Sumário
O Atari 2600 é um videogame concebido e projetado originalmente por Steve Mayer, Larry Emmons, Joe Decuir e Jay Miner em meados dos anos 1970 e lançado em 1982 nos Estados Unidos pela Atari e em 1983 no Brasil pela Polyvox. Originalmente conhecido como Video Computer System (VCS), é considerado um símbolo cultural dos anos 80; sua popularização é principalmente creditada pelo uso de hardware e jogos baseados em microprocessadores armazenados em cartuchos de ROM (um formato usado pela primeira vez com o Fairchild Channel F em 1976) em vez de hardware dedicado com jogos fisicamente incorporados à unidade do console, como o caso do Home Pong (veja a primeira parte dessa história clicando aqui). O Atari 2600 foi um fenômeno de vendas no Brasil entre os anos de 1984 a 1986 e seus jogos permanecem na memória de muitos que viveram sua juventude nesta época.
Histórico
O Atari VCS estava fazendo enorme sucesso até o final de 1981. Era conhecido pelos gamers e tinha uma grande biblioteca de jogos, principalmente por causa das empresas desenvolvedoras independente. Sem Nolan Bushnell dirigindo a empresa, Ray Kassar aplicava uma estratégia de marketing conservadora, levando a empresa a trabalhar como toda fábrica industrial de produtos da época.
Antes da sua saída, Nolan Bushnell queria que em 1980 um novo sistema de jogos da Atari fosse lançado – ele sabia que a limitação do Atari 2600 era muito grande, mas compensava por seu custo final aos consumidores. Esse foi inclusive um dos grandes motivos dos desentendimentos de Bushnell com a diretoria da Atari.
Essa mesma diretoria, em 1982, autorizou o desenvolvimento do seu novo console e rapidamente a Atari, a partir de antigos projetos, lançou o seu novo console de 8-bits, o Atari 5200 SuperSystem. Para padronizar a linha de produtos, o Atari VCS tornou-se oficialmente o Atari 2600 Video Computer System, ou simplesmente Atari 2600. Seu projeto foi aperfeiçoado como a revisão anterior do VCS Four Switcher, o modelo CX2600A, mas com um exterior diferente, removendo os detalhes em madeira, principalmente porque os eletroeletrônicos deixavam de ter esse visual anos 70. Essa alteração deixou o console totalmente preto, sendo chamado pelos fãs de “Atari Darth Vader”. Já que a única coisa que o Atari 2600 tinha em comparação com o modelo anterior era o design mais moderno, ficou a cargo dos jogos selar o destino desse console.
O console era tinha dois controladores do tipo joystick, que já era a marca registrada da Atari e um jogo em cartucho – inicialmente Combat (como de costume para o VCS) e depois um outro jogo que foi a aposta da Atari em alavancar o console, assim como Space Invaders: Pac-Man. No que deveria ter sido o acordo do ano, se não da década, a Atari obteve direitos exclusivos sobre o arcade Pac-Man (Namco, 1980) em 1981. Embora tendo no acordo a garantia de que nenhuma outra empresa produziria o game para seus consoles, a Atari falhou em garantir que o resultado final, feito pelo programador Todd Frye fosse um jogo marcante. Com gráficos e som muito distantes do jogo original, seu controle e implementação foram limitados a 4KB de ROM, em vez dos 8KB originalmente solicitados para o game, sendo um golpe devastador na reputação da Atari.
A Atari erroneamente imaginou que a marca de um jogo por si só geraria interesse suficiente para vender o produto na casa dos milhões. Embora Pac-Man ainda tivesse vendido sete milhões de unidades, o recorde para o console, deixaram a Atari com cerca de cinco milhões de cópias não vendidas e apenas um pequeno aumento nas vendas do sistema em si. Pelos números, a ideia era que os 12 milhões de jogos fossem vendidos para a metade da base de consoles (ou amílias) que tinham o console, que na época ultrapassou mais de 25 milhões de unidades vendidas.
