Sumário
O R-Zone é um console portátil originalmente desenvolvido pela Tiger Electronics nos Estados Unidos da América e o foi o primeiro console da empresa a utilizar cartuchos, visto que antes dele a Tiger trabalhava com sistemas de jogos eletrônicos LCD dedicados. A Tec Toy licenciou o produto para o Brasil e infelizmente o videogame foi bastante malsucedido e acabou sendo descontinuado, por motivos que iam desde a sua estrutura quanto ao momento do mercado onde foi inserido.
Histórico
Inicialmente projetado para satisfazer a busca pela “realidade virtual” da época, graças ao Virtual Boy da Nintendo e o Sega VR (que nem chegou a ser lançado para consoles), o R-Zone tinha como objetivo causar uma sensação de imersão dentro de um jogo. A ideia era apresentar imagens próximas dos olhos do jogador. Originalmente o projeto era de um console portátil acoplado à cabeça. O R-Zone foi apresentado pela primeira vez em fevereiro de 1995 na American International Toy Fair e foi lançado no final daquele mesmo ano
O projeto inicial do aparelho consistia em um design futurista e muito portátil. No design, uma espécie de monóculo preso na cabeça do jogador possuía uma pequena tela, que era posicionada na frente de um dos olhos; a segunda parte do videogame era o controle de jogo. Os games em si eram reproduzidos no visor, como uma projeção para dar a ilusão de se estar em um outro espaço fora de uma tela comum. Acredita-se que esse design diferente tenha sido criado para capitalizar a partir da febre do Nintendo Virtual Boy, recém-lançado e prometendo gráficos em 3D.
A inspiração foi tamanha que acredita-se inclusive que seu esquema de cores para apresentar os jogos (uma tela de tons vermelhos) foi escolhida justamente para fazer com que os consumidores achassem que os gráficos do R-Zone seriam próximos do Virtual Boy. Na época de seu lançamento o jornalista David Jones, do Chicago Tribune, escreveu duramente sobre o R-Zone:
Um desperdício de tempo e dinheiro…A tela é difícil de ver e os controles são muito estranhos. Isso não é tudo – se você continuar com a faixa da cabeça por, digamos, cinco minutos, você terá duas marcas profundas na testa e uma dor de cabeça…O R-Zone deve ser jogado na lata do lixo onde, ele pertence.
Já a Electronic Gaming Monthly (uma revista mensal de videogame norte americana) disse que o jogador leva um tempo para se acostumar com a tela que o R-Zone não tinha a mesma experiência imersiva do Virtual Boy. Contudo o R-Zone era bem mais barato e, diferentemente do Virtual Boy, mais portátil e acessível. Logo no início de 1996, quando compradores tiveram como usar o dispositivo por mais tempo, perceberam que não havia realidade virtual nem imagens 3D envolvidas nos jogos, e o dispositivo preso à cabeça estava causando dores de cabeça, tontura e dor nos olhos, além de ser bastante desconfortável e desajeitado de usar.
Além dessa versão e para minimizar o desastre do primeiro modelo, três outras foram adicionadas à família R-Zone posteriormente, como se fossem uma evolução do console: O R-Zone Super Screen, o X.P.G. Xtreme Pocket Game e o R-Zone DataZone. O console teve um curto período de vida, já que foi comercializado somente até 1997, sendo considerado um verdadeiro fracasso. E até hoje ele ainda é considerado um dos piores consoles já lançados da indústria dos jogos eletrônicos.
O Console
O videogame original consiste em induzir o jogador a uma suposta realidade virtual apresentada na pequena tela que era acoplada a um dispositivo na cabeça do jogador, sendo dirigido por um controle conectado por um fio a esse capacete. O controle possui dez botões (alguns deles difíceis de se alcançar durante o jogo), e era nele onde ficava a alimentação do aparelho, com quatro pilhas AAA.
Os problemas do console já começavam no próprio hardware. O R-Zone utilizava gráficos de LCD projetados através de luz na pequena tela a partir de seis led vermelhos em um filtro vegetal, o que fez com que os jogos desenvolvidos para ele fossem extremamente limitados e com qualidade ruim, utilizando esquemas de cores apenas em preto e vermelho. O resultado disso foi que, mesmo tendo grandes títulos licenciados para o videogame, praticamente não havia mudança de um jogo para o outro.
O R-Zone possui dez botões. Os botões “A”, “B”, “C” e “D” ficam à direita do controle. Suas funções variam de jogo para jogo, mas basicamente eles eram botões de ataque em quatro direções (“C” ataque à esquerda, “D” ataque na direção onde o personagem está, “B” ataque à direita e o “A” ataca ou não faz nada. Os botões na parte inferior são “ON”, “START”, “SELECT”, “SOUND”, “PAUSE”, e “OFF”, que são universais e não variam entre os jogos. O botão “ON” liga o console, mas geralmente não é utilizado pois a inserção de um cartucho de jogo liga automaticamente o console. O botão “START” é utilizado para iniciar todos os jogos. O botão “SELECT” escolhe um nível ou fase. O botão “SOUND” liga e desliga o áudio. O botão “PAUSE” pausa qualquer jogo. O botão “OFF” desliga o console. O R-Zone também possui um teclado direcional, que permite a movimentação nas quatro direções dentro dos jogos. Nas bordas inferiores do console encontram-se dois ajustes: na esquerda o ajuste de som e na direita o ajuste de brilho.
