentro do pequeno catálogo da Philips.
Curiosidades
- O nome do personagem é uma referência interna ao então presidente da Philips Consumer Electronics, Kenneth C. Menkin.
- Entrando em qualquer lugar onde o jogador possa estar seguro (sem se mexer) por um tempo, depois de alguns minutos, o som de “batida” começará a ser cortado mais e mais, e eventualmente o jogo ficará em silêncio.
- Às vezes, quando K.C. come uma pílula de energia, todas as pílulas restantes mudam 1 ou 2 pixels. Isso pode acontecer mais de uma vez; às vezes a última pílula pode ser tão baixa que K.C. não pode pegá-la na direção horizontal, porque vai estar abaixo dele.
- Na propaganda brasileira do jogo, K.C. Munchkin é chamado de “Gulosinho”.
Ficha Técnica
Publicado por: Philips do Brasil
Lançado em: 1983
Plataforma: Odyssey²
Designer: Ed Averett
Taxonomia: Labirinto
Mídia: cartucho
Modos de jogo: 1 jogador
Controles: joystick
Referências
Wikipedia
Odyssey Mania
The Odyssey Homepage
Experiência Odyssey (arte original de Ricardo Silva)
Atualiazado em 16/08/2018 por Daniel Gularte