Sumário
A incrível jornada dos jogos eletrônicos no Brasil tem, essencialmente, duas linhas do tempo que se entrelaçam. Uma delas, muito menos contada, trata do surgimento dos primeiros registros sobre a informática no Brasil, suas empresas e produtos. Neste artigo vamos apresentar uma cronologia com os principais acontecimentos dentro da linha do tempo dos computadores até o final dos anos 80, para que possamos definir onde e como se encaixam os primeiros jogos eletrônicos no Brasil para essas plataformas.
Anos 20 aos anos 40
Em 1917 iniciavam-se as primeiras operações com a informática no Brasil, através de um contrato de prestação de serviços com a empresa norte americana Computing Tabulating Recording Company, que em 1924, sob a liderança de Thomas J. Watson, seria registrada nos Estados Unidos como International Business Machines Corporation, a IBM. Neste mesmo ano a IBM foi autorizada a operar no Brasil por um decreto assinado pelo presidente Arthur Bernardes, sendo a primeira filial da multinacional no mundo. O trabalho da IBM ao longo dessa década era o levantamento estatístico, censo demográfico e outras sistematizações de dados, bem como a chegada das primeiras máquinas de impressão no país.
Já em 1939 foi inaugurada no Brasil a primeira fábrica da IBM fora dos Estados Unidos, localizada no bairro de Benfica, no Rio de Janeiro. Os centros das atenções da evolução da informática se voltavam para a IBM e suas operações, mas não seria ela a primeira empresa a ter efetivamente um computador em operação.
Anos 50
Até aqui, a informática no Brasil caracterizava-se pela importação de tecnologia de países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos. O processamento eletrônico de dados era realizado em máquinas computacionais de grande porte, localizados em grandes empresas e universidades, bem como em órgãos governamentais e agências de serviços.
1957
Apenas no final dos anos 50 chegaram os primeiros computadores no Brasil, como o UNIVAC-120, adquirido pelo Governo do Estado de São Paulo. O UNIVAC (UNIVersal Automatic Computer – Computador Automático Universal) foi o primeiro computador comercial fabricado e comercializado nos Estados Unidos,. Projetado por J. Presper Eckert e John Mauchly em 1951, na empresa Eckert-Mauchly Computer Corporation, foi usado inicialmente no Pentágono.
No Brasil esta versão do UNIVAC foi usada para calcular todo o consumo de água na capital. Ocupava o andar inteiro do prédio onde foi instalado. Equipado com 4.500 válvulas e pesando 13 toneladas, fazia 12 mil somas ou subtrações por minuto e 2.400 multiplicações ou divisões, no mesmo tempo. Anos depois o equipamento também foi adquirido pelo IBGE por quase 3 milhões de dólares, para processar dados do censo brasileiro.
1959
A IBM não ficaria para trás e logo em 1959 venderia para a empresa paulista Anderson, Clayton & Co. S.A. Indústria e Comércio um IBM Ramac 305, o primeiro computador do setor privado brasileiro. O RAMAC 305 foi o primeiro computador comercial que usou uma unidade de disco rígido com cabeça móvel (armazenamento em disco magnético) para armazenamento secundário e era usado nos EUA desde 1956, com unidades de teste já instaladas na Marinha dos Estados Unidos e em empresas privadas.
A sigla RAMAC significa “Método de Acesso Aleatório de Contabilidade e Controle”, pois seu design foi concebido pela necessidade de contabilidade em tempo real nos negócios. O computador tinha dois metros de largura, um metro e oitenta de altura, ocupava um andar inteiro da empresa. A empresa foi uma das primeiras fora dos Estados Unidos a usar esse computador.
Anos 60
Embora a predominância dos computadores de grande porte continuasse a desenvolver o mercado de informática no Brasil, aos poucos começou-se a desenvolver-se uma competência tecnológica nacional, a partir do trabalho das universidades e centros de pesquisa, assim como no ITA, na Universidade de São Paulo, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e a Universidade Estadual de Campinas. No início dos anos 60, os Estados Unidos também tinha uma forte força de trabalho em pesquisa e desenvolvimento na informática pelas suas universidades, patrocinados pelos militares. Os computadores construídos nesses espaços deram a luz ai primeiro jogo de computador programado da história, o “Spacewar!”, desenvolvido por Steve Russel para o PDP-1.
