Sumário
1983 foi o ano em que os brasileiros conheceram o Atari e principalmente muitos dos seus clones em todo o território nacional. Na época a política conhecida como Reserva de Mercado dificultava muito a importação de eletrônicos e os poucos Ataris que existiam por aqui vinham de contrabando ou trazidos por alguém que esteve no exterior. A dificuldade de se conseguir um videogame importando acabou facilitando a proliferação dos clones entre a população – um dos preferidos e mais conhecidos por jogadores Old School é o Dactar. Este artigo aborda a criação do console e como o próprio Dactar criou seus próprios clones oriundos do projeto original do VCS da Atari.
Histórico
Enquanto o mundo entrava no grande Crash dos Videogames em 1983, aqui no Brasil estávamos apenas começando a descobrir algo que o resto do mundo parava de consumir: o videogame da segunda geração. Quando a Secretaria Especial de Informática deu o sinal verde aos empreendedores brasileiros ao tomar uma decisão legal da Política Nacional de Informática, que praticamente permitia às empresas brasileiras piratearem e plagiarem terceiros sem licença legal, os empresários começaram seus próprios negócios nas sombras das grandes produtoras e empresas clonando seus produtos.
Tudo começou quando Julio Ivo Albertoni e Euclides Camargo, ex-executivos da empresa Dismac compraram uma empresa chamada Sayfi Computadores Ltda de Matias Alecrini. A empresa fabricava clones do computador TRS-80 até o ano de 1982. No primeiro semestre de 1983 a Sayfi percebe a sua oportunidade de agir e criar seu console ao notar a ausência de Ataris para se atender ao crescente interesse dos consumidores quando souberam do Atari VCS nos Estados Unidos. A primeira coisa que os novos engenheiros da Sayfi fizeram foi adquirir um desses videogames para construir um protótipo próprio.
Dactari
O primeiro protótipo montado pela Sayfi veio após um estudo minucioso de um modelo americano do Atari VCS – os engenheiros e donos da Sayfi decidiram fazer artesanalmente um console chamado Dactari: eles compravam os chips TIA, o chip Riot e o microchip customizado 6507 de distribuidores nos EUA em Los Angeles (o próprio Albertoni viajava com frequência para comprar os chips).
O Dactari é uma cópia quase fiel do VCS e Albertoni não se intimidava com sua sinceridade um em entrevista dada à revista Veja de 25 de maio de 1983, quando comparou seu trabalho aos japoneses que também copiavam tudo – o que Albertoni não lembrava era que os japoneses, em franca ascensão tecnológica, melhoravam seu produto ainda mais em relação aos concorrentes. Em uma outra entrevista par a Vídeo News nº 10, o engenheiro afirmou:
Desmontamos o Atari e analisamos como funciona. Alguns componentes mandamos fazer aqui, os chips serão feitos por uma empresa americana. Nossa política é igual à dos japoneses: nada se cria, tudo se copia. Se deu certo com eles, por que não daria conosco?
No início o Dactari foi fabricado em São Paulo na Avenida Cotovia, bairro de Moema e era vendido no setor de expedição da empresa, custando Cr$ 160.000,00 (R$ 2.900,00 aproximadamente). Os cartuchos custavam Cr$ 14.000,00 cada (aprox. R$ 250,00 atualmente) e eram repros (cópias das roms dos jogos originais) com outros nomes semelhantes aos games da Atari, escolhidos pelos sócios. Segundo Mario Stanisci, chefe de desenvolvimento de produtos da Sayfi na época, o laboratório da empresa era na cozinha da casa. Ele afirma ainda que a procura era tamanha que os compradores literalmente brigavam enquanto o produto era montado na sala ao lado:
Na Cotovia, o laboratório era na cozinha de uma casa…Sábado os pais iam com as crianças lá e tinham que esperar sair o videogame. Saía briga na expedição. Era tudo feito à mão: enquanto uma pessoa montava um, outra ia pondo os componentes em outra placa. A gente varava a noite montando os cartuchos. Dava briga. Você saía com o videogame na mão e era um tal de ‘esse é meu, esse é meu’, e era uma loucura.
