Sumário
O Odyssey da Philips foi um console de videogame fabricado no Brasil no ano de 1983. Ele foi inicialmente lançado nos EUA em 1978 pela Magnavox, que na época pertencia à gigante holandesa Philips, vendido como Odyssey² e na Europa como Videopac G7000. Mas como esse videogame veio parar no Brasil? E o mais importante: como ele foi um dos principais ícones dos anos 80 para jovens e crianças? Veja como o Odyssey da Philips é considerado o mais cult dos videogames brasileiros.
História
O Odyssey que conhecemos no Brasil foi desenvolvido nos EUA após uma sequência de acontecimentos exitosos. Em 1972, a Magnavox apresentava o Odyssey, que foi o primeiro console doméstico de videogame do planeta. O lançamento deste tipo de produto desencadeou o início do mercado de consoles de videogame. Em 1974, a Magnavox foi adquirida pela Philips, e todos os produtos eletrônicos de consumo da Philips nos EUA sob o nome Norelco começaram a ser renomeados para Magnavox. A Philips adquiriu a empresa Philco em 1981, e já poderia usar livremente o seu nome no comércio, alternando com o nome Magnavox para alguns produtos eletrônicos, pois o nome Magnavox ainda tinha bastante respaldo no mercado.
Em 1974 a Philips adquiriu a divisão de eletrônicos de consumo da Magnavox, para garantir a distribuição por todo o país para a sua tecnologia Videodisc, mais tarde renomeada LaserVision. No final da década de 1970 a empresa decidiu lançar mais um novo videogame, o Odyssey², também conhecido como a Philips Videopac na Europa. O que a Philips não contava era com o crash dos videogames de 1983. Um ano antes, sinais claros de queda de vendas de consoles de videogame faziam com que os distribuidores não concordassem com a venda de novos videogames. Mesmo com um visual semelhante ao principal concorrente do videogame, o computador pessoal, o Odyssey americano vendeu muito pouco.
Dessa forma, a Philips não poderia ter prejuízos com o investimento. Detalhe: o Odyssey² não era um console caro, comparado com os concorrentes no mercado. A expansão da empresa era clara e novas fronteiras deveriam ser desbravadas. O Brasil estava na mira da Philips.
O surgimento da ideia de reservar o mercado brasileiro de computadores para os fabricantes de eletrônicos deu-se neste período no Brasil. Multinacionais como, IBM, Olivetti, Atari, Burroughs, FIAT, dentre outras, não mais poderiam fazer concorrência com as indústrias nacionais, o que possibilitaria o crescimento e fortalecimento dessas. Por conta da reserva de mercado, o Brasil ficou proibido de importar eletrônicos, e todos os produtos de consumo desta linha tinham que ser fabricados no Brasil, na famosa Zona Franca de Manaus. Algumas pessoas se arriscavam e contrabandeavam produtos de outros países; e mesmo após o fim da reserva de mercado, quem quisesse comprar algum aparelho importado teria que arcar com um custo por volta de 100% do valor do produto no exterior.
Esta barreira foi criada como estratégia pelo governo militar com o intuito de fomentar o desenvolvimento de indústrias e fábricas com força de trabalho nacional. Como a Philips, proprietária da Magnavox, tinha fábricas no Brasil e a sua imagem era muito bem associada a produtos de qualidade no segmento audiovisual, o Odyssey² se tornaria uma boa opção de vendas para o país, já que poderia ser fabricado localmente e não contava com muitos concorrentes. Somente meses depois apareceriam os clones do Atari 2600, o Intellivision, que foi fabricado no Brasil pela Sharp, o Splicevision, um clone do Colecovision, que se tornou um dos mais raros videogames brasileiros. Com o governo brasileiro proibindo a competição externa, o videogame da Philips tinha um grande mercado a explorar e poderia salvar a empresa de um prejuízo enorme em decorrência do crash nos EUA.
Em contato com a filial brasileira em 1981, a Philips iniciou seus contatos para instalar sua fábrica no Brasil e em dezembro de 1982 abteve a autorização da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus). A empresa não trabalhou em nenhum ajuste no produto para o Brasil, como fez com o Videopac na Europa, pois sua investida no mercado Japonês estava dando bons resultados. A pressa em produzir o Odyssey² no Brasil se baseava na corrida contra a Atari, que buscava um parceiro para lançar seu videogame oficialmente no país.
Para não causar nenhuma estranheza para os consumidores, O Odyssey² foi vendido apenas com o nome Odyssey, uma vez que oficialmente a Magnavox nem a Philips comercializaram o Odyssey de 1972 por aqui (note que existem versões do Odyssey da Magnavox que foram importados pela empresa Planil).
Outras mudanças aconteceriam nos títulos dos jogos. Foi a primeira vez que os jogos de videogame teriam ajustes para o público nacional. Mas eram apenas os nomes. Os códigos dos games eram os mesmos, o que não qualifica como os primeiros jogos brasileiros criados. Eles foram apenas manufaturados. Com estratégia de mídia em TV e revistas, um clube de sócios com publicação própria, e campeonatos exclusivos, o Odyssey da Philips estava pronto para entrar nas casas das famílias brasileiras.
Os únicos consoles que os brasileiros conheciam eram os clones de Pong, como o Telejogo da Philco (que no Brasil foi comprada pela Ford!) e o TV Jogo da empresa brasileira Superkit. O computador pessoal era um item de muito luxo e extremamente caro. Com uma mídia futurista o console travestido de computador teve uma recepção muito maior do que se esperava. Em pouco tempo milhares de unidades do Odyssey foram vendidas. Mas essa empolgação inicial acabou com o lançamento do Atari 2600 pela empresa Polyvox, que conseguiu passar à frente do seu concorrente em poucos meses. Com as feiras de informática a partir de 1983, O Odyssey era comparado de frente aos videogames baseados no Atari de diversos fabricantes e dos computadores pessoais.
O fim do Odyssey se deu inesperadamente. Com uma biblioteca de poucos jogos, muitos deles bastante parecidos uns com os outros, e o uso ineficiente do teclado, o Odyssey se tornou um videogame com mais falsas promessas do que necessariamente inovações. O seu concorrente direto, o Atari, tinha muito mais consoles e jogos disponíveis, principalmente clones mais baratos. Os controles presos ao console, os fios, os desenhos do produto dentre outros aspectos denunciavam um console com design pseudo-futurista e que já fazia parte de algo com menor poder frente ao Atari. A Philips provavelmente já sabia que seu protótipo do Odyssey³ não teria muito sucesso no mundo e ofereceu suporte ao Odyssey no Brasil até final dos anos 80.
