Sumário
Double Dragon é uma conhecida franquia de jogos de arcade dos anos 80 que teve sua adaptação feita para o Family Computer pela empresa Technōs Japan em 1988. Criado por Yoshihisa Kishimoto, que adaptou os conceitos do seu primeiro jogo, Nekketsu Kouha Kunio-kun, a partir de suas frustrações amorosas e conflitos na escola, apresenta no universo de Double Dragon um futuro pós-apocalíptico derivando as estéticas de filmes como Operação Dragão, The Warriors, Mad Max e Hokuto no Ken e as narrativas que quebravam o romantismo de heróis que salvam princesas para um nível mais realista. Contudo, as diversas limitações do NES fizeram com que os desenvolvedores da Technos adotassem soluções criativas para continuar a apresentar Double Dragon como os fãs gostam.
Histórico
O grande hit da imaginativa ideia de Yoshihisa Kishimoto já estava fazendo grande sucesso em 1987, quando a jovem equipe da Technos recebeu demandas de adaptar o jogo para múltiplas plataformas, incluindo PCs e consoles de mesa. Double Dragon era um jogo que demandava extremo processamento e memória de um arcade profissional, e por muitas vezes estúdios negociavam o direito de publicar Double Dragon na promessa de deixar o jogo perto da sua versão de arcade.
Contudo Double Dragon foi apenas o segundo jogo que a Technōs desenvolveu para o NES (o primeiro foi Renegade, também de Kishimoto), e serviu como um grande teste para a equipe, que montou um protótipo utilizando o máximo da capacidade do console.
Durante o desenvolvimento do jogo era claro que deveria existir um modo para dois jogadores, mas acredita-se que este modo foi supostamente omitido por causa da inexperiência dos programadores com o hardware. Isso também explica o grande número de bugs e falhas dentro do jogo. Além disso, afirma-se que o “Modo B” existente no cartucho é o protótipo originalmente planejado para o jogo principal, em entrevistas com os programadores da época.
Essas limitações levaram a equipe da Technos se limitar a um jogo com apenas um jogador no comando e pouquíssimos inimigos simultâneos na tela. O visual do jogo teve que minimalizar os 384 tons de cor do arcade para 25 do NES. O jogo foi publicado para a Nintendo Entertainment System na América do Norte pela Tradewest, que recebeu a licença para produzir outras versões caseiras do jogo também, e pela Nintendo na Europa.
O Jogo
Double Dragon para o NES segue a mesma estética do seu homônimo nos arcades: membros da gangue Black Warriors sequestram uma moça chamada Marian, paquera de um dos irmão Lee, Billy, que vai em busca de resgatá-la. Os gráficos são impressionantes, mesmo para o NES. Os fundos fazem bom uso da paleta de cores limitada e também os sprites são bem definidos. A música é muito fiel ao game no arcade, mesmo com as limitações do hardware do NES. Os efeitos sonoros são tipicamente semelhantes a qualquer jogo do NES. Tudo isso contribui para uma experiência satisfatória, ou pelo menos melhor do que os outros consoles.
O jogador poderá escolher entre os modos de jogo A e B.
Mode A
A diferença mais notável que a versão NES tem do jogo de arcade está no modo A: a omissão do modo de jogo cooperativo para dois jogadores do fliperama em favor das jogadas alternadas. Por isso o enredo foi alterado como resultado dessa mudança – em vez de ter ambos os irmãos Lee como protagonistas, a versão NES tem o jogador controlando Billy Lee como o único protagonista, com Jimmy Lee, seu irmão, servindo como o antagonista e verdadeiro líder dos Black Warriors. De alguma maneira, essa narrativa resguarda o final surpreendente da versão do arcade, onde no modo de dois jogadores ambos deveriam lutar até a morte pelo coração de Marian, tornando-se inimigos. A equipe do jogo, para deixar clara essa mudança e até mesmo para não criar algum desculpa (como ocorreu no manual da versão do jogo para o Commodore 64), colocou no manual do jogo essa narrativa, tirando um dos elementos surpresa para o final do jogo.
Devido a limitações técnicas do NES que não foram resolvidas durante a programação, o jogo só pode gerar dois inimigos simultâneos na tela para confrontar o jogador e ambos os inimigos precisavam ser o mesmo personagem. Além disso, todas as armas na tela (incluindo as carregadas pelo jogador) desaparecem quando um grupo de inimigos é derrotado. Uma grande inovação foi o sistema de progressão para o jogador que também foi implementado. O jogador começa o jogo com apenas os socos básicos e pontapés disponíveis para seu personagem, ganhando os golpes mais poderosos depois de adquirir os pontos de experiência necessários para usá-los. Quando os movimentos de Billy aumentam de nível, pode-se ter o chute voador (ambos os botões precisam ser pressionados para executar isso, o que é outro ponto negativo) e se desenvolvem movimentos importantes da franquia como o de agarrar apenas mais tarde. O jogador tem um total de sete níveis de habilidade que ele pode alcançar ao longo do jogo inteiro.