A Sayfi conseguiu patrocínio da rede de lojas de computadores Computerland para vender oficialmente seu produto: o Dactari TV Computer System 2600-A. A tiragem inicial para vendas foi de 3.000 unidades com exclusividade para a Computerland por um período de noventa dias. A Sayfi não tinha na verdade o desejo de ter uma cópia do Atari para vender, e a pouca produção do Dactari não se deu por causa dela. De acordo com uma entrevista veiculada na Folha Informática de 20 de abril, Artur Ribeiro Dias, presidente da Computerland a época, não tinha grandes planos de expansão, por medo de não poder ter boas vendas e se assim o fizessem, poderiam chamar a atenção da própria Atari, gerando problemas.
De fato, o molde do Dactari é exatamente igual ao Atari VCS. A inconfundível frente de madeira” do Atari VCS, que era um adesivo imitando o material, foi reproduzida no Dactari na forma de uma tinta de cor marrom aplicada à frente do console com acabamento totalmente artesanal, trabalho este que teria sido feito pelo pai de um dos sócios. A logo do Dactari foi um exercício de pura criatividade: a fonte com a mesma continuidade e característica futurista lembra as linhas redondas do texto “Atari”; o desenho da logo da Dactari relembra a silhueta da Catedral de Brasília projetada por Oscar Niemeyer e era ao mesmo tempo muito semelhante ao da Atari. Seria uma homenagem a Catedral um um ícone encontrado pela Sayfi para se aproximar da marca da Atari e dizer que seria “o Atari Brasileiro”? Os registros e entrevistas não tem dados sobre essa estratégia nem mesmo como se seu essa decisão. Outra mudança sutil foi a mudança do nome na parte superior do cartucho: onde se lia Video Computer System no VCS agora foi colocar TV Computer System.
O lançamento do Dactari TV Computer System 2600-A aconteceu em abril de 1983, na unidade da Rua Angélica da Computerland, em São Paulo, onde o videogame foi ligado a um telão em que se exibiram/jogaram, entre outros, os cartuchos Donkey Kong e Freeway. Mesmo com um nome bem conhecido no ramo de informática, como não houve muita mídia investida pela Computerland, o console teve razoáveis vendas no seu primeiro mês.
Porém poucos meses depois, a Atari identificou a aquisição indevida dos chips exclusivos do VCS em suas distribuidoras/revendas nos Estados Unidos e parou de comercializá-los daquela forma, somente poderiam ser trocados chips defeituosos, em um esquema de contra-entrega. Como o Albertoni era o comprador dos chips e ia pessoalmente aos EUA fazer a negociação, se viu sem saída. As novas unidades precisariam ser feitas e sem os chips era impossível continuar a empreitada. Em entrevista ao documentário 1983, o sócio da Sayfi disse que sua salvação veio no hotel onde ele se hospedava: um pessoa se aproximou do empresário e o recomendou que fosse a Taipei comprar chips paralelos com a mesma qualidade. Ao invés de uma passagem para o Brasil, Júlio já tinha destino para a Ásia, território onde os chips da Atari haviam sido clonados em escala e eram oferecidos no mercado negro.
Registros informam que existe um outro modelo do Dactari que foi vendido, desta vez sem a frente pintada, sendo esta completamente removida. Talvez esse modelo seja o resultado de uma produção mais acelerada na linha de produção, e a Sayfi resolveu eliminar mais este trabalho para atender a demanda para o console que cresceu até o final do primeiro semestre de 1983. Perto de se esgotarem as vendas do Dactari, a Sayfi saberia que precisava tomar novos rumos, pois novos desafios apareceram para a empresa e o Dactari assim seria substituído pela versão final sonhada pelos seus sócios: um videogame próprio.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: abril de 1983
Descontinuado em: junho de 1983
Fabricante: Sayfi
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: Donkey Kong
Dactar TV Computer System
Logo depois do lançamento do Dactari, a Gradiente propôs uma espécie um acordo amigável entre as duas empresas, pois já se encontrava em negociações fortes com a Atari nos EUA para lançar o videogame oficialmente no Brasil. A Sayfi vê as boas vendas de seu console, mas percebendo o pouco capital que dispunha e a grande possibilidade de ser engolida pela Gradiente, resolve dar um injeção de capital. Com a entrada de Cesar Nalli, um amigo em comum entre os sócios, o console mudaria de nome para para Dactar (apenas removendo o “i” da marca original). Outra mudança foi a fusão da empresa de móveis de Nalli também de Campinas, a Milmar, a fim de obter mais capital para a produção do console. Assim sendo, a Sayfi deixaria de existir para se tornar a Milmar Indústria e Comércio Ltda, sediada na rua Francisco Ceará Barbosa, 929 – Campinas – SP.