O Console
O Odyssey vinha com dois joysticks embutidos no console (uma versão do Odyssey com joysticks removíveis foi lançada depois nos EUA e na Europa, mas não foi lançado no Brasil). Esses controles pareciam analógicos, mas na verdade eram digitais. Como eles estavam permanentemente ligados ao console, não era possível substituí-los facilmente caso eles quebrassem, ou então fazer alguma troca por controles do tipo “paddle”, opções disponíveis no Atari 2600. Relembrando, um “paddle” é um controle analógico baseado em um potenciômetro, onde você pode girá-lo para a esquerda ou para a direita para indicar a direção que você quer mover, de forma analógica.
O que chamou mais a atenção no Odyssey foi o seu teclado alfanumérico de membrana, similar ao usado nos computadores Sinclair ZX81 e clones (Timex Sinclair 1000, Microdigital TK80, TK82 e TK83), o que fazia com que ele se parecesse com um computador. Certamente este foi um dos motivos pelo qual muita gente na época optou por comprá-lo em vez de um dos seus concorrentes. Efetivamente o teclado não serviria para muita coisa no console, mas entendendo que a Philips trazia uma grande novidade futurista e os computadores iniciavam sua chegada ao mercado familiar, valeria a pena comprar pela novidade.
Os jogos eram disponíveis em cartuchos, onde o software era escrito dentro de um chip de memória ROM (normalmente PROM), igual aos de outros consoles de videogame da época. Um transformador externo e um interruptor de antena TV/Jogo (muitas vezes chamado erroneamente de modulador de RF) completava o pacote. Todos esses fios eram diretamente ligados ao console, o que tornava muito difícil retirar e guardar todo o conjunto na caixa.
O vídeo game era conectado à TV através da sua antena, que deveria ser sintonizada no canal 3 ou 4, dependendo de como o sistema foi configurado (na versão brasileira, esta configuração era feita através de uma chave localizada no painel inferior do console). Por dentro do Odyssey, a placa-mãe é muito menor do que o aparelho em si. O modulador de RF é responsável por converter o vídeo composto e o sinal de áudio analógico em sinal RF, para ser enviado para o conector da antena da TV. Como o Odyssey gera sinal de vídeo composto e áudio analógico que então são convertidos para RF, o sinal pode ser facilmente adaptado para diversas saídas de vídeo.
O Odyssey era baseado em um micro controlador Intel 8048, membro da família Intel MCS-48. Este micro controlador funcionava como uma unidade computacional, equipada com um processador, 1 kB de memória ROM, 64 bytes de memória RAM, um temporizador e um oscilador (gerador de clock), tudo isso dentro de um único chip. A utilização deste micro controlador barateou a fabricação do Odyssey, já que equipamentos com um processador convencional necessitavam de componentes externos. O micro controlador Intel 8048 trabalhava a 1,79 MHz e tinha 27 linhas de entrada e saída.
Dentro da memória ROM do Intel 8048, a Magnavox gravou o código básico para o console funcionar (similar ao BIOS de um computador). Cada cartucho de jogo também tinha uma memória ROM, que era onde o jogo estava armazenado. Os gráficos e sons eram gerados por um chip Intel 8244 (ou Intel 8245 na versão europeia do Odyssey), que era um circuito integrado exclusivo, ou seja, especialmente desenvolvido e vendido apenas para a Magnavox.
Como o micro controlador Intel 8048 tinha um software proprietário gravado internamente pela Magnavox e usava um controlador de áudio e vídeo proprietário, era impossível para outras empresas clonarem o Odyssey (a clonagem poderia ser feita fazendo engenharia reversa do chip Intel 8244 e criando um novo chip com funcionalidades similares, mas copiar o conteúdo da memória ROM do 8048 seria ilegal). Além disso, o Odyssey tinha 128 bytes de memória RAM estática.
O chip Intel 8244/8245 tinha uma pequena quantidade de memória RAM que podia armazenar até quatro objetos de vídeo programáveis: os famosos sprites. Cada sprite media 8 x 8 pontos, o que significa que cada sprite ocupava 64 bits, já que apenas uma cor poderia ser definida por sprite, dentro de oito cores possíveis (cinza escuro, vermelho, verde, laranja, azul, violeta, cinza claro e branco). Cada sprite poderia ser movido livremente na tela, podendo ser posicionado lado-a-lado para montar objetos maiores do que 8 x 8 pontos. Um sistema um tanto limitado e simples, comparado a diversos consoles em desenvolvimento e os poderosos arcades da época.
Este chip também tinha uma memória ROM integrada com 64 sprites pré-definidos, tais como as letras do alfabeto, símbolos, números e objetos básicos que qualquer um que jogou o Odyssey reconhecerá, já que eles apareceriam em vários jogos diferentes, tais como os objetos “árvore” e “homem”. Desta biblioteca, o Odyssey poderia exibir até 12 objetos ao mesmo tempo. Este é um dos motivos pelo qual vários jogos de Odyssey tinham um visual similar. A outra razão era que os jogos normalmente eram desenvolvidos pela mesma pessoa ou grupo. Ed Averett era o principal programador do Odyssey e desenvolveu 24 jogos sozinho, que reutilizavam trechos de código de um jogo em outro.
A tela era dividida em uma matriz de nove colunas por oito linhas, chamada “grade de fundo”, onde cada segmento de cada uma das linhas da grade poderia ser ligado ou desligado. Esta grade foi usada para criar labirintos usados em jogos como Come-Come!, Tartarugas! E Macacos Me Mordam!. O console permitia oito cores diferentes para o fundo e para a grade, além de uma configuração de claro ou escuro que incluía mais duas cores (azul escuro e verde escuro, por exemplo). As cores disponíveis para a grade eram preta, azul, verde, verde claro, vermelho, violeta, laranja, cinza claro, azul escuro e verde escuro. O controlador de vídeo dedicado também tinha um sistema de detecção de colisão, muito útil para definir o game design dos jogos.
O áudio era produzido pelo registrador de deslocamento de 24 bits integrado no Intel 8244, que poderia usar uma de duas frequências (983 Hz ou 3.933 Hz).
O Módulo “The Voice”
O Odyssey tinha dois módulos opcionais, um sintetizador de voz, chamado The Voice, que foi lançado apenas nos EUA e um módulo de xadrez, que vinha com um (então) microprocessador poderoso, o Z80 (na verdade um NSC800 da National, que era um clone do Z80) e 2 kB de memória adicional e foi lançado apenas na Europa. Ambos eram inseridos na parte superior do console, no slot para cartuchos.