Os cartuchos de jogos R-Zone tinham o diferencial de serem transparentes no centro. Isso faz com que a luz passe e reflita na tela que fica sobre o olho do jogador. Partes diferentes da tela são escurecidas/clareadas em momentos diferentes para gerar a animação dos jogos. Os jogos mostram apenas uma cor: um tom de vermelho. O lado de baixo do console possui duas entradas (uma no lado esquerdo e outra no lado direito). Essas entradas são acessadas por uma chave de fenda e comportam as pilhas. Possui um único alto-falante, que é responsável pela saída de áudio mono.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Fabricante: Tiger
Lançamento: 1995
Gráficos: tela de LCD
Cores: monocromático (vermelho)
Áudio: speaker interno mono
Controles: botões
Alimentação: pilhas
Mídia: cartucho
R-Zone Tec-Toy
No Brasil o R-Zone foi distribuído pela Tec Toy em 1996. As primeiras unidades vendidas eram exatamente iguais ao modelo original da Tiger Electronics, mudando apenas a logo na frente do controle e os nomes de cada botão: LIGA, INÍCIO, SELECIONAR, SOM, PAUSA e DESL., deixando todo o resto igual, inclusive os dizeres da patente da Tiger e a fabricação na China. Provavelmente foram unidades compradas dos EUA, sem alteração no hardware e componentes, pois a Tec Toy ainda buscava fabricar esse portátil no país.
Logo depois, uma versão atualizada do R-Zone foi disponibilizada para o mercado brasileiro – essa versão é mais barata, usando apenas quatro LEDs em uma superfície refletora de vidro para projetar os jogos. Alguns detalhes visuais são adicionados, e o nome R-Zone na presilha da cabeça foi removido. Nas informações de fabricação todos os dizeres da Tiger deram lugar ao nome da Tec Toy, o que indica que essas unidades já eram fabricadas no Brasil.
Galeria
Ficha Técnica
Geração: segunda
Fabricante: Tec Toy
Lançamento: 1996
Gráficos: tela de LCD
Cores: monocromático (vermelho)
Áudio: speaker interno mono
Controles: botões
Alimentação: pilhas
Mídia: cartucho
R-Zone Super Screen
O R-Zone Super Screen, a primeira variação do R-Zone, foi lançado no final de 1996 nos Estados Unidos e foi uma resposta imediata aos grandes problemas causados pelo R-Zone, principalmente os de uso do aparelho na cabeça. Pela primeira vez os jogos para esse console possuiriam cores graças ao “Super Screen” – que nada mais é do que uma lente especial que permitia que alguns jogos ganhassem um fundo colorido não animado. Essa lente era acoplada ao jogo e inserido no console, onde o resultado já não era mais uma tela vermelha, mas com imagens em preto e fundo colorido.
Sua tela é consideravelmente maior que os outros modelos do console e ainda poderia ser reclinada; por conta disso e pelo fato das pessoas não terem que olhar em um ângulo preciso para jogar outras pessoas também conseguiam ver o gameplay.
Neste modelo o controle direcional único foi substituído por 4 botões direcionais independentes(cima, baixo, esquerda e direita). Por alguns meses tanto o R-Zone como o R-Zone Super Screen foram vendidos na mesma época, sendo que alguns cartuchos eram comprados com um bônus de tela de fundo colorido compatível com o Super Screen.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Fabricante: Tiger
Lançamento: 1996
Gráficos: tela de LCD
Cores: monocromático com tela de fundo colorida
Áudio: speaker interno mono
Controles: botões
Alimentação: pilhas
Mídia: cartucho
R-Zone X.P.G.
O R-Zone X.P.G. (que é uma redução do nome Xtreme Pocket Game, que também aparece no console) foi o nome dado à terceira variação do R-Zone, lançado em 1997 nos Estados Unidos. Essa é uma versão que transformou o videogame em um console totalmente portátil e bem menor do que seu antecessor.
O videogame tem o mesmo princípio do modelo original: produzir imagens que possam ser refletidas e ampliadas em outro espaço de tela. Agora os games projetavam o jogo diretamente em um espelho, o que o deixou mais confortável de serem jogados. Contudo se compararmos com o modelo anterior, o Super Screen, o XPG é um retrocesso, pois traz novamente os jogos em tons avermelhados e descarta completamente o uso das lentes de fundo coloridas usadas no console anterior.