O mesmo aconteceu com o jogo E.T. O extra-terrestre, programado por Howard Scott Warshaw, do clássico atirador Yars Revenge (1981) e que impressionou o diretor Steven Spielberg com seu trabalho na tradução de outro filme popular do famoso diretor: Raiders of the Lost Ark, que, em 1982, foi lançado com sucesso como uma sofisticada aventura de ação. Ray Kassar pagou US $ 20 milhões pela licença de E.T., e as negociações acabaram demorando tanto que, para fazer um lançamento no fim do ano, o jogo teve que ser programado em seis semanas, onde geralmente lavariam vários meses em um ciclo de desenvolvimento típico da época.
Spielberg acompanhou de perto o desenvolvimento, junto com uma massiva campanha para o Natal de 1982. Infelizmente, o resultado final confundiu e frustrou muitos mais os jogadores em um jogo complexo, considerado como um dos piores da plataforma. Embora tenha vendido mais de um milhão de cópias, a Atari sofreu outra grande perda financeira por causa de devoluções e milhões de cartuchos não vendidos. E.T. e Pac-man para o Atari 2600 eram apenas mais um jogo, e para muitos uma farsa do console, que já encontrava concorrentes tão bem posicionados, como o Intellivision da Mattel. Mais tarde, a Atari se redimiria com melhores ports de Ms. Pac-Man (1982) e Jr. Pac-Man (1984) em 1984, mas já era tarde para a Atari sair do fundo do poço.
1983 foi conhecido como o grande Crash dos Videogames, ocorrido nos Estados Unidos. A competição com os computadores pessoais, os jogos cada vez piores, o hardware totalmente ultrapassado e o abuso na produção de unidades e jogos para o mercado saturou as vendas e milhões de produtos foram devolvidos pelas lojas aos seus fabricantes. A Atari, em uma desesperada tentativa de acobertar prejuízos, acabou enterrando a maior parte do estoque não vendido em um aterro sanitário do Novo México.
Em um ano as receitas, que atingiram um pico de cerca de US $ 3,2 bilhões no início de 1983, caíram para cerca de US $ 100 milhões em 1985 (uma queda de quase 97%). O Crash encerrou abruptamente a segunda geração dos consoles de mesa na América do Norte, fechando empresas desenvolvedoras e muitos emergentes fabricantes de videogame, selando o destino de consoles como o Odyssey² da Magnavox e o Vectrex, por exemplo Apesar dessa história dramática, o Atari ainda receberia centenas de jogos em quase todos os gêneros imagináveis, principalmente com o ressurgimento do mercado em 1986, com um fluxo constante de relançamentos e novos títulos para a plataforma.
Foi nesse período que a Atari, como a principal responsável pelo Crash, licenciou seu sistema para a Polyvox no Brasil, iniciando assim a segunda geração dos consoles de mesa no país, onde no mundo inteiro havia se encerrado. O Atari 2600 não foi o último console do sistema a ser fabricado oficialmente pela Atari. Em 1985 uma nova versão do Atari 2600 foi introduzida, denominada Atari 2600 Jr. Apresentava um tamanho menor e com custo reduzido, com uma aparência mais modernizada e tentando recuperar sua base de jogos variada, era o sistema de jogos econômicos da empresa, vendido por menos de US $ 50.
Sobrevivendo de lucros de terceiros pela venda de seu sistema, a Atari foi deixando de lado o 2600. Em 1 de janeiro de 1992, o ano novo recebia a notícia de que o Atari 2600 encerraria sua fabricação, vendendo 30 milhões de unidades ao longo do seu ciclo de vida de 15 anos.
Atari 2600
Esta é a versão lançada em 1982 para garantir a linha hierárquica dos consoles da Warner / Atari com o 5200. Tanto a caixa como os cartuchos são prateados. Foram removidas todos os decalques de madeira, deixando o console totalmente negro e sua frente com um plástico de acabamento brilhante também na cor preta. A caixa vinha com o kit padrão da Atari, adicionado do jogo Pac-Man gratuitamente.