O módulo sintetizador de voz tinha um slot para conectar cartuchos de jogos, e os jogos tinham de ser compatíveis com ele para poder funcionar. Em alguns jogos, tais como Senhor das Trevas! e Come-Come!, o módulo realmente falava, enquanto em outros jogos havia efeitos sonoros, como no jogo Abelhas Assassinas! ou música de fundo, como no jogo Tartarugas!.
A desvantagem do “The Voice” era que o som era produzido pelo próprio módulo, não pelos alto-falantes da TV. Por causa disso, o módulo tinha um controle de volume deslizante que funcionava independentemente do som gerado pelo console. O principal chip do sintetizador de voz é um General Instruments SP0256-019. Este chip tem 2 kB de memória ROM interna contendo sons e frases que o módulo pode produzir, e mais frases poderiam ser incluídas a partir de uma memória ROM externa SPR-128-003. Essas frases poderiam ser palavras já gravadas, fonemas para serem combinados para formar novas palavras, ou poderia ser efeitos de som especiais.
Durante a Feira de Utilidades Domésticas (UD) de 1984, realizada no Anhembi, em São Paulo, a Dynacom Eletrônica Ltda em aprceria com a Philips exibiu em seu stand uma versão nacional do The Voice americano. A Philips americana lançou nove jogos para o The Voice, sendo que três precisam necessariamente do aparelho para serem jogados: ‘S.I.D. the Spellbinder’, ‘Nimble Numbers Ned!’ e ‘Type & Tell’. Eram exatamente esses três jogos que a Dynacom pretendia lançar junto com o seu The Voice, em agosto de 1984. Em seu stand na UD, ela mostrou o produto em ação junto com jogos como ‘Tartarugas!’, ‘Come-Come!’ e ‘Senhor das Trevas!’. Entretanto, não existe registro se os três jogos exclusivos foram mostrados. Além desses jogos, os que também são compatíveis com o ‘The Voice’ são ‘Batalha Medieval!’, ‘Acróbatas!’ e ‘Abelhas Assassinas!’, todos lançados pela Philips do Brasil, como também alguns dos novos jogos.
O preço do produto estava orçado em mais de R$1000,00, um absurdo para a época. Neste trecho de uma matéria publicada pela revista Micro & Vídeo nº12 de Janeiro 1985, afirma-se a desistência do lançamento do The Voice para o Brasil:
…”A Dynacom apresentou na última feira de utilidades domésticas de São Paulo, realizada em abril, um sintetizador de voz para o sistema (Odyssey) que, segundo a empresa, seria colocado no mercado ainda no segundo semestre do ano. Mas o acessório acabou não saindo.”…
Jogos
Os jogos estavam disponíveis em cartuchos com um chip de memória ROM contendo o código programado do jogo. No total, 60 jogos foram oficialmente lançados, e há alguns jogos recentes que foram desenvolvidos por fãs e que estão disponíveis na internet. Haviam dois tipos de embalagens para os cartuchos: de papelão, usadas apenas nos EUA, e plástico com tampa de acrílico, usadas na Europa e no Brasil. Para cada jogo haviam também duas artes para os cartuchos, a Americana, usada nos EUA e Brasil (exceto títulos onde mudavam aspectos do roteiro do jogo), e a europeia.
Os primeiros cartuchos usavam memória ROM de 2kB, mas depois foram lançados jogos com memórias ROM maiores (o Odyssey suportava memórias ROM de até 8kB).
Um dos principais problemas com o Odyssey relacionados aos seus jogos foi que a Philips decidiu que ele seria um sistema fechado, ou seja, nenhuma outra empresa poderia desenvolver jogos para ele. Por isso a maioria dos jogos foi desenvolvida por um grupo pequeno de pessoas. Quando a companhia decidiu mudar de ideia e permitir que outras empresas desenvolvessem para o Odyssey (em particular a Parker Brothers com o Frogger, Popeye, Q*bert e Super Cobra, e a Imagic com o Atlantis e o Demon Attack) já era tarde demais, e o Odyssey se deparou com a quebra do mercado de vídeo game de 1983 (na Europa e no Brasil esta este acontecimento ocorreu mais tarde).
Um diferencial do Odyssey frente seus concorrentes eram seus três jogos de estratégia disponíveis: “Em Busca dos Anéis Perdidos!”, um jogo do estilo “Dungeons and Dragons”; “A Conquista do Mundo!”, um jogo no estilo do jogo de tabuleiro “War”; e o “Wall Street!”, para ver qual jogador ganhava mais dinheiro no mercado virtual de ações. Os dois primeiros eram na verdade jogos de tabuleiro onde a ação, em vez de ser decidida nos dados, era decidida através do Odyssey, muito similar às mecânicas dos jogos do Odyssey original de 1972. O terceiro usava o console para gerar aleatoriamente os preços das ações. O jogo “Em Busca dos Anéis Perdidos!” incluía um mapa para ser colocado sobre o teclado.
O Odyssey da Philips teve jogos clássicos, que por serem os primeiros a entrarem no mercado de jogos nacional, são referência cultural. Em Senhor das Trevas o objetivo do jogo era destruir naves espaciais e não ser destruído. Era possível escrever o nome do detentor do recorde na parte inferior da tela. No jogo Tartarugas o jogador deve pegar os filhotes de tartarugas e deixá-los nas casinhas, sem que os besouros o destruam. Podia-se jogar bombas para nocautear os besouros. Após deixar todos os filhotes em segurança nas casinhas, o jogo passa para o próximo andar. A cada dois andares o labirinto muda. E assim os outros títulos do console cativavam jogadores com suas mecânicas simples e diretas.
Lista de jogos
Os jogos com o símbolo % ao final dos números são compatíveis com o The Voice.
Todos os jogos no Brasil foram feitos pela Philips, com exceção de:
– Módulo The Voice, S.I.D. the Spellbinder, Nimble Numbers Ned! e Type & Tell!, por Dynacom;
– Missão Impossível/Viagem Programada, por Ectron;
– A Turma da Mônica, por MSP/Gadgets;
– Jogos das séries 06 AV 95XX, 96XX e 97XX (EG, P ou NR no Brasil).
Fórmula 1!/Interlagos!/Crypto-Logic! era o cartucho que acompanhava o console Odyssey.
