Sumário
Space Invaders é um jogo para os arcades criado por Tomohiro Nishikado e lançado em novembro de 1978. Ele foi fabricado e vendido pela Taito no Japão, e licenciado nos Estados Unidos pela Midway, divisão de jogos eletrônicos da famosa Bally. Space Invaders é um dos primeiros jogos de tiro: o objetivo é derrotar as ondas de alienígenas com um canhão laser para ganhar tantos pontos quanto possível. O jogo colocou Tomohiro Nishikado como um dos mais importantes designers de games da história, com um jogo que conseguiu, inclusive, redesenhar o mercado de games nos EUA frente aos futuros erros que destruiriam a imagem dos videogames no mundo.
Desenvolvimento
Vendo a simplicidade gráfica deste clássico arcade, fica difícil imaginar que demorou quase um ano para a produção ser concluída. O criador do jogo, Tomohiro Nishikado diz ter se inspirado pelo arcade Breakout (1976, Atari), de Nolan Bushnell e Steve Bristow (com toques e genialidade de Steve Jobs e Steve Wozniak), mas este está mais para outro sucesso da Taito, Arkanoid. A ideia do padrão de movimento de Space Invaders pode até lembrar Breakout, mas o objetivo é destruir os pequenos invasores que vão descendo cada vez mais rápido em sua direção.
Tomohiro Nishikado foi o criador e programador responsável pelo jogo considerado o ícone dos arcades. A primeira ideia do jogo, segundo o designer japonês, veio a partir de um sonho que teve sobre invasão de alienígenas, Toshihiro criou Space Invaders, em que uma bateria antiaérea controlada pelo jogador na base da tela atirava em alienígenas que se aproximavam da Terra.
Nishikado falou que, os planos iniciais eram de fazer um jogo sobre combates de veículos de guerra, e até uma matança de seres humanos foi cogitada, mas segundo ele mesmo, um jogo sobre matar seres humanos é uma ideia imoral. Foi decidido por um combate espacial quando ele estava lendo uma reportagem sobre um filme que seria um dos mais esperados daquele ano, Star Wars. Já a inspiração para os pequenos aliens, vieram de animais (lulas, carangueijos…) e da adaptação cinematográfica do livro “A Guerra dos Mundos” (H.G.Wells). Em entrevista ao Game Maestro, ele fala de suas referências:
As pessoas costumam dizer que há uma influência de Star Wars em Space Invaders, mas, para ser sincero, elas não estão realmente relacionadas. Era claro que era famoso no Japão e também havia uma novelização. Eu também adorava filmes ambientados no espaço sideral. No entanto, originalmente eu queria usar tanques para os inimigos. Mas a coisa sobre tanques é, se seus canhões não estão virados para frente, eu não acho que eles parecem legais. No jogo que eu queria fazer, os inimigos moviam-se horizontalmente (de um lado para o outro), o que significava que os canhões teriam que ser inclinados 45 graus para o lado. Então os tanques estavam fora de questão.
O jogo foi o primeiro a inserir um recurso interativo de recordes das partidas, estabelecendo um novo conceito social aos videogames: a possibilidade de um jogador bater o escore do colega. Deve-se lembrar que Space Invaders não adicionou a opção de colocar as iniciais do jogador em seu recorde ao final de uma partida. Coube ao jogo Star Fire da controversa empresa Exidy fazê-lo.
Com as ideias principais concluídas (que durou cerca de três meses) restava programar e construir o produto (o dobro do tempo da criação: mais seis meses). Em entrevista em comemoração aos 30 anos do jogo Nishikado confirma que criou inteiramente sozinho este grande título: programou, fez as artes, os sons e até projetou o hardware, o montando do zero.
“Sim, fiz tudo sozinho. Naqueles dias isso era padrão, para os jogos serem feitos por uma pessoa. Você economizaria nos custos de pessoal dessa maneira e, com as ferramentas sendo feitas à mão, custou quase nada.”
