Sumário
Mais que um console; uma central multímidia. O CD-i player foi um aparelho idealizado pela Philips e comercializado por diversas empresas como Sony e Magnavox. Embora sua aparência pouco lembre um console, ele chegou a apostar fortemente neste mercado e foi anunciado em peso por sua fabricante. Apesar das tentativas da Philips, é considerado um dos piores fracassos da história do videogame.
Histórico
O CD-i player é um aparelho produzido pela Royal Philips Electronics N.V e pretendia oferecer mais funcionalidades que a maioria dos consoles e aparelhos de mídia da época por um preço menor. O padrão de mídia utilizado pelo console permitia um novo tipo de interação e prometia revolucionar o mercado de entretenimento.
Não apenas focado no uso doméstico, o CD-i recebeu diversas versões diferentes. A ideia era que não apenas famílias poderiam ouvir música, assistir vídeos e se divertir com jogos, mas, corporações poderiam usá-lo em suas atividades. Ele também foi um dos primeiros consoles a tentar integrar navegação web e jogos em mídia digital, prática que evoluiu aos tropeços para o que temos hoje.
Na época, a maioria dos consoles ainda usavam a tecnologia de cartuchos, sendo este o padrão mais aceito. Entretanto, a mídia de CD se tornava cada vez mais popular no mercado de entretenimento e a Philips apostou alto no lançamento do CD-i. Apesar disso, este console viria a ser conhecido como um dos maiores fracassos da história dos consoles.
O console
A Philips lançou diversos modelos focados em públicos diferentes, variando em suas especificações e aparência, são eles:
CD-i player 200 series: Inclui os modelos 205, 210 e 220. Esta série de produção era inteiramente focada para o consumo geral e estava disponível em boa parte das lojas de produtos eletrônicos. O modelo 205 é o mais básico desta série.
CD-i player 300 series: Inclui os modelos 310, 350, 360 e 370. Os aparelhos da série 300 foram pensados para atender as necessidades do mercado profissional e não estava disponível para o consumidor comum. Graças a sua fácil portabilidade, se tornou popular entre corporações que precisavam mostrar apresentações multimídia em suas vendas.
CD-i player 400 series: Inclui os modelos 450, 470 e 490. Essa divisão era uma versão diminuída do CD-i player e era focada no mercado educacional. Entretanto, a versão 450 foi pensada especificamente para competir com os consoles da época.
CD-i player 600 series: Série com o maior número de aparelhos, inclui os modelos 601, 602, 604, 605, 615, 660 e 670. Foi produzida visando não só o mercado profissional, como também os desenvolvedores de software. A maioria inclui suporte a disquete, teclados e outros periféricos. Alguns ainda têm funções de teste de software e debug.
O modelo que representa o CD-i no acervo do Bojogá pertence à série 200, focada no público doméstico. Ele apresentou aos lares um conceito relativamente novo, sendo um dos primeiros consoles a oficialmente oferecer conexão à internet e serviços relacionados. Seu sistema operacional foi baseado no OS-9 da Microwave Systems Corporation, idealizado para aplicações em tempo real.
Na parte posterior está a bandeja para discos junto com seu botão de abrir/fechar e um visor digital com um receptor infravermelho para periféricos. Ao seu lado estão os botões de controle de mídia. Abaixo estão as entradas para controladores de CD-i, uma saída para fone de ouvido junto a seu controle de volume. Há também os botões de Pause, Ligar/Desligar e Stop.
Atrás está a entrada de alimentação, além da porta de dispositivos seriais e saída para vídeo digital. Do outro lado estão as saídas de áudio, vídeo, seletor de canal e entrada para antenas de TV.
O CD-i teve diversos controladores, incluindo controles remotos, mouses, trackballs e um revólver de luz que vinha junto ao jogo Mad Dog McCree. O mais propício para jogos talvez fosse seu Gamepad que possui um D-pad, três botões e um interruptor para sua velocidade de resposta. Outros gamepads viriam a ser compatíveis com o aparelho futuramente.
Jogos
A tecnologia CD-i permite diversos tipos de interação, incluindo jogos em Full Motion Video(FMV) que explodiram no início dos anos 90. Seus títulos mais memoráveis são fruto da parceria entre Philips e Nintendo que não chegou a vingar. Esses jogos não tiveram apoio ou participação da Big N e são bem diferentes do estilo ao qual os fãs estavam acostumados. Entre os títulos marcantes em CD-i podemos citar:
Hotel Mario: Jogo de Puzzle estrelando o mascote da Nintendo, Mario. Apesar de ser o jogo mais vendido para CD-i, foi duramente criticado por especialistas e fãs. Neste jogo, deve-se fechar todas as portas em cada um dos 25 níveis para prosseguir.
Link: The Faces of Evil/Zelda: The Wand of Gamelon: Esses dois títulos são provavelmente os mais conhecidos dessa lista, hoje em dia. Foram lançados em conjunto e sua jogabilidade lembra bastante a de Zelda II, sendo um jogo de RPG-Plataforma com visão lateral. Embora as críticas não tenham sido tão duras, seu estilo de jogo é considerado tedioso e suas animações, terceirizadas por um estúdio Russo, viraram piada na internet, anos depois.
Dragon’s Lair: Primeiro jogo lançado em Laserdisc, também foi portado para a biblioteca do CD-i. Trata-se de uma sequência de animações nas quais o jogador deve fazer decisões para mudar o desenrolar dos fatos. A comédia presente no jogo foi bem recebida e ele foi portado para diversos outros consoles.
Burn-Cycle: Jogo de puzzle feito em FMV com cenários 3D pré-desenhados. Conta a história de um hacker que deve encontrar a cura para um vírus que infectou seu cérebro. Recebeu críticas positivas e é tido como um dos melhores jogos do CD-i.