1961
A virada dos anos 60 veio com um fato importante para a informática no Brasil. Como Trabalho Final de Graduação do curso de Engenharia Eletrônica no ITA e com auxílio financeiro do CNPq de 350 dólares, quatro alunos, José Ellis Ripper, Fernando Vieira de Souza, Alfred Wolkmer e Andras Vásárhelyi, auxiliados pelo chefe da Divisão de Eletrônica do ITA e professor Richard Wallauschek, construíram o primeiro computador brasileiro, chamado de “Zezinho”. Com os recursos disponíveis não foi possível construir um computador com grande capacidade de memória, seu painel tinha dois metros de largura por um metro e meio de altura. Para este computador foram utilizados cerca de 1500 transistores e diodos de fabricação nacional, produzidos pela Ibrape, uma subsidiária da Philips. Zezinho tinha capacidade para fazer vinte operações. Era um computador didático, para uso em laboratório. Ganhou, entretanto, lugar na história como o primeiro computador não-comercial transistorizado totalmente nacional projetado e construído no Brasil, embora um sucesso, foi desmontado pelos alunos das turmas seguintes, que utilizaram seus circuitos para novas experiências.
1964
Até a tomada do poder pelos militares em 31 de março de 1964, quase nenhum fato relevante ocorreu na história da informática brasileira. Com o acesso dos militares ao comando do governo, surgiram novas necessidades decorrentes da missão institucional das forças armadas, entre elas garantir a proteção das instituições e a soberania da nação, a chamada segurança nacional, com destaque na necessidade de obter de informações, para pesquisa, controle e tomada de decisões por parte dos integrantes do governo. Essa necessidade de controle da informação fez surgir o SNI – Serviço Nacional de Informações.
O SNI gerenciava, com poder de polícia, todo o aspecto estratégico da política (ideológica entre outras) do Brasil daquela época, centralizando também o comando dos outros órgãos de repressão política. Ele por direta necessidade da missão para o qual foi criado, precisava contar com uma estrutura (técnica e administrativa) que prestasse de forma eficiente e segura as informações ao comando militar do governo, garantindo a segurança nacional. Dessa forma o governo federal precisava de um serviço de processamento de dados. Existiram também as questões da administração pública federal, como a folha de pagamentos do funcionalismo e o processamento do Imposto de Renda além do próprio Censo. Neste cenário, em dezembro de 1964 é criada, através de ato governamental, o SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados).
Anos 70
Na década de 70 importantes fatos levaram a um crescimento espontâneo e rico da informática no Brasil. Dentre elas, a criação de empresas que fabricariam computadores, videogames e jogos. As disputas do mercado de informática entre os agentes públicos e provados se acirravam mais, vislumbrando uma forte elevação dessa cadeia produtiva, que ainda não tinha acesso aos consumidores finais.
1972
No início dos anos 70 a Marinha brasileira, que desejava equipar sua nova frota com computadores nacionais, abre uma concorrência apenas com empreendimentos nacionais. Como o sistema de armas era controlado por computador, dominar a informática era prioridade de segurança nacional. Em Julho de 1972, quase dez anos depois do “Zezinho”, é construído no Laboratório de Sistemas Digitais – LSD da Escola Politécnica da USP o protótipo “Patinho Feio”, também como trabalho final de curso. O Patinho Feio é tido como o primeiro microcomputador desenvolvido no Brasil, e seu nome foi uma brincadeira com o projeto concorrente da Universidade de Campinas (Unicamp), que montou uma equipe para encarar o desafio da marinha e chamou seu projeto de Cisne Branco.
O Patinho Feio tem um metro de comprimento, um metro de altura, 80 centímetros de largura, pesava mais de 100 quilos e possui 450 pastilhas de circuitos integrados, formando 3 mil blocos lógicos distribuídos em 45 placas de circuito impresso. Sua memória armazena 4.096 palavras de 8 bits, ou seja, 4K. O Patinho feio foi o vencedor da concorrência e acabou ganhando o contrato, simbolizando o marco inicial na consolidação da indústria da informática no Brasil.
O interesse de vários segmentos da sociedade brasileira, notadamente os militares e a academia, buscando atingir melhor independência tecnológica para a informática brasileira, levou à criação, neste mesmo ano, da Capre (Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico), com o objetivo de propor uma política governamental de desenvolvimento do setor.