Número | Título Brasileiro | Título Americano | Título Europeu |
06 AV 9400 | Fórmula 1!/ Interlagos!/ Crypto-Logic! |
Speedway!/ Spin-Out!/ Crypto-Logic! |
Race/ Spin-Out/ Cryptogram |
06 AV 9401 | Bacará! | Las Vegas Blackjack! | Blackjack |
06 AV 9402 | Futebol Americano! | Football! | American Football |
06 AV 9403 | Os Panzers Atacam!/ Batalha Aeronaval! |
Armored Encounter!/ Sub Chase! |
Air-Sea War/ Battle |
06 AV 9404 | Boliche!/ Basquetebol! |
Bowling!/ Basketball! |
Tenpin Bowling/ Basketball |
06 AV 9405 | Matemágica!/ Jogo da Memória! |
Math-A-Magic!/ Echo! |
Mathematician/ Echo |
06 AV 9408 | Basebol! | Baseball! | Baseball |
06 AV 9410 | Golfe! | Computer Golf! | Golf |
06 AV 9411 | Conflito Cósmico! | Cosmic Conflict! | Cosmic Conflict |
06 AV 9412 | Pegue o Dinheiro e Corra! | Take the Money and Run! | Take the Money and Run |
06 AV 9413 | Acerte Seu Número! | I’ve Got Your Number! | Playschool Math |
06 AV 9414 | Invasores do Cosmos! | Invaders From Hyperspace! | Laser War |
06 AV 9415 | Fliperama! | Thunderball! | Flipper Game |
06 AV 9416 | Duelo no Velho Oeste! | Showdown in 2100 A.D. | Gunfighter |
06 AV 9417 | Guerra de Nervos! | War of Nerves! | Battlefield |
06 AV 9418 | Esqui nos Alpes! | Alpine Skiing! | Skiing |
06 AV 9419 | Acoplagem!/ Resgate! |
Out of This World!/ Helicopter Rescue! |
– NR – *1 |
06 AV 9420 | Futebol de Salão!/ Hockey! |
Hockey!/ Soccer! |
Electronic Soccer/ Electronic Ice Hockey |
06 AV 9421 | Lógica Chinesa! | Dynasty! | Samurai |
06 AV 9422 | Voleibol! | Volleyball! | Electronic Volleyball |
06 AV 9423 | Futebol Eletrônico! | Electronic Table Soccer! | Electronic Table Football |
06 AV 9424 | Bilhar! | Pocket Billiards! | Electronic Billiards |
06 AV 9425 | Pachinko! | Pachinko! | Basket Game |
06 AV 9426 | Caça Níqueis! | Casino Slot Machine! | Las Vegas Gambling |
06 AV 9427 | Barricada!/ Demolição! |
Blockout!/ Breakdown! |
Dam Buster |
06 AV 9428 | Alien! | Alien Invaders – Plus! | Space Monster |
06 AV 9429 | Em Busca dos Anéis Perdidos | The Quest for the Rings | The Quest for the Rings |
06 AV 9430 | OVNI! | UFO! | Satellite Attack |
06 AV 9431 | A Conquista do Mundo | Conquest of the World | Conquest of the World |
06 AV 9432 | Macacos Me Mordam! | Monkeyshines! | Monkeyshines |
06 AV 9433 | Criatividade! | Keyboard Creations! | Newscaster |
06 AV 9434 | Wall Street | The Great Wall Street Fortune Hunt | The Great Wall Street Fortune Hunt |
06 AV 9435 | Come-Come II | K.C. Munchkin! | Munchkin |
06 AV 9436 | Defensores da Liberdade! | Freedom Fighters! | Freedom Fighters |
06 AV 9437 | Didi na Mina Encantada! | Pick Axe Pete! | Pick Axe Pete |
?? % | S.I.D. The Spellbinder | S.I.D. The Spellbinder | – NR – |
?? % | Nimble Numbers Ned! | Nimble Numbers Ned! | – NR – |
?? % | Type & Tell! | Type & Tell! | – NR – |
06 AV 9441 % | Batalha Medieval! | Smithereens! | Stone Sling |
06 AV 9442 % | Come-Come! | K.C.’s Krazy Chase! | Crazy Chase |
06 AV 9443 % | Acróbatas! | P.T. Barnum’s Acrobats | Jumping Acrobats |
06 AV 9445 % | Senhor das Trevas! | Attack of the Timelord! | Terrahawks + *2 e Terrahawks (P) |
06 AV 9446 % | Tartarugas! | Turtles! | Turtles |
06 AV 9447 % | Abelhas Assassinas! | Killer Bees! | Killer Bees + *2 |
06 AV 9448 | Serpente do Poder | Power Lords | – NR – |
06 AV 9461 | Bombardeio Submarino!/ Tiro ao Alvo! |
– NR – | Depth Charge/ Marksman |
06 AV 9462 | Desafio Chinês! | – NR – | Chinese Logic |
06 AV 9463 | O Malabarista!/ Jogo da Velha! |
– NR – | Catch the Ball/ Noughts and Crosses |
06 AV 9464 | O Segredo do Faraó! | – NR – | Secret of the Pharaohs |
06 AV 9468 | Telegrafista! | – NR – | Morse |
06 AV 9469 | O Gato e o Rato! | – NR – | The Mousing Cat |
06 AV 9472 | Super Bee! | – NR – | Super Bee |
06 AV 9473 | Buraco Negro! | – NR – | Neutron Star + *2 e Black Hole (P) |
06 AV 9474 | Clay Pigeon! | – NR – | Clay Pigeon + *2 (FR) |
06 AV 9475 | Comando Noturno! | – NR – | Nightfighter (P) |
06 AV 9476 | Balão Travesso! | – NR – | Loony Balloon + *2 e Loony Balloon (P) |
06 AV 9477 | Barão Vermelho! | – NR – | Air Battle + *2 e Red Baron (P) |
06 AV 9481 | Demon Attack | Demon Attack | Demon Attack |
06 AV 9482 | Atlantis | Atlantis | Atlantis |
06 AV 9483 | Frogger | – NR – | Frogger |
06 AV 9484 | Popeye | – NR – | Popeye |
06 AV 9485 | Q*bert | – NR – | Q*bert |
06 AV 9486 | Super Cobra | – NR – | Super Cobra |
?? | Missão Impossível/ Viagem Programada |
– NR – | Mission Impossible/ Programmed Trip (FR) |
?? | A Turma da Mônica | – NR – | – NR – |
?? | Chess | – NR – | C7010 Video Chess Module |
?? | The Voice | The Voice of Odyssey2 | – NR – |
06 AV 9501 | Memória!/ Senha!/ Palavra Secreta! |
Matchmaker!/ Logix!/ Buzzword! |
– NR – *1 |
06 AV 9510 | Memória!/ Acoplagem!/ Senha! |
– NR – *1 | Pairs/ Space Rendezvous/ Logic |
06 AV 9513 | Ligue 4! | – NR – | 4 In 1 Row |
06 AV 9601 | Cidade dos Robôs! | – ??? – | Robot City (antes conhecido como ‘Laser’) (P) |
06 AV 9603 | Interpol! | – ??? – | Interpol (antes conhecido como ‘Simulation Game’) (FR) |