Os primeiros lotes do Dactar da Milmar tinham ainda o que seria a caixa do Dactari da Sayfi, mantendo muitas das semelhanças da caixa do Atari VCS americano, como as imagens das pessoas e dos jogos. A tipografia do nome “Dactar” se manteria a mesma do Dactari e principalmente o desenho do console em destaque no centro da caixa. Isto mostra que o processo de transição para uma nova empresa pareceu muito confuso no início, e a opção foi aproveitar material impresso de unidades antigas ou a arte que já se tinha para este console – o que se sabe é que a parceria Sayfi / Milmar não durou muito em vista de que os consoles representavam maior parte dos lucros. O Dactar TV Computer System custava Cr$199.000,00, aproximadamente R$2.000,00.
Acredita-se, a partir de colecionadores e proprietários da época, que o primeiro Dactar tem a frente prateada e é baseado no modelo do Atari 2600, com quatro chaves. O console tem um desenho central de cor vermelha, que seria a nova marca para o Dactar. Mais uma vez, não é possível ter informações detalhadas de como foi feito esse processo, uma vez que a fusão das empresas não vingou e gerou muitos conflitos internos, atrapalhando a produção, pois as empresas já estavam se separando.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: final de 1983
Descontinuado em: início de 1984
Fabricante: Milmar
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: Enduro
Dactar
No primeiro semestre de 1984 A Sayfi e a Milmar se separaram de sua parceria que gerou conflitos e um console sem identidade. Mesmo com a dissolução da empresa, a Sayfi manteve os direitos de usar o nome Milmar e se muda de Campinas para a Zona Franca de Manaus, procurando tributações mais baixas e benefícios fiscais, deixando que a empresa de móveis de César Nalli criasse outro CNPJ. Já em sua sede na capital do Amazonas, o design do console Dactar foi finalizado e toda a arte foi redesenhada para seguir as novas linhas do design do console. Após um pequeno desentendimento com a Gradiente, pois ela já tinha o direito de produção do Atari original aqui no Brasil, A Milmar finalmente lança o seu mais novo clone, com o simples nome de Dactar.
O Dactar é uma versão visualmente mais polida do Dactari, e ambos os aparelhos são bastante semelhantes ao Atari 2600, mudando apenas alguns detalhes visuais. Os controles do Dactar eram mais anatômicos do que os do Atari e tinham dois botões, sendo apenas uma questão de conforto já que eles tinham a mesma função. Além disso, não só ele era mais barato, mas a maioria dos seus cartuchos vinha com quatro jogos, o que o tornava mais acessível. A caixa do sistema vinha com uma logo que lembra uma maçã com linhas coloridas, similar a desenhos usados em marcas de computador, como a Apple.
Na época em que teclados para consoles eram moda o Dactar ainda chegou a ganhar um acessório chamado Dactar Comp. O item podia ser conectado no console através de três cabos e um cartucho, permitindo ao usuário programar em “BASIC”, compor músicas simples e até desenhar. O Dactar Comp não teve resenhas muito boas e seu preço era quase o de um videogame – Cr$268.000,00, aproximadamente R$ 1.100,00 – mesmo assim era mais barato que um computador pessoal na época. Outras revisões do console, que nada mais eram que relançamentos do mesmo aparelho e com a marca central novamente com linhas vermelhas são o Dactar II (com pequena mudança cosmética e chaves cromadas) e Dactar 3 (vinha com apenas dois jogos).
Galeria
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: 1984
Descontinuado em: não informado
Fabricante: Milmar
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: Freeway
Dactar 007
Com o sucesso do Dactar TV Computer System a Milmar parece não ter suprido seu desejo de aumentar as vendas, assim preparando outro clone do Atari, ou melhor dizendo: um clone do próprio Dactar.