1974
Em 04 de julho de 1974 acontece a fundação da Dismac Industrial SA. Inicialmente aberta para a fabricação de máquinas de escrever e calcular, focando-se em aparelhos, peças e acessórios não eletrônicos para escritório, tinha como atribuição secundária a fabricação de equipamentos e periféricos de informática. Uma década depois, a Dismac estaria fabricando computadores pessoais e videogames no Brasil.
Neste mesmo ano surge o projeto G-10, na USP e na PUC do Rio de Janeiro, incentivado pela Marinha de Guerra, que necessitava de equipamentos para seu programa de nacionalização de eletrônica de bordo. Por causa disso oi criada a primeira empresa brasileira de fabricação de computadores, a Cobra (Computadores Brasileiros S.A.), uma estatal que recebeu a missão de transformar o G-10 em um produto nacional.
1975
Em Junho de 1975 é fundada e Scopus, uma das principais empresas de informática do Brasil. Foi criada por um grupo de ex-professores da Politécnica da USP, que trabalharam no desenvolvimento do minicomputador G-10. A empresa desenvolveu os primeiros terminais de vídeo nacionais.
Iniciou-se uma série de reinvindicações do empresariado emergente da indústria da informática no Brasil e o Governo, com suas ações que envolviam as universidades como um apoio garantidor das políticas protecionistas, incentivando o desenvolvimento científico em informática, principalmente. As diretrizes que emanavam desses órgãos científicos, como o CNPq (na época dos militares, foi o órgão executor responsável pela política científica nacional e suas ramificações), buscando o foco de compreensão da política científica e tecnológica brasileira dentro do pensamento estratégico e de segurança nacional, determinado pelos militares no poder.
Entraves também eram vistos com as políticas industriais, que olhavam apenas para a visão protecionista do país. Os empresários tinham dificuldades de apoio na transferência tecnológica e incentivos para o relacionamento e parceria internacionais. Ainda por cima, a visão das multinacionais ofuscavam vários empreendedores que não encontravam uma estratégia orquestrada pelo Governo nesse sentido. Mas isto não evitou que muitas coisas boas acontecessem nos anos a seguir.
1976
Em março de 1976, outra importante empresa foi fundada, a Prológica, em São Paulo. A Prológica seria um dos maiores fabricantes de equipamentos de processamento de dados do Brasil, entre eles o compitadores profissionais como o CP500, ambos micros de 8 bits. Mais tarde a Prológica também ficaria famosa com seus computadores domésticos como o CP200 a CP400. Já havia em circulação publicações sobre informática, como o DataNews, tabloide quinzenal especializado em informática, editado pela ComputerWorld do Brasil.
1978
Em 24 de Julho de 1978 é fundada na cidade de Porto Alegre a SBC – Sociedade Brasileira de Computação. A SBC é uma instituição acadêmica sem fins lucrativos que incentiva e desenvolve pesquisa científica na área da computação no Brasil. Dessa maneira, os principais patrocinadores da informática no país, militares e universidades, desprendiam esforços para consolidar a informática no Brasil.
Neste mesmo ano a empresa Philco/Ford lançava o primeiro videogame comercial do Brasil, o Telejogo, iniciando a onda de clones de Pong no país e apresentando oficialmente o videogame como tecnologia para o entretenimento. Com o telejogo, milhares de pessoas em todo o Brasil se interessaram pela microeletrônica, onde até cursos por correspondências eram vendidos. Aos poucos, a tecnologia computacional entrava nos lares em todo o território brasileiro.
1979
Foi em 09 de Outubro de 1979 que o executivo brasileiro criou a SEI – Secretaria Especial de Informática, ligada ao Conselho de Segurança Nacional, que é desde então, o órgão superior de orientação, planejamento, supervisão e fiscalização do setor. Após ampla reestruturação dos órgãos governamentais responsáveis pelo setor de informática, por causa da mudança da cadeira presidencial por João Figueiredo, o último presidente do período da ditadura militar, a Capre foi substituída pela SEI na formulação do que seria a Política Nacional de Informática, que geraria fortes impactos no desenvolvimento do setor no país.