06 AV 9604 | Caçador de Tubarões! | – ??? – | Shark Hunter (FR) |
06 AV 9610 | Tutankham | – ??? – | Tutankham (FR) |
06 AV 9611 | Spider-Man | – ??? – | Spider-Man (FR) |
06 AV 9624 | Pinball! | Pinball! (FR) | – ??? – |
06 AV 9640 + | Ponto Crítico! + | Odyssey3 Flash Point (P) | Flash Point + (FR) *3 |
06 AV 9700 % | Come-Come das Trevas! | J.G. Munchkin! (EG) | – ??? – |
06 AV 9701 | Fúria Assassina! | Amok! (UR) | – ??? – |
06 AV 9702 % | Telejogo! | – ??? – | Pong (EG) *4 |
06 AV 9702/2% | Telejogo! | Pong for Videopac and Odyssey2! (UR) | Pong (NR) *4 |
06 AV 9703 + | Invasão Alienígena! + | – ??? – | Kill The Attacking Aliens (UR) *2 |
06 AV 9704 | Resgate!/ Palavra Secreta! |
– ??? – *1 | Helicopter Rescue/ Buzzword (EG) |
06 AV 9705 | Aterrissagem! | Planet Lander! (UR) | – ??? – |
06 AV 9706 % | Roboto! | Mr. Roboto! (UR) | – ??? – |
06 AV 9707 + | Calculadora! + | Calculator! (UR) *2 | – ??? – |
*1 Estes 5 jogos foram lançados agrupados em cartuchos de formas diferentes nos EUA e na Europa. Os americanos “Helicopter Rescue!” e “Buzzword!” não foram lançados em cartucho na Europa nos anos 80; eles foram agrupados em uma única ROM por René van den Enden em 2003. E mais: O “Helicopter Rescue!” americano nada tem de semelhante com o cartucho ‘plus’ europeu “Helicopter Rescue +”. Veja a equivalência entre os jogos:
Título Brasileiro | Título Americano | Título Europeu |
Acoplagem! | Out of This World! | Space Rendezvous |
Resgate! | Helicopter Rescue! | Helicopter Rescue (EG) |
Memória! | Matchmaker! | Pairs |
Senha! | Logix! | Logic |
Palavra Secreta! | Buzzword! | Buzzword (EG) |
*2 Esses jogos só foram lançados na versão ‘plus’ (+). Eles tinham gráficos normais com o padrão do Odyssey, mas também tinham gráficos de fundo de tela de alta resolução se jogados em um console Odyssey +. Se esses jogos fossem colocados em um Odyssey comum, o jogo funcionaria corretamente, mas sem os gráficos de fundo de tela de alta resolução.
*3 Esse jogo originalmente não foi lançado na Europa nos anos 80. O lançamento em 2004 por Dieter Koenig só foi possível com a permissão do criador do jogo, Rex Battenberg, e a adaptação do sistema NTSC americano para o sistema PAL europeu por René van den Enden. Este jogo é exclusivo para o Odyssey +.
*4 A 1ª versão desse jogo foi lançada em 2003 somente em ROM para o emulador. A versão lançada em cartucho em 2004 é uma versão melhorada, com mais variações de jogo e nos padrões Odyssey ou clássico.
Correlações entre os produtores europeus
Estes cartuchos franceses lançados para o console francês Jopac foram clones de cartuchos europeus lançados somente na França sob a marca To-Tek.
Título Brasileiro | Philips (Europa) | To-Tek (França) |
Os Panzers Atacam!/ Batalha Aeronaval! |
Air-Sea War/ Battle |
Armada |
Golfe! | Golf | Golf |
Acerte Seu Número! | Playschool Math | Mith and Math |
Invasores do Cosmos! | Laser War | Laser |
Guerra de Nervos! | Battlefield | Legion |
Futebol de Salão!/ Hockey! |
Electronic Soccer/ Electronic Ice Hockey |
Stadium |
Futebol Eletrônico! | Electronic Table Football | Baby Foot |
Barricada!/ Demolição! |
Dam Buster | Magibrick |
Alien! | Space Monster | Monster |
Acróbatas! | Jumping Acrobats | Acrobats |
Jogos que não foram planejados para serem lançados no Brasil
Os cartuchos franceses lançados para o console Jopac foram clones de cartuchos europeus ou cartuchos originais lançados somente na França sob a marca To-Tek. Os cartuchos alemães acompanhavam o console alemão fabricado pela CSV.
Título Americano | Título Europeu | Título Francês (To-Tek) | Título Alemão (CSV) |
Computer Intro! | Computer Programmer | – NR – | – NR – |
The Adventures of Sherlock Holmes (P) | – NR – | – NR – | – NR – |
Pink Panther (NR) | – NR – | – NR – | – NR – |
Clean Up Yer Act (NR) | – NR – | – NR – | – NR – |
– NR – | Musician | – NR – | – NR – |
– NR – | A Labyrinth Game/ Supermind |
– NR – | – NR – |
– NR – | Backgammon | – NR – | – NR – |
– NR – | Blobbers | – NR – | – NR – |
– NR – | Kinder Im Verkehr 1 (somente na Alemanha) |
– NR – | Verkehrsspiele 1 |
– NR – | – NR – | – NR – | Verkehrsspiele 2 |
– NR – | Phantom House (idem a ‘Nightmare’, mas não é uma versão ‘+’) (P) | – NR – | – NR – |
– NR – | Martian Threat (antes conhecido como ‘Jake’) (P) | – NR – | – NR – |
– NR – | Play Tag (antes conhecido como ‘Plantage’ e ‘Catch Game’) (P) | – NR – | – NR – |
– NR – | Spaans (P) | – NR – | – NR – |
– NR – | MelRep (P) | – NR – | – NR – |
– NR – | Star Wars: The Empire Strikes Back (Parker) (NR) | – NR – | – NR – |
– NR – | Star Wars: Return Of The Jedi – Death Star Battle (Parker) (NR) | – NR – | – NR – |
– NR – | The Lord Of The Rings (Parker) (NR) | – NR – | – NR – |
– NR – | Moonsweeper (Imagic) (NR) | – NR – | – NR – |
– NR – | Fathom (Imagic) (NR) | – NR – | – NR – |
– NR – | – NR – | Chez Maxime ou Restaurant |
– NR – |
– NR – | – NR – | Syracuse | – NR – |
– NR – | – NR – | Des Chiffres et des Lettres | – NR – |
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Jogos exclusivos do Brasil
Comando Noturno!