Um problema teoricamente pequeno mas que deu muita dor de cabeça a Nishikado foi o nome “Space Invaders”, que segundo o designer também não foi criado por ele. O título que ele tinha originalmente era “Space Monster”. No entanto, depois que o jogo foi concluído, a gerência de marketing da Taito disse que queria mudar o nome “Monster” para “Invader”. Sem saber os reais motivos, não havia nada que ele pudesse ter feito nessa decisão unilateral. “MONSTER” e “INVADER” têm o mesmo número de letras, então não foi uma coisa difícil mudar os caracteres na programação, mas depois que os avaliadores internacionais pediram para torná-lo no plural, “INVADERS”, adicionar uma letra extra significava mudar a programação, e segundo Nishikado, foi bem penoso mudar isso.
Uma Invasão… Literalmente
O jogo consiste em uma única tela com 55 invasores e seu personagens é sua nave que deve impedir que eles toquem na parte de baixo da tela.
Sua única arma é seu tiro e 3 barreiras de proteção que estão no cenário. Cada espécie de invasor vale uma quantia diferente de pontos, e algumas vezes um disco voador aparece e pode ser destruído para um bonus extra de pontuação. Como a maioria dos jogos da época com o avanço do jogador, tudo ia ficando mas difícil com o avanço do jogo, até a fatídica mensagem game over surgir.
Nishikado não tem problemas em revelar claramente que Space Invaders foi inspirado em Breakout. Dos aspectos mais interessantes que o jogo da Atari chamou a atenção do designer japonês foi o de o jogador não poder avançar para o próximo estágio até que se destruísse cada bloco. Os jogos anteriores não tinham esse conceito de “limpar a tela”. Nishikado também lembra de como o jogo fica mais difícil quando o último bloco fica realmente difícil de acertar, assim como a velocidade da bola que fica mais rápida. Essa jogabilidade é o núcleo de Space Invaders, e Nishikado tentou fazer um jogo com esses elementos, mas visuais melhores.
O jogo, por sua popularidade, desafiou jogadores a criarem suas próprias estratégias. Um famoso é o Nagoya Attack, descoberto por um jogador, e ninguém na Taito jamais pensara em uma técnica como essa. O fato de que os tiros dos invasores não machucariam o jogador na parte inferior da tela foi um erro de programação, segundo afirma Nishikado.
A ideia era também randomizar quando os discos voadores superiores apareceriam. Mas usar números aleatórios seria complexo, então Tomhiro Nishikado abandonou a ideia e fez os discos voadores aparecerem de acordo com o número de vezes que o jogador havia atirado. Como se esperava, os jogadores descobriram essa regra muito rapidamente.
Havia também uma técnica chamada arco-íris, onde os jogadores deixam apenas a linha inferior dos invasores vivos. Apesar de todos os testes que a Taito realizou para o jogo, eles nunca imaginaram que os jogadores deixariam apenas a linha de frente dos invasores vivos.
A máquina
Como os microcomputadores no Japão não eram poderosos o suficiente na época para realizar as tarefas complexas envolvidas no projeto e programação de Space Invaders, Nishikado teve que projetar seu próprio hardware personalizado e ferramentas de desenvolvimento para o jogo. Ele criou a placa principal usando novos microprocessadores importados dos Estados Unidos. O jogo usa uma unidade de processamento central Intel 8080, possui gráficos rasterizados em um monitor CRT e som mono instalado por uma combinação de circuitos analógicos e um chip de som Texas Instruments SN76477. A adoção de um microprocessador foi inspirada por outro jogo, Gun Fight (1975), adaptação da Midway do jogo feito em circuitos de lógica discreta chamado Western Gun de Nishikado, depois que ele ficou impressionado com os gráficos melhorados e a animação mais suave da versão da Midway. Apesar do hardware especialmente desenvolvido, Nishikado foi incapaz de programar o jogo como ele queria – a placa do Programa de Controle não era poderosa o suficiente para exibir os gráficos em cores ou mover os inimigos mais rápido – e ele considerou o desenvolvimento do hardware a parte mais difícil de todo o processo. Enquanto programava o jogo, Nishikado descobriu que o processador era capaz de renderizar os gráficos alienígenas com menos rapidez na tela. Em vez de projetar o jogo para compensar o aumento de velocidade, ele decidiu mantê-lo como um mecanismo de jogo desafiador.