Na época era muito comum consumidores que tinham seus videogames guardarem seus aparelhos em caixas de madeira e não nas suas caixas originais de papelão, por se deteriorarem rapidamente, principalmente na mão de crianças. Lançar cases para consoles era muito normal e não demorou muito para que um dos filhos do Sr. Albertoni, um engenheiro, tivesse a ideia de inserir um Dactar diretamente dentro de uma caixa, e daí surgiu o conceito do Dactar Maleta em um protótipo em vacuum form. Como o design final do produto ficou muito semelhante à maleta usada nos filmes de Jams Bond como “From Russia with Love” e “Goldfinger” o produto foi renomeado para Dactar 007.
Uma peça raríssima atualmente, o Dactar 007 era considerado uma edição de luxo da Milmar, mas nada mais era do que o um Dactar fixado dentro de uma maleta. A maleta vinha com espaço para os controles que eram iguais ao do Atari, controles paddle, cartuchos, fonte, caixinha RF e outros acessórios do console. Além disso, os cabos dos controles eram enrolados iguais aos cabos de telefones antigos, provavelmente porque a maleta era pequena e os fios enrolados dariam uma vida mais prolongada aos controles ao contrário dos fios normais que poderiam danificar ao ficarem enrolados dentro da maleta.
Existem três modelos para o Dactar 007. O primeiro vinha com fechos e chaves de metal, acabamento externo imitando couro, mascara de alumínio escrito DACTAR VIDEO GAME e serigrafia “007”, acompanhava joysticks (os paddles eram vendidos separadamente) com cabo em espiral e sua produção foi feita ainda na unidade de Campinas da Milmar. O segundo modelo é exatamente igual mas com o nome DACTAR VIDEO GAME II e paddles no pacote (provavelmente saiu no mesmo período do Dactar II). O último modelo é uma versão mais econômica com acabamento externo liso, trava para os portas cartuchos, fechos de plastico, mascara negra escrito DACTAR VIDEO GAME e sem serigrafia “007”. Acompanhava joysticks com botão amarelo.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: 1984
Descontinuado em: não informado
Fabricante: Milmar
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: Pac-Man
Apple Vision
Devidamente estabelecida em Manaus e com os recursos em mãos, a empresa Milmar pode continuar com a produção de seus aparelhos e o mercado nacional de videogames conheceu outra variação do Dactar – um console de videogame idêntico só que com outro nome: Apple Vision. A ideia era de provavelmente saturar o mercado com novas marcas de clones que se proliferavam a cada mês, na tentativa de obter monopólio por uma empresa de várias marcas. A Milmar focou nos clones do Atari com essa estratégia.
Assim como a segunda versão lançada do Dactar, o Apple Vision possui um painel metálico e também as chaves seletoras, que não era encontrada na primeira versão do console, que possui o painel na cor preta. Tendo como inspiração a empresa Apple, a Milmar acrescentou ao design da caixa uma maçã vermelha mordida no centro do console. Na prática internamente o Apple Vision tinha o mesmo símbolo do Dactar.
Com o visual parecido com o Atari da Polyvox, o Apple Vision possui a entrada de cartucho localizada no centro do painel com o nome do console em cima, ao lado esquerdo, estão as chaves de liga-desliga do aparelho e a chave seletora de cor, ao lado direito do aparelho, se encontram as chaves de seleção e início. Na parte de trás do console estão as duas entradas para joysticks, entrada para o cabo de força, duas chaves de seleção de dificuldade e também a chave de seleção do canal. Os joysticks seguem o mesmo padrão do Dactar, tendo formato quadrado com analógico ao centro junto com um botão amarelo e também, um botão na mesma cor na parte superior esquerda do joystick.
A Milmar lançou o Apple Vision em 1984 como uma espécie de série limitada, posterior ao lançamento do Dactar 007. Apesar das tentativas de ganhar destaque durante a segunda geração, principalmente criando versões com nomes diferentes para o mesmo aparelho, juntando todos os consoles clones de Atari da Milmar no mercado, a empresa conseguiu-se uma média de 10 mil unidades vendidas até o natal de 1994, e assim como os outros clones do Atari, foi perdendo popularidade com a chegada dos microcomputadores e dos videogames japoneses.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: 1984
Descontinuado em: não informado
Fabricante: Milmar
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: Freeway
Dactar Darth Vader
Seguindo uma atualização no seu design, a nova versão do Dactar se caracterizou pela utilização de peças de baixo custo, para tornar o console mais competitivo no mercado.