A partir dessa data, a intervenção governamental no setor de informática foi intensificada, com a extensão de reserva de mercado para microcomputadores. Isto estimulou o crescimento da indústria nacional e a proliferação das empresas e dos profissionais em tecnologia.
Anos 80
Foi nos anos 80 que os computadores pessoais entraram nas residências e na vida das pessoas. Pela primeira vez um microcomputador brasileiro era vendido em um grande magazine, a loja Mappin da Praça Ramos, no centro da cidade de São Paulo. Na vitrine junto a eletrodomésticos, produtos de cama, mesa e banho, máquinas de escrever e calculadoras, era vendido o D-8000, o microcomputador da Dismac. A partir daí, crianças, jovens e adultos poderiam comprar um computador doméstico e entrar no universo da programação para diversos fins, inclusive jogos.
1981
Este ano foi marcado pela fundação da Microdigital, que na primeira metade da década de 80 se tornou o maior fabricante nacional de microcomputadores. A empresa foi famosa pelos seus micros da linha Sinclair como o TK-85, TK-90X e TK-95. A Prológica desenvolvia seu Sistema 700, microcomputador de uso profissional de 8 bits.
Em outubro de 1981, é lançada a revista MicroSistemas, primeira publicação brasileira dedicada exclusivamente aos microcomputadores. A revista continha matérias sobre a indústria e o mercado. Mas a parte mais interessante dela eram os programas de computador que vinham escritos para que os leitores pudessem escreve–los em seus próprios aparelhos.
Dos dias 16 a 23 de outubro do mesmo ano foi realizada a I Feira Internacional de Informática, no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, em São Paulo. O evento recebeu 117.253 visitantes e 183 expositores. Aconteceu paralelamente à realização do XIV CNI – Congresso Nacional de Informática. No mesmo dia do final do evento foi inaugurado o primeiro laboratório de microinformática no Brasil, instalado em uma sala na biblioteca da Faculdade de Economia e Administração da USP, com cinco microcomputadores D-8000, cedidos pela Dismac. O laboratório ficava aberto a todos os alunos da universidade.
1983
No ano em que era lançado o Atari da Polyvox, dando início a segunda geração dos consoles de mesa no Brasil, foi desenvolvido o primeiro jogo de computador brasileiro. Trata-se do jogo Aeroporto 83, do paulista Renato Degiovani, lançado em julho de 1983 por meio da revista Micro Sistemas. O game tinha compatibilidade com a linha de computadores Sinclair ZX81. Seus gráficos monocromáticos eram baseados em caracteres de texto. O objetivo do jogador era pousar um avião, representado pelo caractere “>”;, lançando bombas nos obstáculos para limpar a pista de pouso e concluir a aterrissagem. Renato Degiovani estava desenvolvendo o jogo Aventuras na Selva desde 1982, mas foi lançado um mês após Aeroporto 83 também para computadores ZX81, o tornando assim um dos primeiros desenvolvedores de jogos do Brasil.
1984
O Jogo Aventuras em Serra Pelada foi lançado pela revista Micro Sistemas
O dia 29 de outubro de 1984 ficou famoso por ter sido sancionada a Lei nº 7.232 que estabelecia os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Informática. Estava criada oficialmente a reserva de mercado de informática no Brasil. A Reserva de mercado em resumo impediu legalmente o acesso e a importação de uma determinada classe de produtos e bens de consumo com vistas à proteção e desenvolvimento da indústria nacional e incremento da pesquisa científica interna. A informática nacional chegou a atingir taxas de crescimento de 30% ao ano em meados da década de oitenta. O país alcançou em 1986 a Sexta posição no mercado mundial da informática, sendo o quinto maior fabricante; além do Japão e do E.U.A., é o único país capaz de suprir mais de 80% de seu mercado interno.
Para o desenvolvimentos de games no Brasil, podemos dizer que a Reserva de Mercado levou a uma série de consequências para os jogos de computador:
- Estimulou sobremaneira a pirataria de hardware e software, que foi explorado por empresas sem nenhum direito autoral;
- A linguagem Basic se tornou uma porta de entrada para programadores amadores, que começaram a programar jogos com a fácil oferta de computadores nacionais;
- A proliferação das publicações no segmento de informática, dando ênfase a material de criação de games;
- Desencadeou a criação de empresas de fundo de quintal, tanto em hardware como em software em todo o Brasil. Centenas de jovens começaram a programar jogos simples e complexos em escolas que abriam os primeiros laboratórios de informática.