O Atari 2600 usa uma CPU MOS Technology 6507, uma versão simplificada do 6502, rodando a 1,19 MHz. Embora idêntico internamente, o chip 6507 era mais barato que o 6502 porque seu pacote incluía menos pinos de endereçamento de memória – 13 em vez de 16. Pacotes menores foram, e ainda são, um fator importante no custo geral do sistema, e como a memória era muito cara na época, os pequenos 8 kB de espaço externo máximo de memória externa do 6507 não seriam usados de qualquer maneira. Os projetistas do Atari 2600 selecionaram uma interface de cartucho barata que tinha um endereçamento menor do que os 13 permitidos pelo 6507, reduzindo ainda mais a memória endereçável, já limitada a 4KB (2 ^ 12 = 4096). Acreditava-se que isso era suficiente, já que o jogo Combat tinha apenas 2 KB e até 1982 uma infinidade de técnicas de programação para o console foram desenvolvidas pelos programadores.
O console possui apenas 128 bytes de RAM para dados em tempo de execução. Não há buffer de quadros. Em vez disso, o dispositivo de vídeo possui dois sprites de bitmap, dois sprites de “mísseis”, uma “bola” e um “campo de jogo” que é desenhado escrevendo um padrão de bits para cada linha em um registro varre essa linha. À medida que cada linha é varrida, um jogo deve identificar os objetos não-sprites que se sobrepõem à próxima linha, montar os padrões de bits apropriados para desenhar para esses objetos e gravar o padrão no registro. Por padrão, o lado direito da tela é uma duplicata espelhada da esquerda; para controlá-lo separadamente, o software pode modificar os padrões à medida que a linha de varredura é desenhada. Depois que o controlador verifica a última linha ativa, um intervalo de apagamento vertical mais lento começa, durante o qual o jogo pode processar entradas e atualizar as posições e estados dos objetos no mundo do jogo. Qualquer erro no tempo produz artefatos visuais, um problema que os programadores chamam de “racing the beam”.
O hardware de vídeo do 2600 é, portanto, altamente flexível, mas também difícil de programar. Uma vantagem que o 2600 possui sobre os concorrentes contemporâneos mais poderosos, como o ColecoVision, é que o 2600 não tem proteção contra alterações de configurações na linha média. Por exemplo, embora cada sprite nominalmente tenha apenas uma cor, é possível colorir as linhas de maneira diferente alterando a cor do sprite conforme ele é desenhado. Se os dois sprites de hardware não forem suficientes para um jogo, um desenvolvedor poderá compartilhar um sprite entre vários objetos (como os fantasmas em Pac-Man ou desenhar sprites de software, o que é apenas um pouco mais difícil do que desenhar um campo de jogo fixo. O Atari 2600 usa paletas de cores diferentes, dependendo do formato do sinal de televisão usado. Com o formato NTSC, uma paleta de 128 cores está disponível, enquanto no PAL, apenas 104 cores estão disponíveis. Além disso, a paleta SECAM consiste em apenas 8 cores.
Acessórios
O Atari foi enviado originalmente com dois tipos de controladores, um joystick e um par de controladores tipo paddle. Mais tarde, novos controladores foram adicionados ao sistema de jogo, incluindo um controlador de direção, um controlador track ball e, finalmente, controladores de teclado. Além disso, o 2600 suporta vários tipos de dispositivos de entrada, bem como periféricos de terceiros. Muitos desses periféricos são intercambiáveis com o MSX e outros sistemas japoneses; em alguns casos, é possível usar os joysticks Atari com o Commodore 64, Commodore 128, Amiga, Sega Master System e Mega Drive / Genesis, embora a funcionalidade possa ser um pouco limitada.
Outro adaptador é o Starpath Supercharger, um complemento criado pela Starpath para expandir os recursos de jogo do Atari 2600. A interface do Supercharger adiciona 6 kB extra aos 128 bytes de RAM do Atari 2600, permitindo jogos maiores com gráficos de alta resolução . Um cabo saindo pela lateral do cartucho é conectado ao fone de ouvido de qualquer toca-fitas padrão. Os jogos para o Supercharger são armazenados em cassetes de áudio padrão.