Space Invaders foi lançado pela primeira vez no japão em um formato de mesa de coquetel (cocktail) com gráficos em preto e branco, enquanto o lançamento pela Midway estava em um formato de gabinete vertical. O gabinete cocktail era chamado de TT Space Invaders; o gabinete vertical usa tiras de celofane laranja e verde na tela para simular gráficos coloridos. Os gráficos são refletidos em um fundo pintado de uma lua contra um fundo estrelado. Mais tarde, os lançamentos japoneses usaram o celofane da cor do arco-íris, seguido por uma versão com uma tela colorida. A arte do gabinete do arcade apresenta grandes monstros humanoides que não estão presentes no jogo. Nishikado atribui isso ao artista baseando os designs no título original, Space Monsters, em vez de se referir aos gráficos do jogo.
Apesar de sua simplicidade, a música feita para Space Invaders foi uma das mais revolucionárias ideias para a indústria de jogos. Enquanto que a música para videogames anterior a Space Invaders era restrita ao início e o fim do jogo (ou seja, um breve tema introdutório com no máximo interlúdios), Space Invaders apresenta música contínua – o conhecido loop de quatro notas – por todo o jogo, ininterrupta durante o gameplay. Foi a primeira vez que elementos de efeitos sonoros e música foram sobrepostos para formar uma paisagem sonora. Os jogadores não apenas recebem feedback diretamente relacionado às suas ações através de efeitos sonoros; eles também recebem estímulos de uma forma mais sutil e interativa.
A música interage com a animação na tela para influenciar as emoções do jogador. O loop das notas musicais gera agitação e ansiedade, mas ao mesmo tempo desperta a atenção. Ao demonstrar que o som do jogo pode ser mais do que uma simples melodia para preencher o silêncio, Space Invaders criou um novo paradigma. músicas de jogos também se aproximam da arte. A música popularizou a noção de variabilidade – a ideia de que a música pode mudar de acordo com a narrativa em curso. A variável em Space Invaders (tempo) é reconhecidamente simples, mas suas implicações não devem ser subestimadas. Ao longo dos anos, estratégias análogas de variação seriam aplicadas ao pitch, ritmo, dinâmica, forma e uma série de outros parâmetros dentro das narrativas interativas, todos com o objetivo de acomodar o aspecto não-linear dos videogames.
No mais profundo dos níveis conceituais, seria difícil encontrar um jogo de fliperama influente para o início da história da indústria dos videogames como Space Invaders. Seu papel como precursor das técnicas fundamentais que viriam a moldar a indústria permanecem incontestadas. E seu sucesso garantiu a adoção dessas inovações pela indústria através dos anos.
Versões adaptadas do arcade para outros fabricantes (ou bootlegs) surgiram aos montes, seguindo o sucesso do game, para atender a crescente demanda mundial.
- Space Invaders (Logitec Co., Ltd.)
- T.T Space Invaders (Logitec Co., Ltd.)
- Space Invaders (Model Racing)
- Space Invaders Part Four
- Super Invaders (EMAG corp.)
- Super Invaders (Zenitone Microsec)
- Super Earth Invasion (Competitive Video)
- Super Earth Invasion (Electrocoin, Ltd.)
- Alien Invasion Part II
- Space War Part Three
- Invasion (Sidam)
- Invasion (RZ Bologna)
- Tilt Invader (NPS)
- Darth Vader (unknown)
- Clones list :
- Beam Invader (Tekunon)
- Pacom Invader (Pacom Corp.)
- IPM Invader (Irem)
- Cosmic Monsters [Upright model] (Universal)
- Cosmic Monsters [Cocktail Table model] (Universal)
- Cosmic Monsters 2 (Universal)
- Space Attack [Upright model] (Video Games, Ltd.)
