Sumário
Hoje em dia é possível jogar incríveis produções nos chamados smartphones. Entretanto, havia um tempo em que eles ainda eram chamados de celulares, e uma empresa queria dar uma passo à frente. Como foi essa história e como isso tudo começou? Vamos dar uma olhada no primeiro celular a prometer ser também um console, produzido pela Nokia: o N-Gage.
Histórico
Desde o início do século XXI a telefonia móvel e os consoles portáteis começaram a ganhar lugar nos corações das pessoas e mais espaço no mercado. Em 2003 a Nokia era líder de vendas em seu setor, conhecida por seus aparelhos resistentes e duráveis. Buscando novos horizontes tentou entrar no ramo de videogames. Nesta época as vendas do Playstation 2 estavam indo muito bem, o portátil da Nintendo, o Game Boy Advance, mostrava ser um produto lucrativo e os jogos Java começavam a ganhar seu lugar.
A aposta da Nokia foi o N-gage, console que prometia ser não apenas uma plataforma para jogos portátil, mas também, um telefone completamente funcional. Arriscado e inovador, ainda assim não conseguiu competir com o portátil dominante do mercado. O primeiro “smartphone” da Nokia também foi seu único console portátil.
O console
O Nokia N-gage foi anunciado oficialmente ao público em Maio de 2003 na E3 e lançado em 7 de Outubro do mesmo ano e prometeu ser o primeiro a reunir console, celular e player de mp3 em apenas um dispositivo.
Contava com uma tela de 2 polegadas no centro, a qual os usuários alegavam ser muito pequena, embora suportasse 4096 cores. Na esquerda do display há o botão para atender ligações e abaixo dele estão os botões direcionais logo acima de uma sequência de três botões: O player de música, o reprodutor de rádio e o botão padrão do sistema operacional Symbian. Logo abaixo estão os botões para selecionar a esquerda ou limpar seleção.
A direita da tela encontra-se o botão de desligar chamada acima do teclado numérico e abaixo dele estão os botões de seleção a direita e do lápis. Há um plug para fones de ouvido no canto inferior esquerdo e em seu lado direito estão os conectores para o carregador e o cabo USB, enquanto em sua direita está o botão de liga/desliga que precisa ser pressionado por alguns segundos para ligar o aparelho.
Atrás existe um grande botão que permite a retirada da tampa traseira do dispositivo, que uma vez removida dá acesso a bateria que deveria ser removida para trocar o cartão de memória ou o cartão SIM.
Não era pesado e seu design se encaixava bem na mão, embora fosse descrito como um dispositivo grande, apesar disso seu formato foi ridicularizado pelos usuários.
O N-gage possuía uma CPU de 104 MHz, relativamente superior ao processamento do gameboy, levando em conta sua multifuncionalidade. Seu sistema operacional é o Symbian OS v6.1, Series 60 v1.0 UI que passou a apresentar problemas de retrocompatibilidade com as versões futuras.
Um de seus problemas era o fato de que jogatinas demoradas consumiam muito da bateria, que durava em média três horas de ação ininterrupta. O sistema operacional da Nokia também tinha capacidade de executar emuladores de outras plataformas, nesses casos a bateria conseguia suportar 4 horas sem carga.
Jogos
O N-gage possui uma biblioteca de jogos bem pequena, contando, junto a seu sucessor, apenas 64 títulos no total e 58 sozinho. Entre eles estavam ports de franquias famosas e jogos originais como:
- Tomb Raider: Jogo de ação e aventura portado do PS1;
- Call of Duty: Famosa franquia de tiro em primeira pessoa.
- Tony Hawk’s Pro Skater: Simulador de skateboard protagonizando o famoso Tony Hawk.
- The Elder Scrolls Travels:Shadowkey: Jogo exclusivo do N-gage, desenvolvido e publicado pela Vir2l Studios segue a mesma linha dos jogos anteriores.
- Crash Nitro Kart: Jogo de corrida do famoso mascote da Sony, Crash Bandicoot.
- Bomberman: Jogo de estrategia que consiste em posicionar bombas para abrir caminho e derrotar rivais.
Mercado
O Nokia N-gage chegou às prateleiras por US$ 299 e no Brasil por R$ 1.700, um preço muito alto para um celular da época, porém, dadas as suas funcionalidades e de acordo com a empresa, o preço de fabricação deveria ser coberto.
Apesar da publicidade pesada da Nokia em revistas especializadas e televisão, aparelhos celulares eram um dispositivo usado na maioria das vezes para negócios e o mercado de games mobile não era tão desenvolvido neste período, isso aliado ao seu formato que acabou sendo ridicularizado por usuários e a falta de confiança de empresas terceiras e consumidores, como é exemplificado por sua escassa biblioteca de jogos, contribuíram para que o dispositivo não fosse um sucesso de vendas.
A produção de cartões MMC também era custosa e o espaço mal aproveitado e com o advento da pirataria esta não se tornou a mídia mais adequada para se obter lucro. Além disso, todos os jogos lançados tinham uma péssima resposta ao controle, pois o sistema Symbian não trabalhava bem com as respostas processadas pelos jogos em tempo real. Assim sendo, um celular muito grande, com formato estranho e feito para rodar jogos com fluidez pecou na usabilidade. Resultado: desenhou-se o maior fracasso da tão bem conceituada Nokia.