Jogos
Como é sabido, a perda do processo da Atari contra a Activision na publicação de jogos para o 2600 foi um benefício para a própria empresa, em alguns termos. Quando a Atari finalmente concordou em apoiar o desenvolvimento de software de terceiros para o VCS em troca de royalties no início dos anos 80, muitas empresas aproveitaram a oportunidade de lucrar com um mercado potencialmente lucrativo, deixando o sistema Atari sempre cheio de novidades.
Destaca-se a Imagic, outra empresa composta por ex-funcionários da Atari descontentes. Jogos como Demon Attack (1982) e Cosmic Ark (1982) ainda são considerados clássicos por muitos fãs. Empresas de terceiros e seus cartuchos garantiram o sucesso contínuo do sistema, porque nenhum outro console de videogame poderia se beneficiar do mesmo tipo de abundância de jogos feitos por desenvolvedores. Sistemas concorrentes, como o ColecoVision da Coleco e o Intellivision da Mattel, ofereciam módulos de expansão externos que permitiam o sistema reproduzir cartuchos do Atari 2600, que se tornaram parte de suas estratégias de marketing.
Falando nessas duas empresas concorrentes diretas da Atari, a Coleco e a Mattel juntaram-se aos desenvolvedores para o 2600. A Coleco lançou versões do ColecoVision, como Smurf: Rescue in Gargamel’s Castle (1982), Donkey Kong (1982) e Zaxxon (1982). A Mattel, lançou títulos como Tron: Deadly Discs (1982), Super Challenge Football (1982), Frogs and Flies (1982) e a conversão de corridas Bump ‘N’ Jump (1983).
A Parker Brothers foi uma das principais defensoras dos primeiros jogos e sistemas de computador, especializada em vários formatos de plataforma, mas também lançou jogos licenciados de Guerra nas Estrelas, como The Empire Strikes Back (1982) e Jedi Arena (1983), A Parker Brothers também trabalhou traduções populares de fliperamas, como Frogger da Sega (1982) e Popeye da Nintendo (1983).
Mesmo com o abandono de grandes desenvolvedores de jogos da Atari, antigos funcionários remanescentes e novos programadores lançaram dezenas de jogos oficiais da Atari até o final dos anos 80 e início dos anos 90, como pode ser visto na tabela abaixo.
Atari Video Cube | 1982 | |
Berzerk | Dan Hitchens | 1982 |
Centipede | 1982 | |
Crazy Climber | Alex Leavens | 1982 |
Defender | Bob Polaro | 1982 |
Demons to Diamonds | Nick Turner | 1982 |
E.T. the Extra-Terrestrial | Howard Scott Warshaw | 1982 |
Haunted House | James Andreasen | 1982 |
Math Gran Prix | Suki Lee | 1982 |
Pac-Man | Tod Frye | 1982 |
Phoenix | Mike Feinstein and John Mracek | 1982 |
Racing Pak | 1982 | |
Raiders of the Lost Ark | Howard Scott Warshaw | 1982 |
RealSports Baseball | Joseph Tung | 1982 |
RealSports Football | Robert Zdybel | 1982 |
RealSports Volleyball | Bob Polaro / Alan Murphy | 1982 |
Star Raiders | Carla Meninsky | 1982 |
Submarine Commander* | Matthew Hubbard | 1982 |
Swordquest: Earthworld | Dan Hitchens | 1982 |
Vanguard | Dave Payne | 1982 |
Yars’ Revenge | Howard Scott Warshaw | 1982 |
Alpha Beam with Ernie | Michael Callahan / Preston Stuart | 1983 |
Asterix | Steve Woita | 1983 |
Battlezone | Mike Feinstein and Brad Rice | 1983 |
Big Bird’s Egg Catch | Christopher Omarzu | 1983 |
Cookie Monster Munch | Gary Stark | 1983 |
Crystal Castles | Peter C. Niday / Robert Vieira / Michael Kosaka | 1983 |
Dig Dug | 1983 | |