- Space Attack [Cocktail Table model] (Sega)
- Space Attack [Upright model] (Sega)
- Space Attack [Counter model] (Video Games, Ltd)
- Space Attack [Cocktail Table model] (Video Games, Ltd)
- Space Attack II (Zenitone Microsec)
- Jatre Specter (Jatre)
- Space War (Sanritsu)
- Space King (Leijac)
- Space Intruder (Shoei)
- Shuttle Invader (Omori)
Mercado
Após o lançamento do arcade, aconteceu literalmente uma “invasão” de máquinas do jogo pelo planeta. Só no lançamento do jogo a Taito no Japão vendeu mais de 100.000 unidades. O jogo se instalou nos dois países, distribuídos pela Midway, e muitas outras, importadas clandestinamente para outros países mais remotos. O game arrecadou mais de US $ 600 milhões somente no Japão. Em 1980, a Taito vendeu mais de 300.000 máquinas de arcade de Space Invaders no Japão e para 60.000 máquinas nos Estados Unidos, onde os preços variaram de $ 2000 a $ 3000 para cada máquina. Em meados de 1981, as máquinas Space Invaders tinham arrecadado mais de quatro bilhões de dólares e continuavam a faturar uma média de US $ 600 milhões por ano até 1982, quando haviam arrecadado US $ 2 bilhões em trimestres. (equivalente a US $ 7,5 bilhões em 2018), com um lucro líquido de US $ 450 milhões (equivalente a US $ 1,69 bilhão em 2018). Isso tornou o videogame mais vendido do planeta naquela época (mais de 400 mil unidades) e o produto de entretenimento de maior bilheteria do seu tempo, com comparações feitas ao então filme de maior bilheteria Star Wars, que arrecadou US $ 486 milhões com um lucro líquido de US $ 175 milhões. Space Invaders deu lucros para a Taito de mais de US $ 500 milhões.
A importância para a indústria
Como um dos primeiros jogos de tiro, os Space Invaders criou precedentes e ajudou a abrir o caminho para futuros títulos e para o gênero de tiro. Popularizou um estilo de jogo mais interativo, com os inimigos respondendo ao movimento do canhão controlado pelo jogador, e foi o primeiro videogame a popularizar o conceito de alcançar uma pontuação alta, sendo o primeiro para salvar a pontuação do jogador. Embora os jogos de tiro anteriores permitissem que o jogador atirasse nos alvos, Space Invaders foi o primeiro em que alvos podiam atirar de volta no jogador. Também foi o primeiro jogo em que os jogadores receberam múltiplas vidas, tendo que repelir hordas de inimigos, podendo se proteger do fogo inimigo e usar barreiras destrutíveis, além de ser o primeiro jogo a ser usado uma trilha sonora de fundo contínuo, com quatro notas graves descendente diatônicas repetindo em um loop, que era dinâmico e mudava de ritmo durante os estágios, como um som de batimentos cardíacos que aumenta o ritmo à medida que os inimigos se aproximam.
Space Invaders foi o jogo de tiro espacial mais bem sucedido da história. A influência deste arcade gerou outros jogos clássicos como Galaxian e Galaga (Namco). Muitas publicações consideram que o mercado de games se expandiu graças a esta máquina. O lendário Shigeru Miyamoto considera que foi a partir de Space Invaders que os jogos se tornaram realmente interessantes, pois ele disse que ignorava os games antes disso. O maestro Tommy Tallarico(Orquestra Videogames Live) disse numa entrevista que apesar do jogo não ter uma música propriamente dita, o efeito dos invasores chegando que vai ficando mais rápido com o avanço deles foi um grande passo para o início da Game Music, pois tenta passar o clima de tensão da invasão pra o jogador.
Esse estilo “infinito” de jogo pode estar ultrapassado, mas um jogo tão importante nunca fica no vácuo, tanto que praticamente todos os consoles acabam ganhando conversões ou atualizações de Space Invaders, dentre todos podemos destacar Space Invaders Extreme(PSP, NDS) considerado o verdadeiro sucessor do arcade.