O console removeu todas as peças metálicas e deixou o console totalmente preto, bem similar ao Atari 2600. Os adesivos de menor qualidade e as chaves de plástico deixaram o acabamento do console pior. Contudo as funcionalidades continuam as mesmas e os fãs do Dactar batizaram esse aparelho de Dactar Darth Vader, assim como seu inspirador, o Atari 2600 da Polyvox.
O aparelho foi produzido em grande quantidade e vendido a partir do final de 1984, usando a mesma caixa do Atari Dactar com a frente prateada. A essa altura, o mercado estava saturado de consoles clones de Atari e até 1986 muitas versões do Dactar foram vendidas, confundindo os consumidores com mudanças estéticas e nomes diferentes, mas que por dentro era o mesmo clone do Atari de sempre. A ordem na Milmar era zerar os estoques dos consoles anteriores e vender junto com o Dactar preto.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: 1984
Descontinuado em: não informado
Fabricante: Milmar
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: H.E.R.O
Dactar 3 chaves
Esta é a última versão do Dactar é uma atualização de baixo custo para o Dactar preto, ou Darth Vader. Se o modelo anterior já era uma unidade com acabamentos simplórios, esta versão vai mais além: ela remove uma das chaves do console que controla os canais P&B e colorido. Era meados dos anos 80 e os consumidores brasileiros já tinham amplo acesso às TVs coloridas, deixando de lado a televisão em preto e branco. Assim sendo não faria o menor sentido continuar tendo uma chave com essa função – o recurso foi excluído sumariamente do aparelho.
De resto o Dactar 3 chaves tem exatamente as mesmas especificações e detalhes dos outros modelos, incluindo sua operação, conexão com a TV e os controles no padrão da Milmar. O console foi provavelmente foi lançado no início de 1985 com o melhor custo-benefício de todos os clones para o Atari no Brasil, uma vez que a concorrência vendia mais unidades por terem marcas mais conhecidas.
Essa versão particularmente possui um símbolo no lugar da chave comutadora de cor, que provavelmente é um Kanjji japonês que representa o nome grande, ou grandeza e pouco se sabe porque esse ícone foi escolhido e qual o seu propósito. Fazendo uma análise na caixa vendida com o console percebe-se que ainda nessa época a Milmar não havia uma identidade de marca. Ao longo da vida do Dactar os únicos desenhos que davam essa identidade era o símbolo central no console, que poderia vir em prata, linhas vermelhas ou sem nada. Na caixa um desenho com linhas coloridas que lembrava uma maçã – e agora o Kanji japonês. O que se sabe é que em 1986, quando foi lançado o Memory Game da Milmar, tudo foi removido, uma nova identidade visual foi criada, e apenas o Kanji com o nome Milmar ficou presente, representando assim a marca da empresa no mercado de videogames brasileiros até os anos 90.
Ficha Técnica
Geração: segunda
Lançamento: 1985
Descontinuado em: não informado
Fabricante: Milmar
CPU: MOS Technology 6507, 1.19 MHz
Gráficos: TIA, 128 cores (NTSC) / 104 cores (PAL) / 8 cores (SECAM)
Resolução: 160 x 192 (NTSC) / 160 x 228 (PAL)
Memória: 4 KB ROM, 128 bytes RAM (6 KB com Supercharger)
Áudio: 2 canais, mono
Mídia: cartuchos, fitas cassete (com Supercharger)
Periféricos: paddle, joystick, trak-ball, joystick manche, joystick proline, joystick driving, video touch, etc. Aceita controles db9 como os do Master System e Mega Drive.
Jogo famoso: River Raid
Jogos
Talvez uma das maiores lembranças dos gamers dos anos 80 no Brasil sejam os cartuchos para o Dactar. Eles eram únicos e muito variados, mais baratos do que muitos outros jogos originais e eram vendidos e grande quantidade, variedade e disponibilidade em todo o Brasil. Os primeiros cartuchos produzidos pela Milmar eram muito semelhantes aos do Atari VCS, com caixa de papelão grande e a imagem do Dactari na frente. Os jogos eram repros dos originais da Atari e seus desenvolvedores terceiros.