Galaxian | Mark Ackerman / Glen Parker / Tom Calderwood | 1983 |
Gravitar | 1983 | |
Joust | Mike Feinstein / Kevin Osborn | 1983 |
Jungle Hunt | Mike Feinstein / John Allred | 1983 |
Kangaroo | Kevin Osborn | 1983 |
Krull | Dave Staugas | 1983 |
Mario Bros. | Dan Hitchens | 1983 |
Moon Patrol | 1983 | |
Ms. Pac-Man | Mike Horowitz and Josh Littlefield | 1983 |
Obelix | Suki Lee / Dave Jolly / Jeff Gusman / Andrew Fuchs | 1983 |
Oscar’s Trash Race | Christopher Omarzu / Preston Stuart | 1983 |
Pepsi Invaders | Christopher Omarzu | 1983 |
Pigs in Space | Rob Zdybel / John Russell / Bill Aspromonte / Michael Sierchio | 1983 |
Pole Position | Doug Macrae and John Allred | 1983 |
Quadrun | Steve Woita | 1983 |
RealSports Soccer | Michael Sierchio | 1983 |
RealSports Tennis | 1983 | |
Rubik’s Cube | 1983 | |
Snoopy and the Red Baron | Richard Dobbis / Sam Comstock | 1983 |
Sorcerer’s Apprentice | Peter C. Niday | 1983 |
Swordquest: Fireworld | Tod Frye | 1983 |
Swordquest: Waterworld | Tod Frye | 1983 |
Taz | Steve Woita | 1983 |
Track & Field | Seth Lipkin and Jacques Hugon | 1983 |
Gremlins | Scott Smith / Mimi Nyden / Robert Vieira | 1984 |
Millipede | Dave Staugas / Jerome Domurat / Andrew Fuchs / Robert Vieira | 1984 |
Pengo | Mark R. Hahn / Andrew Fuchs / Jeff Gusman / Courtney Granner | 1984 |
Stargate | Bill Aspromonte / Andrew Fuchs | 1984 |
Jr. Pac-Man | Ava-Robin Cohen | 1986 |
Midnight Magic | Glenn Axworthy | 1986 |
Solaris | Doug Neubauer | 1986 |
Crossbow | 1987 | |
Desert Falcon | Bob Polaro | 1987 |
RealSports Boxing | 1987 | |
Dark Chambers | John Palevich | 1988 |
Defender II | Bill Aspromonte / Andrew Fuchs | 1988 |
Sprintmaster | Bob Polaro | 1988 |
Super Baseball | 1988 | |
Super Football | Doug Neubauer | 1988 |
Double Dunk | Matthew Hubbard | 1989 |
Ikari Warriors | 1989 | |
Off the Wall | 1989 | |
Radar Lock | Doug Neubauer | 1989 |
Road Runner | Bob Polaro | 1989 |
Secret Quest | Steve DeFrisco / and Nolan Bushnell | 1989 |
Fatal Run | Steve Aguirre | 1990 |
Klax | Steve DeFrisco | 1990 |
MotoRodeo | Steve DeFrisco | 1990 |
Sentinel | David Lubar | 1990 |
Xenophobe | 1990 |
O Atari 2600 também teve os primeiros videogames para adultos, que incluíam títulos como Custer’s Revenge, de Mystique (1982), e Bachelor Party (1982), ambos considerados grosseiros, mesmo sem os temas pornográficos. No entanto, por mais terríveis que tenham sido esses lançamentos, nenhum deles se tornaria mais infame do que o golpe de um e dois de Pac-Man (1981) e E.T. de Atari. O Extra-Terrestre (1982).
Galeria
Ficha Técnica
Geração: Segunda
Fabricante: Polyvox
Lançamento: novembro de 1982
CPU: Variante do processador 6502 (Real: 6507)1,19 MHz
Memória RAM: 128 Bytes
Memória ROM: 16 kB
Resolução: 160×192 (NTSC) / 160×228 (PAL)
Cores: 128 cores no sistema NTSC, pouco menos no sistema PAL
Som: 2 canais (cada um com um chip próprio)
Mídia: Cartucho
Atari 2600 [BRA]
Quando a febre dos videogames chegou ao Brasil, nos Estados Unidos os consumidores já começavam a acreditar que o videogame não se passava de uma fase, devido ao Crash de 1983. Nos anos 80, devido a legislação brasileira, era proibida a importação de aparelhos eletrônicos em geral, isso fez com que os consumidores brasileiros ficassem apenas olhando os outros países se divertirem com os videogames, sem poder fazer parte dessa cultura de massa, pelo menos por um tempo.