Space Invaders abriu as portas para o intercâmbio Estados Unidos/Japão. Consolidavam-se empresas japonesas como a Namco (com seu jogo Galaxian de 1979, tipo Space Invaders, primeiro jogo a ter realmente o sistema Red, Green, Blue (RGB) de cores, posteriormente Galaga, de 1981, também do mesmo gênero e logo depois Xevious, em 1982, o primeiro jogo de tiro com scroll vertical), Irem (Moon Patrol, 1982, primeiro jogo a utilizar o efeito paralax de movimento), SNK (Ozma Wars, 1979, o primeiro jogo a ter vários estágios diferentes), Technos, Konami (Scramble, 1981, primeiro jogo com scroll horizontal e precursor de todos os jogos de tiro desse gênero) e Sega (Zaxxon ,1982, o primeiro a apresentar a perspectiva isométrica na tela). Já do lado americano destacam-se a poderosa Williams (Defender, 1980, onde o jogador salvava astronautas enquanto é perseguido por alienígenas), Amstar (Phoenix, 1980, primeiro a apresentar um inimigo final em uma fase).
Outros jogos apresentaram novas técnicas de interatividade e propostas diferentes de narrativa. Utilizando-se da proposta inicial de Space Invaders e movimentações verticais ou horizontais, incluíam-se, ao invés de naves, seres humanos voando em backgrounds animados, ou então soldados atirando no inimigo. Apesar de insuficientes recursos de hardware, a criatividade dos jogos desse gênero foi muito bem explorada.
Ainda com características de atração para impressionar, os arcades da época eram em sua esmagadora maioria jogos de tiro. Ainda não estava claro para os produtores de jogos elementos motivacionais que poderiam ser estudados, pelo desconhecimento de game designers e deslumbre de jogadores.
Na Cultura
Space invaders iniciou a entrada do ideário criativo dos games dentro da Cultura. Junto com Pac-Man (que apareceria dois anos depois), Space Invaders é um dos jogos de arcade mais populares que exploraram a cultura popular e geraram emoção durante a idade de ouro dos fliperamas. Muitas publicações e sites usam o gráfico alienígena pixelizado como um ícone para games em geral, incluindo a revista de jogos eletrônicos Electronic Gaming Monthly, o site de tecnologia Ars Technica, o próprio Bojogá e o evento de concertos Video Games Live. Também houve merchandising com tema Space Invaders, incluindo colares, brinquedos e quebra-cabeças. A tendência continua até hoje, com objetos feitos à mão com personagens de Space Invaders.
O jogo (e referências a ele) costuma aparecer em inúmeras facetas da cultura popular. Logo após o lançamento do jogo, centenas de artigos e histórias favoráveis sobre a febre dos videogames popularizado por Space Invaders foram ao ar na televisão e foram impressos em jornais e revistas. O Torneio Space Invaders, realizado pela Atari em 1980 e vencido por Bill Heineman, foi o primeiro evento esportivo eletrônico e atraiu mais de 10.000 participantes, estabelecendo os videogames não só como um passatempo convencional mas um evento competitivo. A cerimônia do Arcade Awards foi criada no mesmo ano para homenagear os melhores videogames, com Space Invaders ganhando o primeiro prêmio de Jogo do Ano. O impacto de Space Invaders na indústria de videogames foi comparado ao dos Beatles na indústria da música pop. Considerado “o primeiro videogame de grande sucesso”, Space Invaders tornou-se sinônimo de videogames em todo o mundo por muito tempo.
A febre dos jovens da época por esse jogo, tanto no Japão, quanto nos Estados Unidos causou diversos efeitos na sociedade, alguns positivos e outros negativos. O sucesso levou o jogo a ser a primeira máquina de arcade comprada para ser usada fora de arcades, em locais como sorveterias e lanchonetes, de acordo com a revista Edge. Eram inclusive criadas lojas específicas para se jogar: os Space Invaders Cafés. Várias publicações atribuíram a expansão da indústria dos videogames de uma novidade a uma indústria global ao sucesso do jogo. Sua popularidade foi tal que foi o primeiro jogo em que o dono de uma máquina de arcade poderia compensar o custo da máquina em menos de um mês, ou em alguns lugares dentro de uma semana.
