Sumário
Quando Contra foi lançado primeiramente para os arcades em 1987, possivelmente não se podia prever que a franquia duraria por tantas décadas e gerações de consoles. No entanto, a brutalidade com que o game apresentou um futuro distópico foi o suficiente para que se tornasse um dos preferidos entre os jogos de ação, em uma época em que a ficção científica era representada pela indústria cultural como caótica e incrivelmente pessimista.
Histórico
Na segunda metade da década de 1980, o NES/Famicom ainda liderava a popularidade entre os consoles, até mesmo diante do então poderoso Sega Megadrive (ou Genesis no Japão). Nesta época, a cultura pop disseminava os mais diversos tipos de conteúdo voltados à ficção científica, com grande apelo a narrativas relacionadas a invasões alienígenas, batalhas espaciais e possibilidades de um fim de mundo – geralmente, resultado de algum fator extraterrestre.
Entre alguns títulos de filmes da época relacionados à ficção científica “pessimista” que obtiveram grande sucesso comercial encontram-se O Predador (1987), Alien: O Oitavo Passageiro (1979), a trilogia original de Star Wars (1977-1983) e O Exterminador do Futuro (1984). Todos eles tinham algo em comum: alguma forma de ameaça que ia além do controle da sociedade, desde criaturas malignas que se alimentavam de humanos até governos autoritários controlados por máquinas. Não à toa, estes elementos comuns em obras de distopias rapidamente foram adaptados também aos videogames.
Por isso, Contra parece ter surgido no momento ideal, quando em 1987, estreou nos arcades pela Konami. Um ano mais tarde, foi portado para o NES. O diferencial de Contra diante da grande maioria de games de ação para consoles da época estava na possibilidade de se jogar em multiplayer cooperativo, sem que se precisasse alternar os jogadores, além de seu elevado grau de dificuldade.
O jogo
A versão de Contra para o NES sofreu uma reformulação em sua narrativa. Enquanto no arcade e no Famicom o seu contexto se passava na ilha fictícia de Galuga, no distante ano de 2631, a versão para o console norte-americano adaptou a história do jogo para o exato ano em que foi originalmente lançado, ou seja, em 1987.
No ano de 1957, um meteoro havia caído próximo a ruínas maias, na floresta amazônica. Trinta anos depois, descobriu-se que o meteoro trazia vida alienígena, que tomou conta dos humanos próximos à área de impacto. Esta vida inteligente, conhecida como Red Falcon, tomou controle das milícias locais e formou seu próprio exército, com o qual se pretendia dominar a Terra, e depois, o universo. Lance “Scorpion” e Bill “Mad-Dog” são os commandos convocados para neutralizar a ameaça – respectivamente, os heróis são fisicamente semelhantes a Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger, astros dos filmes de ação hollywoodianos da década de 80. O jogador 1 controla Lance, e o segundo, Bill (ingame, os personagens são idênticos, com diferença na cor de suas calças – ambos expõem o torso nu e uma faixa amarrada à testa).
O jogo é dividido em oito estágios. Enquanto o primeiro, quinto, sexto, sétimo e oitavo utilizam mecânica de rolagem vertical, o terceiro progride verticalmente; as segunda e quarta fases funcionam com um sistema de progressão 2.5D, em que o jogador avança para a frente. A arma padrão dos heróis é um fuzil semiautomático (ou seja, cada aperto no botão equivale a um disparo), mas o jogador pode adquirir outras destruindo cápsulas voadoras. Elas variam entre metralhadora, laser, lança-chamas e uma espécie de poderosa shotgun, além de powerups como invencibilidade, tiro rápido e a destruição imediata de todos os inimigos na tela.
Cada estágio do game é composto por diversos inimigos, entre humanos, alienígenas e máquinas, e ao final de cada um, o jogador deve derrotar um boss. Em certos estágios, há a aparição de semi-chefões, que podem ser tão desafiadores quanto os finais. Muitos dos inimigos retratados por Contra são referências a produtos da cultura pop da época, como os facehuugers de Alien: O Oitavo Passageiro ou até mesmo a gigantesca cabeça da última fase que lembra o antagonista do mesmo filme.
