O Sega Saturn foi um grande marco para a história dos vídeo games, foi um console com um grande potencial que com um hardware excelente estava destinado a grandes jogos, porém, decisões imprudentes transformaram o que deveria ser um console atraente em um pesadelo para alguns desenvolvedores.

Introdução

Em 1991, 3 anos após o lançamento do Mega Drive, boatos sobre seu novo sucessor, chamado Giga Drive, começarem a circular e causar certo reboliço no mercado dos jogos devido a informações de que ele teria consigo a nova tecnologia da placa System 32, que na época havia apenas sido introduzida nos fliperamas. Entretanto não foi até 1993 que surgiram as primeiras informações definitivas sobre o novo console da Sega. Informações vazadas revelaram ao público que o novo console se tratava de uma plataforma focada em jogos 2D.

Mas logo depois a Sony revelou as especificações técnicas do seu Playstation, causando enorme impacto na Sega ao saberem que seu concorrente tinha um hardware tão poderoso que os jogos 3D seriam a sua especialidade, coisa que na época era novidade nos consoles caseiros.

Em face deste obstáculo de proporções colossais a Sega toma uma série de medidas imprudentes, alterando de ultima hora o hardware de seu console para melhorar seu processamento de gráficos 3D para que pudesse assim competir com o Playstation. No processo foram adicionados novos processadores, CPU e até mesmo chips alheios que não foram projetadas para o console ou videogame. Isso transformou o Saturn em uma máquina assustadora para a época, infelizmente nos dois sentidos.

O console

Embora o console tivesse um hardware fenomenal a Sega não se preocupou em criar um Kit de desenvolvimento decente para o seu console, como resultado as desenvolvedoras por vezes tinham de programar o jogo em linguagens de programação de baixo nível, sendo assim um console extremamente difícil de se trabalhar.

Devido a esta dificuldade grande parte das vezes os jogos trabalhavam usando apenas um dos processadores do console, e dependendo dos casos as vezes era necessário até mesmo que os programadores reescrevessem parte, ou até mesmo quase todo o código do jogo para fazerem o port de seus games para o Saturn. Como resultado mesmo que o Saturn tivesse um hardware superior ao de seus rivais o seu resultado final não era necessariamente melhor.

Os consoles Saturn também tinham seus sistemas baseados em regiões, como por exemplo, a japonesa, a americana e a brasileira. Consoles japoneses rodavam apenas jogos japoneses e ambos os consoles americanos e brasileiros rodavam tanto jogos americanos como jogos brasileiros.

O modelo Sega Saturn m1 possuia um led que indicava a leitura do CD e botões ovais. O Saturn tinha uma proteção antipirataria muito eficaz e esse led era uma vantagem muito grande para se executar o Swap Trick, uma técnica usada para fazer o console ler jogos piratas.

Outra grande diferença técnica que o Saturn tinha em relação à concorrência era que o console usava quadriláteros para renderizar suas imagens ao contrário do padrão da época, o triângulo, o que causava menos problemas de distorção de texturas, mas que infelizmente aumentava ainda mais o grau de complexidade do videogame. Mas esta característica juntamente com a VRAM do console era um atrativo muito grande para os desenvolvedores de jogos 2D.

Jogos

O Sega Saturn possui jogos bem variados, indo do 2D ao 3D e até mesmo passando pelo 2.5D e mesmo tendo uma biblioteca de jogos limitada o console ainda teve jogos marcantes, como: Nights, Virtua Fighter 2, Virtua Cop 2, Panzer Dragoon, Sonic Jam, entre outros. Outro fator que limitou muito a biblioteca de jogos do console foi o fato de sua renderização ser baseada em quadriláteros, o que não incentivada as produtoras a fazerem ports de seus jogos para o console.

Entretanto o console brilhava mesmo era com os jogos em 2D, já que seu hardware originalmente foi feito para isso. Além disso, mesmo que o console tivesse uma arquitetura ruim quem sabia usa-la conseguia resultados muito bons, como no jogo Burning Crusaders aonde conseguiram criar um efeito de transparência real.

Mercado

Embora tenha sido um sucesso no Japão, o Sega Saturn acabou sendo um fiasco em nossas terras tupiniquins. O console chegou ao mercado brasileiro custando R$ 800,00, sendo extremamente caro em comparação com o salário mínimo da época que era cerca de R$ 74,00.

O console era poderoso, mas isso vinha com o custo de um sistema muito mais complexo, como resultado era muito mais complicado de se desenvolver jogos para o Saturn do que para os outros consoles da época.

Além disso, o console também tinha um sistema antipirataria extremamente eficaz, o tornando um console ainda menos acessível aos consumidores na época. O console somente se tornou mais fácil de adquirir depois de 1998 quando seu preço caiu para R$ 350,00. Estima-se que aqui no Brasil foram produzidos e vendidos pela Tectoy cerca de um milhão de unidades do console.

Curiosidades

• É dito que a Tectoy ao fazer a conversão do sistema de cores do console americano para o brasileiro acabou diminuindo a qualidade de cores da imagem do console.
• O Saturno recebeu esse nome em referência a sua mídia que seriam os CDs, fazendo uma relação com os anéis do planeta de mesmo nome.
• Durante o final de 1998 e 1999 a Tectoy parou de produzir o console e os importava diretamente da Sega no Japão. Por causa disso o Brasil é o único pais que recebeu modelos do console que eram exclusivos do Japão, como o Saturn na cor branca e o Saturn Skeleton.
• O joystick do console é considerado o melhor controle já feito para jogos de luta.

Ficha Técnica

Geração: Quinta
Fabricante: Tectoy
Lançamento: 1994
Controles: Dois joysticks
Mídia: CD
CPU: 2 Hitachi SH2 – 32 bits 28,6 MHz e 1 Hitachi SH1 – 32 bits 20 Mhz
RAM: 2 Megabytes
Resolução: 320×244, 640×224 e 720×576
Vídeo: VDP 1 e VDP 2 – 32 bits com 1,54 Mb de VRAM
Áudio: Yamaha FH1

Referências

Power Sonic FAQ sobre o Sega Saturn

Sega Saturn: Qual modelo comprar?

Sega CD e Sega Saturn

Sega Saturn, um video game injustiçado!

A história dos vídeo games #21