No Japão, as moedas de 100 Yens tiveram problemas de circulação durante um certo período, todas estavam em máquinas de Space Invaders. Afirma-se ser uma lenda urbana que a popularidade de Space Invaders levou a uma escassez de moedas de 100 ienes no Japão. Na verdade, a produção de moedas de 100 ienes foi menor em 1978 e 1979 do que nos anos anteriores ou posteriores. Além disso, os operadores de arcade teriam esvaziado suas máquinas e levado o dinheiro para o banco, mantendo assim as moedas em circulação. Relatos de pessoas que viveram no Japão na época indicam nada fora do comum – durante o auge da invasão do Space Invaders.
Foram registrados casos de jovens que roubaram seus pais para jogar Space Invaders. Relatos policiais nos EUA afirma que uma menina foi pega roubando $5.000 de seus pais e foram relatadas gangues de jovens que roubavam mercearias apenas para que eles tivessem dinheiro para jogar o jogo.
Um grande choque da cultura tecnológica aconteceu na época e Space Invaders foi usado como estopim. Muitos adultos conservadores não aceitavam o fato de jovens passarem tanto tempo nesse jogo. Um exemplo foram religiosos do Texas que tentaram banir o jogo, dizendo que era um instrumento para destruir a mente dos jovens. Dentro de um ano do lançamento do jogo, os órgãos regulatórios japoneses tentaram, sem sucesso, banir o jogo por supostamente inspirar a evasão escolar. Na América do Norte, os médicos identificaram uma condição chamada “cotovelo do Space Invaders” como uma queixa nos hospitais, enquanto um médico no New England Journal of Medicine nomeou uma doença semelhante como “The Space Invaders Wrist”. Space Invaders também foi o primeiro jogo a atrair controvérsia política, quando em 1981, instalou-se um “Controle de Invasores Espaciais (e outros Jogos Eletrônicos)” elaborado pelo parlamentar britânico George Foulkes, que tentou permitir que os conselhos locais restringissem o jogo e aqueles que gostam, licenciando por suas “propriedades viciantes” e por causar “desvios”. O deputado conservador Michael Brown defendeu o jogo como “prazer inocente e inofensivo” que ele mesmo usava e criticou o projeto como um exemplo de “crenças socialistas de restrição e controle”. Uma moção para trazer o projeto de lei ao Parlamento foi derrotada por 114 votos a 94 votos; o projeto de lei em si nunca foi considerado pelo Parlamento.
Desenvolvedores de jogos, incluindo Shigeru Miyamoto (criador de franquias incluindo Donkey Kong, Super Mario e The Legend of Zelda), Hideo Kojima (Metal Gear), e John Romero e John Carmack (Doom) citaram Space Invaders como as sua introdução aos videogames. Miyamoto considera Space Invaders o jogo que revolucionou a indústria de videogames. O criador de Deus Ex, Warren Spector, disse em entrevista sobre suas referências de jogos:
Space Invaders e jogos como ele representam as raízes de tudo o que vemos hoje nos jogos. Representa o nascimento de uma nova forma de arte que literalmente mudou o mundo. Space Invaders é importante como um artefato histórico não menos do que os filmes mudos do início do século XX ou dos primeiros livros impressos.
O jogo também é considerado o salvador do mini Crash dos videogames de 1977, causada pelos clones de Pong que inundaram o mercado e que o arcade deu início a idade de ouro dos videogames. Space Invaders provou que os videogames poderiam competir contra a maior mídia de entretenimento da época: filmes, música e televisão. Space Invaders iniciou boa parte do fenômeno dos arcades na América do Norte. A revista Times classificou Space Invaders como o número 1 em sua lista de “Os dez videogames mais influentes de todos os tempos” em 2007. O Guinness World Records listou-o como o jogo de arcade mais inluente em termos de impacto técnico, criativo e cultural.