Este é talvez o jogo que mais desperta curiosidade na comunidade Odyssey mundial. Afinal trata-se de um jogo que só foi lançado no Brasil e que nunca se tinha achado qualquer informação ou protótipo em outra parte do planeta. Também não há qualquer indício de que a Philips do Brasil tenha chegado a desenvolver jogos para o seu videogame, o que praticamente descartava a possibilidade de ser um jogo “brasileiro”. Então, de onde viria o ‘Comando Noturno!’?
A dúvida permaneceu por 20 anos, até que em 2004 apareceu a primeira pista da origem do jogo. O site Videopac.net apresentou fotos de um protótipo encontrado em 2003 em Helmond, na Holanda (terra natal da Philips) do ‘Comando Noturno!’. A EPROM tem uma etiqueta com o nome “Nacht Vlucht”, que em inglês seria “Night Flight” ou em português seria “Vôo Noturno”. A EPROM do ‘Nacht Vlucht’Ao colocá-la no console, apresenta uma abertura com o nome da GST-Video, coisa que também acontece em versões européias de outros jogos Odyssey e que foi removida nas versões brasileiras dos mesmos. Há também vários outros jogos só encontrados em protótipos europeus com a marca GST-Video. Assim, tudo indicava que o ‘Comando Noturno!’ seria um dos últimos jogos produzidos na Europa, já não mais pela própria Philips mas pela GST-Video, e que assim como vários outros títulos não chegou a ser lançado no mercado europeu mas foi trazido para o Brasil onde ainda havia algum mercado consumidor.
O nome oficial de ‘Comando Noturno!’ Em 2006, René van den Enden disponibilizou o que seriam as regras oficiais do jogo escritas à máquina em holandês e com o seu nome oficial em inglês: ‘Nightfighter’. Na mesma época, o colecionador holandês Seob também disponibilizou uma foto de um protótipo seu com uma etiqueta escrita ‘Nightfighter’. Então, está confirmado que ‘Comando Noturno!’ foi lançado apenas no Brasil, mas foi programado na Europa.
Missão Impossível / Viagem Programada
O colecionador Rafael Cardoso, em 2004, arrematou em um leilão via Internet de um cartucho com contendo dois jogos: ‘Missão Impossível’ e ‘Viagem Programada’. E o que ele achava que era apenas mais um ‘Acoplagem!/Resgate!’, era sim um cartucho com 2 jogos nunca antes vistos, fabricado nos anos 80 pela Ectron Eletrônica Ltda., uma empresa de São Paulo. ‘Missão Impossível’ é um jogo de estratégia, enquanto ‘Viagem Programada’ é um puzzle. Ainda não se sabe se esses dois jogos foram programados no Brasil.
A Turma da Mônica
A revista Micro & Vídeo nº 11, de dezembro de 1984, trouxe em suas páginas a notícia de que seria lançado, até o final de 1985, “o primeiro cartucho de videogame com enredo e personagens totalmente nacionais”. Tratava-se de ‘A Turma da Mônica’, que, segundo a matéria, poderia ser lançado para Atari e Odyssey e, por isso, tornou-se uma das mais incríveis histórias sobre o Odyssey no Brasil, já que a maioria dos jogos eram cópias simples de jogos americanos e europeus (Hoje sabe-se que até os jogos que foram lançados apenas no Brasil foram criados nos EUA ou na Europa…).
O jogo, que seria lançado pela Maurício de Souza Produções e desenvolvido pela empresa paulista de softwares Gadget a partir de um roteiro escrito por Reinaldo Waisman, teria Mônica correndo atrás de Cebolinha para recuperar o seu coelho Sansão. Dentre as várias fases do jogo, Mônica teria que enfrentar abelhas ferozes, raios e desviar-se de maçãs atiradas por Cebolinha, terminando em uma nave espacial. De acordo com informações de José Eduardo Pereira de Mello, o jornal Folha de S. Paulo publicou desenhos de 4 telas do jogo também em 1984.
Mercado
“ODYSSEY, um aparelho de jogos diferente do Atari, chega ao Brasil com inovações. Teclado alfa-numérico e controle com alavanca. ODYSSEY o videogame da Philips no Brasil”
Esta foi a peça de introdução do ODYSSEY em sua chegada no Brasil em 1983. O lançamento foi estrategicamente preparado para abalar o mercado de jogos eletrônicos no Brasil, pois naquele ano, apesar do crash nos EUA, o mercado nacional estava aquecido e cheio de clones do Atari e a Philips (representante da Magnavox no país) estava pronta para lançar a novidade. A apresentação oficial do produto foi no dia 13 de abril de 1982, às 11:30 da manhã no Salão Ipiranga do Hilton Hotel em São Paulo, com a presença do seu diretor comercial, Garibaldo Muolo, e o gerente geral do grupo de áudio, Franco Consoni. No dia seguinte e até o dia 21 daquele ano, a Philips esteve na maior feira de utilidades domésticas de São Paulo, A UD.
Na UD de 1983 esteja preparado para conhecer O NOVO, O FUTURO e Mudar a sua VIDA. A Philips traz ao Brasil o videogame ODYSSEY. O videogame com teclado e controle tipo alavanca. Com ODYSSEY os jogos são personalizados, grave seu nome na História!
Na UD eram apresentados os lançamento tecnológicos ao consumidor brasileiro e a Philips tinha o maior stand, bem no centro e com 1.200m², o maior do evento. Franco Consoni, gerente geral da Philips na época, fala em entrevista para a revista Veja sobre sua confiança no produto que, mesmo prematuramente, geraria uma expectativa positiva de uma odisseia de aventuras que os seus jogos poderiam proporcionar.
Em seu lançamento o ODYSSEY terá 15 títulos à disposição do comprador nacional, podemos citar alguns títulos como: Forca, Em busca dos Anéis Perdidos, Wall Street, Conquista do Mundo, Fórmula Um.
Entre os primeiros títulos lançados no Brasil fica a clara a intenção em focar em jogos que utilizem o teclado e para todas as idades, como Forca e Wall Street, este último um jogo de compra e venda de ação que dificilmente uma criança acharia graça.
Segundo as expectativas no lançamento, a Philips esperava no ano de lançamento vender 60 mil consoles e 250 mil cartuchos. Carlos Alberto Cardoso, diretor de produtos de vídeo da Philips, afirmava que esses números se baseavam na expectativa de 10% dos donos de aparelhos de TV tivessem condições de comprar um videogame no Brasil.
Com o ODYSSEY você poderá personalizar seu jogos, colocando na tela, por exemplo, seu nome. Ou num jogo com mais de 1 jogador, escrever na TV o nome dos que fizerem mais pontos!