Os videogames da segunda geração chegaram ao Brasil no final da década de 70 e vinham do exterior nas malas dos viajantes, sendo a grande maioria deles da Atari. Em pouco tempo, o Atari virou objeto de cobiça entre os brasileiros que tinham acesso aos aparelhos através de meios informais. Vendo a procura, a Gradiente, dona da marca Polyvox, conseguiu um acordo para produção do Atari original, apresentando ao Brasil, em outubro de 1983, o tão esperado Atari da Atari.
A Polyvox foi fundada em 1967 por ex-funcionários do grupo IGB Eletrônica, fundada sob o nome de Gradiente. Ambas as empresas competiram diretamente no mercado de aparelhos de som, até a Polyvox ser comprada em 1979 pelo grupo IGB. Vendo a crescente procura dos consumidores por um aparelho de entretenimento, uma pesquisa foi encomendada pelo Grupo IGB, da Gradiente, onde apontou que na primeira metade de 1983, de acordo com a matéria da Folha Informática em 20 de abril, havia cerca de 80 mil consoles instalados no país, a mesma pesquisa vinculada a um artigo da revista veja, apontava meninos de 7 a 19 anos de classe média como público alvo, mas que toda família “entrava na brincadeira”. Para a empresa, essa foi a oportunidades que eles queriam, pois assim como a Gradiente, outras empresas do setor de aparelhagem de som, também vinham sofrendo com as condições ruins da economia.
Em 1983, o mercado americano já estava saturado de cartuchos, com jogos mal-acabados e repetitivos, as vezes até devolvidos pelos consumidores. Por aqui videogame ainda era uma novidade e ainda almejado por muitos. O grupo IGB subitamente anunciou um acordou com a Warner, que só aconteceu devido a insistência da Gradiente, que teve que provar que conseguiria fabricar o aparelho.
O processo de assinatura do acordo não foi algo fácil e rápido, os executivos da Gradiente foram recebidos de forma um pouco fria e desconfiada, o que acarretou em uma série de conversas com funcionários de vários níveis hierárquicos da Atari. Interessantemente, nunca ouve um contrato de licenciamento. O que ambas as empresas assinaram foi um Memorandum of Understanding, um documento conhecido como “memorando de entendimento”, que nada mais é que um acordo de cooperação e trocas de informações entre as partes, podendo ou não ter força de contrato. O acordo seria transformado em uma proposta de contrato brevemente, que acabou não se tornando realidade. As aflições pelas quais a Atari enfrentava nas mãos da Warner, o Crash dos Videogames, os enormes prejuízos e outras preocupações, provavelmente fizeram com que os americanos aparentemente se esquecessem de dar continuidade ao processo. Com isso, o projeto começava com o envio de engenheiros a Manaus para a preparação da fábrica.
O evento de oficialização do Atari brasileiro foi realizado no dia 11 de abril de 1983 no Caesar Park Hotel, em São Paulo, tendo a presença do presidente da Gradiente. No dia 13, o seguinte comunicado apareceu no jornal: “Polyvox – Subsidiária do Grupo Gradiente, conseguiu licença da Atari para fabricar seus videojogos no Brasil com lançamento previsto para agosto”. O comunicado teve uma reação bem maior do que o esperado. Várias empresas se motivaram a entrar no mercado de jogos, o videogame trazia com ele a esperança de dias mais divertidos em tempos de crise. A imprensa começava a associar a crise econômica da época um dos fatores de estimulo para o consumo do aparelho, já que, ao invés de gastar com restaurantes e viagens, as pessoas poderiam se divertir em casa. Isso já havia alavancado com sucesso o Philips Odyssey, lançado em maio do mesmo ano.