Músicos buscaram inspiração para sua música através de Space Invaders. A Video Games Live performou o áudio do jogo como parte de um retro especial chamado “Classic Arcade Medley”. O pioneiro grupo de synthpop japonês Yellow Magic Orchestra reproduziu os sons de Space Invaders em seu álbum homônimo de 1978 e seu hit single “Computer Game”, o último vendendo mais de 400.000 cópias nos Estados Unidos. Outras canções pop baseadas em Space Invaders logo se seguiram, incluindo discos como Disco Space Invaders (1979) de Funny Stuff, e os hits “Space Invader” (1980) de The Pretenders, “Space”. Invaders “(1980) por Uncle Vic e o australiano “Space Invaders”(1979) de Player One (conhecido nos EUA como Playback), que por sua vez forneceu a trilha base para” On and Jesse Saunders “(1984), a primeira faixa de música house de Chicago. Em homenagem ao 30º aniversário do jogo, Taito produziu um álbum intitulado Space Invaders 2008. O álbum é publicado pela Avex Trax e apresenta músicas inspiradas no jogo. A loja TaitoStation também revelou um vídeo musical temático Space Invaders.
O jogo também é refenciado em livros, animes, pinturas de rua, propagandas de TV e nas mais diferentes formas. Uma muito curiosa é brasileira: Em 2014, dois zoólogos tupiniquins descreveram uma nova espécie de aracnídeo chamada Taito spaceinvaders Kury & Barros, 2014, inspirada no jogo por causa da semelhança de uma mancha no dorso do animal com o típico alien do jogo.
Várias séries de TV referenciam ou parodiam o jogo e seus elementos; por exemplo, Danger Mouse, That ’70s Show, Scrubs, [120] Chuck, Frango Robô, O Incrível Mundo de Gumball, Futurama. No cinema Space Invaders aparece no filme Pixels, e também fez uma aparição no filme Terminator 2: Judgment Day, de 1991, de James Cameron, enquanto seu jogo Deluxe fez uma aparição no filme Fast Times At Ridgemont High, de Amy Heckerling. Space Invaders também faz uma aparição no filme de 1987, Cherry 2000. Em 2014, Akiva Goldsman foi anunciado como o produtor de uma adaptação cinematográfica do jogo (que nunca mais teve atualizações).
Curiosidades
- Apesar de ser uma produção do Japão, a máquina foi produzida com computadores e processadores americanos (Processador Intel 8080).
- Originalmente foi lançado monocromático, um ano depois ganhou uma versão colorizada.
- Apesar de inferior, a versão de Atari 2600 ganhou estaque na época, e ajudou a vender muitos consoles e alavancar os jogos nessa plataforma.
- Assim como Tetris,foi feita uma versão humana de Space Invaders, que pode ser conferida aqui
Ficha Técnica
Produção: Taito
Distribuído por: Taito e Midway(EUA)
Produtor: Tomohiro Nishikado
Taxonomia: 2D / Tiro vertical
Jogadores: 1
Periférico: Joystick
Conversões para consoles: Atari 2600 (1978), Atari 5200 (1982), Emerson Arcadia (ALien Invaders – 1982), Atari XEGS(1983), Sega SG-1000 (1983), Nes (1985), Game Boy (1991), Sega Saturn (1996), Super Nintendo (1997), PlayStation (1999), Nintendo 64 (1999), Game Boy Color (1999), WonderSwan (1999), Nuon (2000), Game Boy Advance (2002), Sony PlayStation 2 (2003 e 2005), Nintendo DS (2005), XBOX (2005), PSP (2005).
Referências
Wikipedia – http://en.wikipedia.org/wiki/Space_Invaders
Arcade Story – http://www.arcade-history.com/
Culture Games
Shmuplations.com
Atualiazado em 23/11/2018 por Daniel Gularte
onde baixo jogos taito?
Muito bom! Joguei muito, brigava com meus irmãos para brincar com ele. Saudade do velho Atari!
Seria bom poder jogar pra matar o verme…