O videogame foi vendido inicialmente em São Paulo e Rio de Janeiro por um preço de 150 mil cruzeiros, o que equivale a mais ou menos R$2300,00 aproximadamente (dados de 2015). A rede de assistência técnica contava com mais de 1600 lojas autorizadas. O primeiro lote de aparelhos foi vendido em dois meses (cerca de 20 mil aparelhos). Em julho o produto foi vendido a 165 mil cruzeiros. O videogame teve vários nomes no mundo:
- Magnavox Odyssey²na América do Norte.
- Philips Videopac G7000na Europa, incluindo Portugal.
- Philips C52na França.
- Philips Odysseyno Brasil.
- Kōton Odyssey²no Japão.
Embora todos os jogos lançados para o ODYSSEY no exterior fossem traduzidos ao chegar no Brasil (Conquest of the World – A Conquista do Mundo, por exemplo), a Philips se preocupou em adaptar jogos de sucesso no exterior para a linguagem e tema locais. Dois bons exemplos são: Pick Axe Pete! – Didi na Mina Encantada e K.C.’s Krazy Chase! – Come-Come
No jogo Didi na Mina Encantada, Renato Aragão, o Didi do grupo Trapalhões, se beneficiou do jogo para alavancar os lucros do filme “Os Trapalhões na Serra Pelada”, produzido por sua empresa.
Outro ponto interessante que determinava a escolha de jogos para distribuição no Brasil era a busca por determinado assunto. Na época, 1983, o interesse por temas espaciais e da antiguidade era grande (tudo por causa do sucesso de Guerra nas Estrelas, Tron e o seriado Automan). Então a Philips apressou-se em trazer ao país com “exclusividade” jogos como O Segredo do Faraó!, Atlantis, Batalha Medieval!, Tutankham e a invasão da ficção científica ficava por conta de jogos como Buraco Negro!, Invasão Alienígena! +, Invasores do Cosmos!, Os Panzers Atacam!/Batalha Aeronaval! e OVNI!.
A série com jogos estratégicos composta por três jogos foi anunciada em novembro de 1983 e lançada apenas em fevereiro de 1984 e vendida por 75 mil cruzeiros, isto é, mais de R$500 cada jogo.
Cultura
Primeiro videogame com uso de cartuchos no Brasil, o Odyssey revolucionou também no aspecto social do brasileiro. Muitos diziam que os videogames fariam as pessoas se divertirem sozinhas, não mais procurando outras e diminuindo o convívio em grupo. Com o tempo, entretanto, os que já estavam entregues a essa nova mania mundial fizeram exatamente o contrário: passaram a procurar outras pessoas que, como eles, gastavam horas jogando em frente à televisão, para trocar ideias, saber das novidades e conseguir dicas para melhorar seus desempenhos nos jogos. Nasce assim, para atender a essas necessidades, a revista Odyssey Aventura, editada pela Mauro Ivan Marketing Editorial Ltda. e sob a supervisão da Philips do Brasil Ltda, de setembro de 1983 até junho de 1985.
Baseada na revista “Odyssey Adventure” americana, a versão nacional era uma publicação trimestral de difícil aquisição. Somente os membros do chamado Odyssey Clube recebiam as revistas, e as fichas de inscrição no referido clube vinham impressas na revista. Surge a pergunta: como então conseguir uma revista para poder se inscrever no Clube? Simples: a Philips incluía a edição mais recente em consoles novos e também fazia distribuição durante campeonatos. Ou seja, era uma revista privada. Por isso era, e continua sendo, objeto de desejo de todos os amantes do Odyssey.
Seu conteúdo era simples, mas objetivo. A Odyssey Aventura trazia matérias sobre os cartuchos que iriam ser lançados, sobre os campeonatos realizados, dicas e recordes dos jogos e uma seção para responder às cartas dos leitores. Tudo com bastante colorido e cheio de figuras tiradas dos jogos.
A Odyssey Aventura parece ter tido uma vida bastante curta. Foram apenas oito edições, de setembro de 1983 a junho de 1985, exatamente o período em que o Odyssey estava no seu apogeu. Na revista de número 1, inverno 1983, a seção “Joysticks” trazia os reviews de Didi Na Mina Encantada, Macacos Me Mordam, Invasores do Cosmos, Barricada/Demolição, Pachinko, Acoplagem/Resgate, Lógica Chinesa, Senhor das Trevas e Os Panzers Atacam/Batalha Aeronaval, pois eram os lançamentos. Essa edição trazia ainda reportagens sobre dois campeonatos em São Paulo, as dicas do Come-Come por Marcelo Zanchetta, a seção de cartas “Encontro” e um catálogo com os jogos já lançados pela Philips até aquela época (total de 36 jogos distribuidos em 28 cartuchos: 1 cartucho com 3 jogos, 6 cartuchos com 2 jogos e 21 cartuchos com um único jogo).
A Odyssey Aventura nº 2, 1983, traz na seção Joysticks os reviews de Come-Come II, Tartarugas, Acrobatas, Basebol, Guerra de Nervos, Bacará e Futebol Americano, além de pôr em destaque os jogos estratégicos Em Busca dos Anéis Perdidos, A Conquista do Mundo e Wall Street, todos estes, então, lançamentos. Traz também os resultados de vários campeonatos pelo Brasil, a seção de cartas, dicas do Mago Odyssey para o Senhor das Trevas e a primeira foto para registro de recorde, iniciando, assim, a seção High Scores.
Na Odyssey Aventura nº 3, 1984, a seção Joysticks trazia os reviews dos novos jogos exclusivos Abelhas Assassinas, Batalha Medieval, Serpente do Poder, Buraco Negro, Balão Travesso, Desafio Chinês, O Malabarista/Jogo da Velha e Criatividade, além dos jogos de outros videogames na versão Odyssey, Demon Attack, Popeye, Q*bert, Atlantis, Frogger e Super Cobra, que estavam sendo lançados. Trazia também mais resultados de campeonatos pelo Brasil, a seção de cartas, fotos de registro de recordes e tabelas com as maiores pontuações em casa e nos torneios dos jogos Senhor das Trevas, Come-Come e Didi Na Mina Encantada, e o segredo das Tartarugas revelado pelo Mago Odyssey.
Abaixo todas as revistas em pdf para download:
odyssey_aventura_1 | odyssey_aventura_2 | odyssey_aventura_3 | odyssey_aventura_4 |
odyssey_aventura_5 | odyssey_aventura_6 | odyssey_aventura_7 | odyssey_aventura_8 |
Galeria
Curiosidades
- Na maioria dos jogos do Odyssey o jogador tinha apenas uma “vida”. Em poucos jogos como “Tartarugas!” o jogador começava com três “vidas”.