Novidades como multiplayer local via Bluetooth, download de aplicativos extras e a primeira rede global multiplayer a ser reconhecida não foram suficientes para desbancar o Game Boy Advance em vendas. A Nokia alegou por volta de 400,000 unidades vendidas nas duas primeiras semanas enquanto outras fontes apontavam 5,000 unidades nos EUA e apenas 800 no Reino Unido. Críticos sugeriam que a empresa estava contando com as unidades enviadas para retalhistas, a Nokia mais tarde afirmou ser verdade.
Em 2004 foi lançado seu sucessor, N-gage QD, que resolvia problemas relacionados a seu tamanho e formato, além de não ser mais necessário retirar a tampa traseira para inserção de cartões MMC. O N-gage foi descontinuado em Novembro de 2005, porém, a rede online só encontrou seu fim em 2009. Apesar disso o N-gage deixou seu legado no mercado mobile e graças a isso temos jogos com qualidade de console na palma de nossas mãos. Talvez, se a época e circunstâncias fossem outras, o dispositivo teria sido um sucesso.
Galeria
Curiosidades
- O jogo Sega Rally para N-gage foi lançado somente no Brasil e na Austrália.
- Seu formato e maneira de atender ligações geraram piada na internet, entre elas, pessoas tirando fotos com seus consoles de mesa junto a orelha, parodiando o uso do N-gage.
- N-gage é um trocadilho com a junção da letra N de Nokia e Gage, soando como “engage”, inglês para “engajar”.
Ficha Técnica
Nome: N-Gage
Geração: Sexta
Fabricante: Nokia
Ano de lançamento: 2003 (Mundial)
CPU: 104 MHz ARM 920T
Botões: Direcionais + Teclado numérico + Botões Especiais
Mídia: Cartões MMC
Jogo Famoso: Tomb Raider
Cores: 4096 cores
Som: Alto-falante Mono, Fones de ouvido Stereo
Tamanho/Peso: Tela 2,1’’, 137g
Portas I/O: Cartões MMC, Fones de ouvido, Carregador, Entrada para cartão SIM
Baterias: Bateria removível dLi-Ion 850 mAh
Fonte de energia: Adaptador externo (Nokia ACP-12X)
Referências
https://en.wikipedia.org/wiki/N-Gage_(device)
http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/10/n-gage-relembre-o-smartphone-e-plataforma-de-jogos-da-nokia.html
http://hirudov.com/misc/NGage.php
http://game-consoles.specout.com/q/49/2566/How-much-does-a-Nokia-N-Gage-game-console-cost
https://www.pricecharting.com/console/n-gage
http://www.geek.com/games/mini-review-hands-on-with-nokias-n-gage-55389
http://archive.fortune.com/magazines/fortune/fortune_archive/2003/12/08/355130/index.htm
http://www.gsmarena.com/nokia_n_gage-390.php
http://pdadb.net/index.php?m=device&id=902&c=nokia_n-gage__nokia_starship
http://www.theregister.co.uk/2003/10/23/nokia_figures_claim_massive_ngage/
Você NUNCA usou um N-Gage e escreve um monte de abobrinhas. O N-Gage tinha respostas excelentes aos controles, era completamente adequado a jogos portáteis. Não houve nenhum fracasso com o aparelho, tanto que teve atualização do N-Gage II e posteriormente todos os recursos foram reaproveitados no N-95, o maior sucesso da Nokia. A quantidade de jogos só foi pequena porque não houve tempo de desenvolver mais jogos, o N-Gage era um SMARTPHONE, e desde o início os smartphones possuem vida útil extremamente curta, com atualizações constantes, anuais.
Olá McBlob, tudo bem?
Devemos ser sinceros aqui. Tanto o N-Gage como todos os outros aparelhos da família Symbian tiveram a maldição de serem os primeiros a tentar dar multifuncionalidade a um celular. São pré-históricos e muito longe de serem smartphones, seja por sua arquitetura de hardware e software, seja pela pouca usabilidade e interoperabilidade, um princípio natural para qualquer produto dessa linha. O N-Gage é um marco, um elo perdido dessa história. No nossos post não colocamos opiniões sem fundamento dizendo que algo é bom ou ruim porque usamos ou deixamos de usar. Pesquisamos a história e os reviews das principais fontes da época. Para ilustrar, veja uma matéria sobre ele e tire suas conclusões.
https://www.techtudo.com.br/noticias/2013/10/n-gage-relembre-o-smartphone-e-plataforma-de-jogos-da-nokia.ghtml
Mais uma vez estamos nos atendo aos fatos documentais históricos. Um apaixonado por novidades na época certamente achou o N-Gage uma enorme inovação. Mas a história nos mostra que a tecnologia nos emociona também pelo uso, pela experiência do usuário e não apenas por emoções.
Um amigo meu teve um desses…ele instalou o emulador do mega drive e vi a li pela a primeira vez shinobi 3 sendo executado, bons tempos!!! quase comprei um, valeu!!!!