Em termos de hardware é o mesmo R-Zone, com os mesmos controles, rodando os mesmos jogos e também usa pilhas AAA. O X.P.G. chegou muito tarde ao mercado e com uma proposta já antiga e que não agradou os consumidores dois anos atrás; o resultado foi que logo após seu lançamento a Tiger decidiu abandonar totalmente seu desenvolvimento.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Fabricante: Tiger
Lançamento: 1997
Gráficos: tela de LCD
Cores: monocromático (vermelho)
Áudio: speaker interno mono
Controles: botões
Alimentação: pilhas
Mídia: cartucho
R-Zone DataZone
O R-Zone DataZone foi lançado no final de 1996 nos Estados Unidos, embora não tenha sido planejado como um substituto para nenhum modelo do R-Zone. É mais outra versão do portátil, mas inclui uma agenda eletrônica, muito comum na época, com inúmeras funções. A diferença para os outros modelos é que ele não projeta mais a imagem através de um espelho, mas apenas a exibe com uma luz de fundo por trás. Ele usa uma bateria de relógio para armazenar os dados e 2 pilhas AAA para executar a parte do jogo. Esta versão é considerada a mais rara de se encontrar.
As funções do PDA estão descritas abaixo:
- Console R-Zone
- Agenda de telefones
- Notas
- Tarefas
- Aniversários
- Relógio
- Calculadora de 8 dígitos
Ficha Técnica
Geração: segunda
Fabricante: Tiger
Lançamento: 1995 (EUA) / 1996 (BRA)
Gráficos: tela de LCD
Cores: monocromático (vermelho)
Áudio: speaker interno mono
Controles: botões
Alimentação: pilhas
Mídia: cartucho
Jogos
Os jogos para o R-Zone variam apenas no título e no assunto ou narrativa, já que a jogabilidade deles é quase idêntica de um jogo para o outro. Esses jogos eram, na sua maioria, títulos licenciados, como: Batman Forever, Virtua Fighter, Mortal Kombat 3, VR Troopers, Indy 500, Star Wars e The Lost World: Jurassic Park. Esses jogos usam exatamente a mesma mecânica de um jogo eletrônico de LCD: os movimentos já são pré-definidos na tela e quando o jogador aciona um comando luzes acendem para indicar qual movimento foi acionado. De acordo com o conjunto de comandos ativos são calculadas as jogadas. Aqui segue uma lista parcial de jogos para este console:
- Apollo 13
- Area 51
- Batman & Robin
- Batman Forever
- Battle Arena Toshinden
- Daytona Racing
- Independence Day
- Indy 500
- Judge Dredd
- The Lost World: Jurassic Park
- Men in Black
- Mortal Kombat 3
- Mortal Kombat Trilogy
- NASCAR Racing
- Panzer Dragoon
- Primal Rage
- Road Rash 3
- Star Trek
- Star Wars: Imperial Assault
- Star Wars: Jedi Adventure
- Star Wars: Millennium Falcon Challenge
- Star Wars: Rebel Forces
- Virtua Cop
- Virtua Fighter
- Virtua Fighter 2
- VR Troopers: When Worlds Collide
Mercado
No natal de 1995 a Tiger lançou uma campanha publicitária agressiva e notadamente muito enganadora. O R-Zone foi anunciado como um console de realidade virtual e os clientes foram levados a acreditar que os sistemas eram capazes de produzir imagens em 3D. O console foi lançado a um custo de US$ 29,99 nos EUA e incluiu um pacote de jogos. Ao longo dos meses novos combos eram lançados com novos títulos junto ao pacote do console. Isso era possível por causa do preço extremamente reduzido do videogame em relação aos seus principais concorrentes. Com quase nenhuma avaliação disponível até então, o sistema se vendeu bem no Natal de 1995 nos EUA.
No Brasil a Tec Toy, em 1996, seguiu o mesmo padrão da estratégia de vendas da Tiger. Talvez tenha sido esse o maior erro das empresas: venderam em sua campanha publicitária imagens de jogos de outras plataformas (como imagens do jogo Mortal Kombat 3 para o Mega Drive), escondendo as reais imagens produzidas pelo console (ou pelo menos aparecendo muito pouco), e quando exibidas em comparação com as imagens publicitárias, pareciam figuras quase rupestres, frustrando compradores (os filmes publicitários não tinham nem 10% de imagens reais dos jogos rodando no portátil).
Curiosidades
- Mesmo usando a cor vermelha da luz produzida pelo console para se aproximar dos benefícios em 3D do Virtual Boy da Nintendo, ambos os consoles foram um fracasso no mercado.
- O site Games Radar apontou o R-Zone como um dos 10 piores consoles de video game já feitos no planeta
Referências
Wikipedia
Sega Retro
Videogame Kraken
TV Topes
Atualiazado em 07/07/2020 por Daniel Gularte
acrescentando uma informação
nas versões da tectoy, os r-zones eram vendidos com um jogo incluso, mas infelizmente este jogo só funcionava no console que ele era vendido junto, não aceitava ser colocado em outro console ou vive versa,
quando pedi emprestado um jogo do rzone do meu amigo ele não funcionou no meu e o meu jogo não funcionou no dele.
Interessante. Nunca tinha ouvido isso. Você lembra dos jogos? De repente era uma revisão com outros movimentos que o outro modelo não aceitava…