- “run!”, “go!”, “incredible!” e “oh, no!” foram algumas frases usadas no jogo Come-Come!, por exemplo
- Praticamente todos os jogos desenvolvidos pela Magnavox/Philips têm um ponto de exclamação no final do nome do jogo.
- Os brasileiros, por terem jogado primeiro o jogo Come-come do Odyssey, não chamavam o jogo Pac-Man da Atari pelo nome original, mas pelo nome Come-come.
Ficha Técnica
Processador: Intel 8048 8-bit; clock: 1.79 MHz.
Memória RAM: 256 bytes; 64 bytes no processador
Memória de vídeo (VRAM): 256 bytes
Gráficos: Intel 8244 custom Audio/Video IC; 16 cores possíveis; 4 sprites suportados;
Som: Intel 8244 custom Audio/Video IC
Resolução: 280×192
Som: 1 canal mono
Cartucho: ROM programável de 2Kb
Referências
- Odyssey Mania
- Clube do Hardware
- Wikipedia
- Datassete.org
- 1983: o ano dos videogames no brasil
Atualiazado em 02/07/2022 por Daniel Gularte
Precisa fazer uma atualização agora e colocar os novos jogos desenvolvidos pelo pessoal da Experiência Odyssey
Existem muitos homebrews feitos para o Odyssey e colocalos neste post vai ser um grande trabalho extra. Mas a ideia é ótima e podemos ver com os parceiros do Experiência Odyssey um artigo especial.
Excelente matéria! Apenas uma correçãozinha…
Lá fora, os cartuchos franceses foram traduzidos para francês, e o próprio aparelho, quando liga, aparece “QUEL JEU?” ao invés de “SELECT GAME”.
Aqui no Brasil, o cartucho Wall Street apresenta todas as mensagens em português: “FIM TEMPO”, “MANCHETES”, “FALENCIA”, “RETIRADAS QUOTAS BANCOS AMERICANOS NO EXTERIOR…”, “ACORDO ENTRE MEMBROS DA OTAN… “, “PREVISTO BOM TEMPO DURANTE FESTEJOS DA PASCOA…”, “INSTABILIDADE NA AMERICA LATINA…”, “FIRMADO ACORDO COMERCIAL JAPAO-EUA…”, “ACORDO EUA-URSS PROXIMO…”, “ACORDO NO SUD. ASIA PROXIMO…”, “CAMARA APOIA NOVO PLANO ECONOMICO DE MERCADO LIVRE…”, “AUMENTA CUSTO DE VIDA: O MAIS ALTO EM 3 ANOS…”, “GOVERNO FEDERAL LIMITA O CREDITO…”, “EMPRESTIMOS EM BAIXA…”, “JUROS ALTA DE 1 PONTO…”, “JUROS BAIXA DE 1 PONTO…”, “CAMPO DE PETROLEO DESCOBERTO NO LAGO MICHIGAN…”, “PRESIDENTE CORTA GASTOS GOVERNAMENTAIS…”, “SENADO APROVA GRANDE CORTE DE IMPOSTOS…”, “PLANEJADO AUMENTO NO IMPOSTO DE RENDA…”, “APARELHO ELETRONICO AUMENTA PRODUTIVIDADE OPERARIOS…”, “GEADA ATINGE SUDESTE…”, “SEMANA DE 3 DIAS REDUZ PRODUTIVIDADE…”, “PERIGO DE GREVE NACIONAL…”, “PERIGA A PAZ NO ORIENTE MEDIO…” e “CRISE NO MINISTERIO…”
Parabéns pela matéria Daniel, Adquiri um odyssey recentemente e em excelentes condições com 7 jogos, uma maravilha, curto colecionar videogames antigos. Parabéns pela matéria
Daniel, fantástico trabalho! Você teria uma lista dos jogos de Odyssey que foram disponibilizados com o console em seu lançamento? Já li artigos que falam em 43 jogos disponíveis no lançamento, mas nenhuma lista de quais jogos seriam esses.
Obrigado.
Se você olhar a revista Odyssey Aventura n.8 que disponibilizamos neste link (através do site Datassete com créditos de Maicon Flávio), e ir até a página 7, vai ver uma lista publicada com os jogos que, teoricamente, foram lançados nesta ordem. Se sua informação estiver correta, você verá os jogos que saíram depois. O que podemos afirmar com certeza é que todos os jogos já haviam sido publicados em outros países (EXCETO o Comando Noturno), e recebiam no Brasil uma tradução, sendo fabricados em massa e distribuídos dentro de uma demanda de mercado. Os textos da revista Odyssey Aventura mostram que ao falar de alguns jogos afirmam que serão lançados em breve (veja o Odyssey Aventura 3), o que nos confirma que pacotes de jogos foram lançados por temporadas.
No primeiro folheto do Odyssey, na época do lançamento (antes de existir o Odyssey Aventura), relacionava os seguintes jogos
9400 Formula 1 / Interlagos / Cryptologic
9404 Boliche / Basquetebol
9405 Matemagica / Jogo da Memória
9410 Golfe
9411 Conflito Cósmico
9412 Pegue o Dinheiro e Corra
9413 Acerte Seu Número
9415 Fliperama
9422 Voleibol
9423 Futebol Eletrônico
9426 Caça Níqueis
9428 Alien
9430 OVNI
9436 Defensores da Liberdade
9442 Come Come
Num guia de vendas que a Philips soltou pouco depois, relacionava além desses 15, 2 estratégicos.
9429 Em Busca dos Anéis Perdidos
9434 Wall Street
No lançamento, meus pais compraram o Odyssey e Come Come. Pouco depois compraram Conflito Cósmico e Voleibol.
Alguma ideia de como reparar a placa do controle ?
Existe placas novas de reposição do controle ?
Eles deixaram de funcionar.
Tem como fazer a adaptação dos controles do Odyssey para controles do Atari. É necessário um técnico. Mas recomendamos que você tente ver com uma eletrônica de confiança se é possível recuperar as placas originais.
Boa tarde Daniel Gularte, queria saber se vc teria a caixa do console e se vc por gentileza poderia me fornecer as imagens da caixa, para que eu possa imprimir e fazer a caixa, não quero em hipótese alguma as imagens para comercializar, quero só para uso pessoal, póis tenho esse video game a mais de 35 anos e na época como era criança não dei valor a embalagem, se vc puder me ajudar ficarei muito agradecido!
Olá Marcelo. Infelizmente não podemos fornecer tais conteúdos podendo infringir direitos autorais. Obrigado!
excelente resenha!!