Com o tempo, os cartuchos foram sofrendo alterações. E a principal delas é o famoso seletor de jogo. Os jogos da Milmar vinham em pacotes de dois, quatro e até seis jogos (esses mais raros de achar) por cartucho. A caixa já era bem menor e tinha apenas o nome Dactar e a lista dos jogos dentro do combo. Para selecionar um jogo bastava colocar as chaves na posição indicando uma combinação de letras.
A grande brincadeira dos consumidores da época era saber que jogo ele estaria levando. Na escolha dos jogos da Milmar, não se sabia como o jogo era, pois não se tinha nenhuma imagem ou texto explicativo. As revistas especializadas de jogos não existiam ainda. Dessa forma seria apenas pelo nome e jogos como Superman e Spider-Man, por mais que tenham jogos não tão interessantes, eram muito jogados. Muitas vezes os cartuchos tinham um jogo bom e os outros títulos menos importantes.
Mercado
O Dactar teve sua história marcada na indústria dos jogos eletrônicos do Brasil, entretanto falando de uma maneira geral foi um clone que não recebia muita preferência dos consumidores, como por exemplo ter vendido cerca de 10 mil unidades no natal de 84, em contraste com as 120 mil unidades do Atari da Polyvox, as 30 mil unidades do Super Game da CCE e as 20 mil unidades do Dynavision.
Já o Dactar 007 vendeu muito bem e é uma peça muito cobiçada por colecionadores no mundo todo. Como disse o próprio Sr. Albertoni em entrevista para o livro 1983 + 1984, o console especial da Milmar ganhou muito dinheiro. Os consoles da Milmar ficariam no mercado até meados de 1991, com versões clones do Atari Jr e do Nintendo 8-bits.
Curiosidades
- Mesmo sendo considerada uma “versão de luxo” o Dactar Maleta foi às lojas com um preço inicial menor que o Dactar original – Cr$189.000,00, algo em torno de R$1.900,00
- Em uma outra apresentação com a presença da imprensa, quando a tinta preta com a qual o gabinete foi pintado, feito de vacuum form na cor branca, começou a derreter por causa do calor. “Nosso videogame virou uma vaca holandesa, foi um vexame completo”, comentou o Sr. Albertoni em entrevista ao documentário “1983: o ano dos videogames no Brasil”.
Referências
1983 + 1984 : Quando os vídeos games chegaram
Wikipedia
Redbull.com – o ataque dos consoles paralelos
Acervo pessoal de Flavio Nunez
Acervo pessoal de Hélio Ferraz
Com a colaboração de Lucas Couto
Atualiazado em 08/07/2020 por Daniel Gularte
O Atari VCS seria o Atari 2600?
Seria uma versão atualizada, com componentes mais eficientes e produzido fora dos EUA e sem a frente de madeira.
Meu primeiro Video Game foi um Dactar. Isso foi pelos anos de 1992. Lembro-me do cartucho, acho que veio com o console, era um “4 em 1”: Pac-man; Enduro; Basket; Baseball. Cartucho Dactar com chave seletora AB / CD.
A única coisa ruim era a famosa “caixinha” seletora antena / video game. Muito fraca. Vivia quebrando…
Parabéns pelo trabalho, Daniel!
lembro que saía da escola e gostava de passar em determinadas lojas de eletrodomésticos e via ali o Dactar exposto para ser vendido…com o tempo acabei comprando um VG 3000 da CCE usado!!!! Um amigo meu chegou a comprar o Dactar…joguei muitos clássicos da época!!!! Bons tempos de antigamente!!!! valeu galera!!!!
Cara!
Achei incrível esta matéria.
Sou aficcionado em Dactar e até gostaria de colaborar se for possivel com fotos da minha coleção de Dactar/Milmar.
Atualmente tenho 26 modelos/variações dos dactar/applevision.
Parabéns e um forte abraço!
Pode mandar todas as suas colaborações para nosso email falecombojoga@gmail.com e vamos contar essa história melhor!