A dificuldade de Contra é única e o jogador conta com três continues de três vidas cada, mas pode adquirir outras vidas conforme aumenta a sua pontuação. O game é finalizado quando o(s) jogador(es) destroem o último boss, da oitava fase. Uma cutscene mostra os heróis fugindo em um helicóptero enquanto a ilha outrora dominada pela ameaça sofre uma explosão.
Música
A atmosfera de todo o jogo é reforçada pela trilha sonora tensa e obscura, que remete aos filmes de ação e ficção científica da época. Quase toda fase possui uma música exclusiva (com exceção das segunda e quarta, e primeira e sétima, que são respectivamente as mesmas), além da unicamente transmitida nos créditos finais. Há também músicas “curtas” para os chefões derrotados, para o último boss derrotado, para a introdução do jogo e para o game over.
Jungle | Base | Waterfall |
Snow Field | Energy Zone | Alien Lair |
Curiosidades
– Se desejar, o jogador pode inserir o “Konami Code” na tela inicial do game para adquirir trinta vidas.
– As quinta, sexta, sétima e oitava fases da versão de NES de Contra equivalem todas à quinta e última da versão para arcades.
– As versão europeia de Contra foi renomeada Probotector e teve seus frames remodelados. Os protagonistas e a maioria dos inimigos humanoides foram substituídos por robôs, principalmente devido às rigorosas leis de censura da Alemanha na época.
– Quando o protagonista é atingido pelo inimigo e “morre”, pode-se ouvir o seu grito, emitido por um tipo de voz sintetizada.
– Contra pode ser atualmente jogado em plataformas mais modernas, através do pacote Contra Anniversary Collection, disponível para Playstation 4, Xbox One, PC (Steam) e Nintendo Switch (eShop).
– A versão japonesa de Contra para o Famicom possui características adicionais à norte-americana, graças ao chip VRC-2 não comercializado no Ocidente. Nela, é possível visualizar um mapa que indica a posição do jogador, além de cutscenes não presentes na versão para NES.
Ficha técnica
– Desenvolvimento e publicação: Konami
– Lançamento: 09/02/1988
– Designers: Shigeharu Umezaki e Shinji Kitamoto
– Compositores: Hidenori Maezawa e Kiyohiro Sada
– Taxonomia: Ação lateral/vertical em 2D; 2.5D; Plataforma.
– Modos de jogo: 1-2 jogadores
– Mídia: Cartucho
Referências
– Contrapedia
– Manual original do Contra para NES, disponível em <https://www.thegameisafootarcade.com/wp-content/uploads/2017/02/Contra-Game-Manual.pdf>
– DE PAULA, Cássio R. Videogames e Ficção Científica: Representações sobre o futuro caótico nos jogos eletrônicos da década de 1980. Disponível em: <https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/caminhosdahistoria/article/view/3161>
Atualiazado em 18/12/2022 por Daniel Gularte
Talvez esse seja o jogo que mais zerei da época nes 8 bits da vida, lembro!!!! Lembro que jogava muito no meu Top Game Vg 9000 da CCE, também tinha o clássico Super Contra…ambos os jogos jogava sempre com amigos e fazendo aquela ¨manha¨de 30 vidas, já no Super Contra era apenas 10 vidas no Cheat!!!! Marcou muito o game em si, era o Crossover que nunca foi ao cinema e que muita gente ficava imaginando como seria Schwarzenegger junto com Stalone, seria mais ou menos Chuck Norris com Van Damme!!!!
Fui atrás da versão japonesa recentemente, nunca tinha jogado…tem gráficos mais caprichados em determinadas fases e algumas cutscenes que na versão americana não tem, sem contar que o final do jogo tem algo a mais em termos de final!!!! A verdade é que esse jogo era um crossover que muitos queriam ver em um filme…juntar Arnold e Rambo e um filme de ação juntamente com Aliens e predadores, seria interessante!!!! Isto é seria uma mistura de Comando para matar, Predador, Rambo e Alien…valeu!!!!