Quando lembro que Call of Duty Modern Warfare foi lançado em 2007, há quase um década, meu primeiro pensamento é sobre a juventude perdida que certamente não irei recuperar. Mas logo em seguida penso no quanto o gênero shooter foi moldado por esse clássico que marcou uma geração inteira de soldados virtuais. MW foi o ponto de largada para a estrondosa popularidade do modo multiplayer na franquia Call of Duty, e suas mecânicas e estilo de jogo serviram como inspiração para dezenas de outros shooters de sucesso, até os dias de hoje.
Ainda assim, tendo jogado Modern Warfare na época de seu lançamento e tento absoluta noção de sua importância, o choque que tomei ao explorar uma versão totalmente em HD do inesquecível mapa Crash durante meu teste multiplayer de Modern Warfare Remastered na Cod XP 2016* fez com que eu levasse um belo balaço na fuça. Não seria, nem de longe, o último headshot que levaria na partida.
O deslumbre é justificado. Apesar dos gráficos de última geração, Modern Warfare estava exatamente como eu o havia deixado anos atrás. A equipe do estúdio Raven fez um trabalho exemplar no desenvolvimento desse projeto, e levou o conceito de remasterização ao pé da letra: as armas, os perks, os killstreaks e os mapas foram reproduzidos com precisão milimétrica. Para quem jogou o shooter na época de seu lançamento, Modern Warfare remastered vai parecer um relançamento com gráficos melhorados, quase como se pudéssemos transportar o game para um novo console e retomar as nossas carreiras militares de onde paramos. Imagino que, para maior parte dos fãs da série Call of Duty, isso é exatamente o que era esperado.
Mas assim que equipei minha MP5 e parti para o combate, percebi o quão despreparado estava para encarar uma guerra contemporânea depois de tantos anos explorando futuros alternativos e altamente tecnológicos. Fui massacrado durante o teste. Mesmo em Overgrown, meu mapa favorito, não consegui fazer um bom trabalho. A ferrugem tem culpa, claro, e a habilidade notável de um sniper do time adversário que fez mais de 50 abates e morreu apenas 7 vezes também. Mas talvez meu principal adversário tenha sido o descostume com shooters em que não podemos deslizar, andar pelas paredes, soltar poderes especiais e dar um triplo twist carpado toda vez que apertamos A.
Destiny, Overwatch, Titanfall, Black Ops 3, Battlefront e tantos outros shooters recentes reprogramaram nossos cérebros para engajamentos mais dinâmicos, ágeis, frenéticos e caóticos do que os oferecidos em Modern Warfare — que, quem diria, era considerado o mais dinâmico, ágil, frenético e caótico shooter em 2007. Para quem não vem de Battlefield ou é veterano de décadas nos campos de batalha virtuais, é preciso pisar no freio antes de encarar Modern Warfare Remastered, e não sei se isso é algo que os mais jovens entusiastas do gênero estão dispostos a fazer.
Quase não consigo conter o riso quando imagino que a indicação de Modern Warfare Remastered é mais fácil para jovens fãs de games como Counter-Strike: Global Offensive e Rainbow Six Siege e não para os amantes de Advanced Warfare e Black Ops 3. O mundo dá voltas, e me faz repensar velhos conceitos e críticas defasadas que tinha em relação à franquia Call of Duty como um todo.
Todos que jogarem Modern Warfare Remastered terão que repensar um pouco aquele datado discurso de que todo Call of Duty é igual porque a série é anualizada. Modern Warfare Remastered é a maneira mais óbvia de explicitar as vantagens do design evolutivo da franquia e mostrar o quanto a série mudou na última década. Explorando essa recriação tão fiel de um título tão antigo da série, consegui ver com bastante clareza o quanto mudou entre o velho e o novo.
Modern Warfare está para Ininite Warfare assim como A Link to the Past está para Skyward Sword: os alicerces podem ser os mesmos, mas chega a ser difícil notar isso quando a decoração é tão drasticamente diferente. E eu, que nem era tão fã assim de Call of Duty desde que a série abandonou a Segunda Guerra Mundial (todos podem ter uma guerra favorita), passo a olhar para o trabalho da Activision, Infinity Ward e Treyarch com olhos menos cínicos e rabugentos. O mundo realmente dá voltas…
Mas o Juggernaut continua OP. Isso nunca vai mudar.
Atualiazado em 11/09/2016 por Daniel Gularte