Mad Dog McCree: Port do jogo de arcade. Feito em FMV, trata-se de um atirador em primeira pessoa. Para ser jogado ele necessita de um periférico chamado PeaceKeeper Revolver que foi comercializado junto ao jogo.
Mercado
Nos anos 90, a mídia de disco se tornava cada vez mais popular e iniciou uma tendência, também, no mercado de jogos. Com o lançamento do PC Engine, várias empresas voltaram suas atenções para a capacidade e eficiência destes discos. A Sega começou a trabalhar com CD-ROM graças a extensão Sega CD e, assim, diversos outros consoles similares começaram a aparecer nas prateleiras. Nesse ínterim, duas histórias se entrelaçam criando um cenário que futuramente daria luz ao CD-i player.
Nos anos 90, a mídia de disco se tornava cada vez mais popular e iniciou uma tendência, também, no mercado de jogos. Com o lançamento do PC Engine, várias empresas voltaram suas atenções para a capacidade e eficiência destes discos. A Sega começou a trabalhar com CD-ROM graças a extensão Sega CD e, assim, diversos outros consoles similares começaram a aparecer nas prateleiras. Nesse ínterim, duas histórias se entrelaçam criando um cenário que futuramente daria luz ao CD-i player.
Como evolução do Laserdisc, a Philips, em parceria com a Sony, desenvolveu o Compact Disc(CD). Ele era capaz de armazenar uma quantidade maior de mídia e suas ramificações logo tomaram conta do mercado. Uma delas, chamada de Compact Disc Interactive prometia um novo tipo de experiência interativa.
A Nintendo, buscando se adequar a concorrência, negociava com a Sony um dispositivo capaz de trazer a mídia em disco para o SNES. Este se tornaria futuramente o primeiro protótipo do que viria a ser o PlayStation. Também nessa época, a Philips oferecia um sistema similar para a Nintendo, alegando ser ideal para seu console. Durante essas negociações, a Sony resolve dissolver a parceria e decide focar na produção de seu próprio console. Com ela fora da jogada, a Philips se tornaria a parceira oficial da Nintendo.
Como o desenvolvimento do sistema de CD para SNES estava lento e aparelhos como o Sega CD e o 3DO se provaram fracassos para suas desenvolvedoras, a Nintendo resolveu abandonar o projeto. Então, após ser dispensada, a Philips juntou-se à Sony para desenvolver seu próprio sistema de jogos em CD.
Embora a origem de sua ideia remeta ao início dos anos 80, sua produção foi adiada devido a uma série de problemas, chegando ao público apenas em 1991 por um preço que variava entre $700 e salgados $1000, dependendo do modelo e local de compra.
Diferente dos seus concorrentes, a Philips anuncia seu novo produto como uma central multimídia para a família, empresas e crianças. Criando diversas versões a fim de segmentar o mercado. Apesar disso, o CD-i ficou mais conhecido pela sua biblioteca de jogos curiosa, que contava com títulos contendo personagens licenciados da Nintendo que a Philips manteu graças ao contrato anteriormente fechado entre as duas. Apesar dos personagens conhecidos, diversos problemas como o tempo de resposta do controle e jogos desleixados levaram o público a optarem pelos outros consoles disponíveis no mercado.
As vendas foram fracas e a Philips, para atrair um público maior, tentou reduzir o preço do CD-i player e apostar fortemente no mercado educativo e de consoles, não obtendo sucesso. O console foi descontinuado em 1998, tendo supostamente vendido cerca de 570 mil unidades e deixando sua produtora com um déficit de 1 bilhão de dólares.
Até hoje, o Philips CD-i é duramente criticado e constantemente mostra-se parte das listas de consoles fracassados e rejeitados pelo público. Apesar disso, anos depois, após o lançamento do PlayStation, GameCube e afins, a mídia de CD encontraria seu lugar como principal sistema de armazenamento de jogos.
Curiosidades
- A principal mídia do console também se chama CD-i.
- O modelo CD-i 910 é apenas a versão americana do CD-i 205.
- Um terceiro jogo do Mario foi planejado para a mídia CD-i, mas, nunca chegou ao público.
- Alguns modelos são difíceis de categorizar em séries, como por exemplo o 21TCDi30, uma televisão com um reprodutor CD-i embutido.
Ficha Técnica
Nome: Compact Disc Interactive (CD-i)
Geração: Quarta
Fabricante: Philips/Sony/Magnavox
Ano de lançamento: 1991(NA), 1992(EU)
CPU: Chip 68070 CISC de 15.5 MHz
Controle: Controle remoto infravermelho / CD-i Controller (GamePad)
Mídia: CD-i, Audio CD, CD+G, Video CD, Karaoke CD
Jogo Famoso: Link: The Faces of Evil
Cores: 16.7 milhões com 32,768 em tela
Resolução: 384×280 a 768×560
Som: 16-bit stereo
Tamanho/Peso: 28 cm x 41 cm x 8 cm / 5 Kg
Portas I/O: Drive de disco, porta para periféricos, saída de fones de ouvido, entrada de energia, saídas de áudio e vídeo, saída RF, entrada para antena de TV, entrada para dispositivos seriais.
Fonte de energia: 120 V AC / 60Hz
Referências
https://en.wikipedia.org/wiki/Philips_CD-i
http://www.old-computers.com/museum/computer.asp?c=1006&
https://www.giantbomb.com/cd-i/3045-27/
http://www.atlasobscura.com/articles/the-history-of-the-philips-cdi-failed-playstation-ancestor
CHANDLER, Alfred D.. Inventing the electronic century. Harvard University Press, 2001.
Manual do console
Atualiazado em 23/11/2017 por Daniel Gularte