1985
No mês de agosto de 1985 foi fundada a Gradiente Informática, fabricante do Expert, microcomputador de 8 bits da linha MSX. Este fato mudou bastante o interesse dos consumidores em computadores pessoais, migrando dos computadores baseados nas plataformas do TRS-80
Renato Degiovani foi convidado para relançar seu jogo Aventuras na Selva com o nome de Amazônia pela Ciberne Software, agora reformulado para oferecer um maior desafio para o jogador e desta vez totalmente escrito em Assembly para um melhor desempenho. A revista Micro Sistemas começava a receber cartas de outros desenvolvedores de jogos brasileiros, que gostariam de ver seus jogos publicados na revista. Paralelamente a isso, outros desenvolvedores procuravam lojas especializadas para lançar e vender seus games em fita K-7.
1986
É lançado o jogo Em Busca dos Tesouros, também na revista Micro Sistemas, como contribuição do leitor e programados Tadeu Curinga da Silva. É também lançado para o MSX pela Sysout o jogo Avenida Paulista, jogo de aventura em texto que recebeu elogios devido a sua criatividade com diversas ações.
Os desenvolvedores cearenses da PISC (Programas Inteligentes para o Seu Computador) lançavam o jogo Castelo Negro, com divulgação gratuita. Os cearenses ainda fariam historia quando uma pequena empresa da capital Fortaleza, desenvolveu o que foi o primeiro drive para MSX no Brasil, o DRX-180.
1987
É lançado o jogo A Lenda da Gávea, de Luiz Fernandes de Moraes, pela Stop. Entre os dias 24 e 27 de março de 1987 aconteceu a 1ª FENASOFT – Feira Nacional do Software, no Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro. As feiras de eletrônicos recebiam lojistas e desenvolvedores para lançar seus jogos.
Além dos jogos, os desenvolvedores brasileiros criavam seus próprios programas, como foi o caso da Fácil Informática, empresa desenvolvedora do editor de textos Fácil, fundada em 1987.
Anos 90 e uma nova esperança
No início dos anos 90 a tríade de computadores baseados nos modelos Sinclair TRS-80, ZX-Spectrum e Apple dava vez aos computadores MSX. Isso se acentuou mais por causa do fim da reserva de mercado, através da Lei Federal nº 8.248/91, que permitiu o livre acesso da mão-de-obra especializada a recursos laboratoriais de ponta, já consolidados, testados e aprovados em escala mundial e condicionou o investimento para novos projetos como contrapartida das empresas que se beneficiavam de incentivos fiscais concedidos ao desenvolvimento de produtos ou serviços com valor nacional agregado.
Era 1991 e os videogames estavam em alta, com lançamentos de personagens icônicos como Sonic, o porco-espinho da SEGA. Mas o brasileiro finalmente poderia ter acesso tecnologias mais modernas de computadores pessoais, como o Amiga, que já era bem famoso no fim dos anos 80, com o modelo Amiga 500. Jogos das plataformas antigas ainda eram desenvolvidos, principalmente com as mais novas capacidades do MSX através da Sharp do Brasil com o Hot-bit e a Gradiente com o Expert. Jogos como Taça Mágica, dos nordestinos da PISC, fez um grande sucesso, levando desenvolvedores apaixonados de games pensar em uma possibilidade de criar suas empresas e concorrer com jogos feitos no Sul e Sudeste do país.
Como o objeto daquele investimento tanto podia ser constituído por projetos próprios das empresas beneficiárias, como por grandes projetos ou programas propostos pelo Governo, o momento foi oportuno para uma mudança de foco da Política Nacional de Informática, de hardware para software, de produção doméstica para economia de escala e competitividade nos mercados nacional e internacional. Entrava em cena os computadores pessoais, os PCs. A partir daí uma nova geração de desenvolvedores de jogos iria aparecer.
Referências
Acervo histórico Bojogá
Wikipedia
Retrogamer Brazil
Retroplayer Brazil
Reinaldo Bogomolow – A reserva de mercado na área de informática na década de 70/80
Atualiazado em 07/02/2021 por Daniel Gularte
Leitura boa, uma verdadeira aula de História, muito bom!!!! valeu!!!!