O design dos níveis são diferentes da versão do arcade, com algumas fases apresentando novas áreas (notavelmente a seção de caverna na Missão 3) que apresentam maior ênfase em saltar sobre plataformas ou evadir de armadilhas – porém a estrutura básica dos estágios do arcade é mantida, incluindo cercas que limitam a ação e escadas para subir. A maioria dos inimigos da versão arcade também aparece, com exceção de Jick e Jeff. Um novo personagem inimigo, um mestre de artes marciais chinês chamado Chin Taimei (encurtado para Chintai na versão localizada) serve como o chefe do segundo estágio e aparece como um inimigo menor pelo resto do jogo. A detecção de colisão nesse modo é satisfatória (especialmente com os chutes) e a ação flui muito bem durante o ataque às “hordas” de bandidos e depois ao chefe do final do estágio.
Para compensar a falta de sprites inimigos, os inimigos ficam substancialmente mais difíceis assim que você completa as primeiras etapas – para deixá-los diferentes esteticamente, a única opção era mudar a paleta de cores dos personagens. Também como possibilidade criativa, diversos personagens inusitados acabaram por surgir no jogo, batizados pelos prórpios jogadores, como é o caso do Hulk Abobo (Abobo da cor verde). A barra de saúde é generosa, mas é preciso reiniciar o estágio todo caso se perca uma vida. Esse modo de jogo também está repleto de pequenos bugs, como quando se está em uma escada e os inimigos que se aproximam descem a mesma escada e passam pelo jogador sem que nenhum ponto de vida seja perdido.
Mode B
A versão para o NES de Double Dragon apresenta um modo de jogo bônus (apelidado de “Modo B”), onde o jogador pode escolher entre Billy ou um dos cinco personagens inimigos (Will, Rowper, Linda, Chin e Abobo) do jogo principal onde o oponente é controlado pelo computador ou um segundo jogador em uma partida frente a frente. Nas partidas de um jogador existe um aumento de poder em favor do personagem controlado por computador, enquanto que certos personagens terão a chance de empunhar uma arma nas partidas de 2 jogadores. O modo apresenta sprites maiores, diferentes do jogo principal em si. Somente neste modo é possível jogar com dois controladores, e esse modo é tão limitador que ambos jogadores só podem usar o mesmo tipo de jogador ao mesmo tempo em uma luta.
Mercado
Double Dragon para o NES é a mais conhecida e competente adaptação do arcade até o final dos anos 80 e para muitos jogadores foi o primeiro contato com o universo de Kishimoto. Mesmo com tantos problemas e limitações, é um dos ports mais divertidos da franquia.
A versão para o NES de Double Dragon foi lançada para o serviço Virtual Console do Wii em 25 de abril de 2008 na Europa e em 28 de abril de 2008 na América do Norte. Também foi lançado na América do Norte em 12 de dezembro de 2013, para o Nintendo 3DS e o Wii U, embora na Europa, o primeiro tenha sido lançado em 5 de dezembro de 2013, enquanto o último foi lançado em 13 de março de 2014.
Mídia
Confira o Retroplay que fizemos em nosso canal no Youtube sobre o jogo:
Ouça a trilha sonora completa do jogo:
Curiosidades
- No final do estágio 1, onde se luta contra o Abobo, um caixote no fundo tem as iniciais “TJC”, que significa Technos Japan Corp.
- Como na versão de arcade, o tema de intermissão antes de cada estágio é tocado, mas é cortado em torno da marca de 6 segundos, então nunca chega a ser ouvido completamente pelos jogadores e pode ser ouvida acima na seção Mídia.
- Existem gráficos não utilizados para uma sequência de créditos ao fim do jogo. Na versão publicada, a cena de Billy e Marian reunidos é simplesmente seguida de um corte na tela do título. O jogo final possui um código que troca esses gráficos, mas, infelizmente, esse código tem muitos problemas, como o de um JSR inválido, o que provavelmente significa que ele foi abandonado algum tempo antes que o resto do jogo estivesse completo, e não há inicialização adequada para este código e sincronização com o sistema NMI atual, portanto, ele não pode funcionar na versão final como está. Além disso, há alguns erros nos recursos de texto com deslocamentos de dados ausentes e tamanhos de string errados ou ausentes.
- No filme O Gênio do Videogame (The Wizard), Jimmy é visto jogando a versão NES do Double Dragon em um arcade na rodoviária. Como este era um filme da Nintendo, então eles colocaram seu Double Dragon ao invés da versão original de arcade.
Ficha Técnica
Desenvolvido por: Technos JP.
Publicado por: Tradewest
Lançado em: 1988
Plataforma: NES
Designer: Yoshihisa Kishimoto
Taxonomia: Beat ‘em up
Modos de jogo: 1 jogador
Mídia: cartucho
Controles: joystick
Referências
Wikipedia
The Cutting Room Floor
Giant Bomb
Moby Games
Atualiazado em 28/08/2018 por Daniel Gularte
Excelente jogo, sendo que o ápice da franquia foi uma versão para Neo Geo, melhor do que o filme.
O Gênio do Videogame (The Wizard) é um clássico…lembro da cena do double dragon. bons tempos
Bons tempos!!!! joguei muito na versão arcade…tinha no buteco do seu Zé!!!! com o tempo comprei o top game e joguei a versão 8 bits da vida. Também joguei a versão master system, mega drive e super nintendo. Bons tempos mesmo. Lembro do filme em que muitas pessoas criticaram mal…saudades do filme e do jogo. Época boa era essa. A versão nes é a minha preferida. Com o tempo foram aparecendo jogos do Final fight, Streets of rage, rival turf e outros clássicos influenciados sobre esse jogo!!!! valeu