A Atari chegou a anexar uma nos jornais onde reafirmava o acordo, confirmava o lançamento meses seguintes e insinuava que a concorrência não possuía a mesma qualidade, eram inferiores. Curioso é que a marca escolhida para o Atari não era a própria Gradiente, mas sim a subsidiaria Polyvox, famosa pelos seus ótimos aparelhos de som. A escolha teria sido por receio da Gradiente ser associada a imagem diferente, já que era incerto o desfecho do aparelho em solo brasileiro, caso algo desse errado, apenas um nome entraria em jogo.
Enquanto a campanha publicitária era desenvolvida pela DPZ, a distribuição do Atari, começou a ter problemas com atraso. O público começou a ver os meses passando, novas opções aparecendo e nenhum Atari da Atari nas prateleiras. Com as pressões dos jornalistas durante a Feira UD no Rio de Janeiro em agosto, a subsidiaria da Gradiente justificou que a demora era decorrente de problemas para a formação de um estoque adequado para várias revendas simultâneas, já que o lote de estreia seria de aproximadamente de 100 mil consoles. Tanto a imprensa e a concorrência suspeitavam que o problema fosse outro: a importações das peças do Atari e das matrizes dos jogos, aparentemente retidas pela alfandega. Como o projeto só permitia que 32% do Atari fosse nacionalizado, a Polyvox era totalmente dependente da Warner, para adquirir as peças e os dados. As empresas de menor porte que não pagavam por tais regalias, possuíam mais facilidade pois poderiam trabalhar com EPROMs (um tipo de memória reprogramável) para fabricação de cartuchos, adquiridas aqui no Brasil através da Texas Instruments, em quantidade suficiente para produção de cartuchos artesanais, já que as ROMs originais eram adquiridas ilegalmente. Por causa do contrato, a Polyvox dependia as ROMS originais da Atari para produzir sua primeira remeça de cartuchos. A situação foi delicada ao ponto de a Gradiente precisar contratar advogados experientes em patentes para combater, na opinião deles, uma concorrência desleal. Até a Warner chegou a enviar alguns advogados americanos ao Brasil, no intuito de achar uma brecha na legislação.
A imensa demanda reprimida de jogadores explodiu em 1983 e 1984, quando o Atari, seus clones e milhares de jogos eram vendidos nas lojas de departamento. O Brasil mal sabia o que significava a crise do videogame no mundo, apenas via sua crise econômica. Mas isso não impediu que em menos de um ano o Brasil se tornasse um dos países com o maior número de consumidores de games do planeta.
O Console
O Atari brasileiro é a versão americana do Atari 2600 lançado em 1982, que recebeu o apelido de “Darth Vader” por ser da cor preta. Possui uma CPU MOS Technology 6507, versão reduzida da 6502 e roda a 1,19 MHz. Possuí também memória RAM de 128bytes e memória ROM de 4kB. O design do aparelho é retangular, com a entrada de cartucho localizada na parte superior, ao centro e dois interruptores em casa lado. O controle padrão possui o analógico no meio e um botão vermelho ao canto.
Na parte traseira do console, se encontram duas entradas para os controles, o transformador de força, o cabo de conexão ao televisor junto com a chave comutadora de antena. Ao comprar um Atari, na embalagem contém o console Atari 2600, dois joysticks, transformador de força, chave comutadora de antena, manual de instrução e um manual do cartucho-programa (Game Program).
O console possui esteticamente as mesmas cores da versão americana, porém, muito em função da logística da Gradiente em produzir centenas de milhares de aparelhos até o final do natal de 1983, acabou gerando um lote (provavelmente o de novembro) daquele ano com um problema de impressão: o nome Video Computer System foi impresso em dourado, sendo que o correto seria em prata. Essa versão é considerada rara de se encontrar e só foi possível identificar essa diferença fazendo comparações entre os lotes de outubro, novembro, dezembro e a linha de produção a partir de 1984, sendo todos esses espécimes pertencentes ao acervo do Museu Bojogá.
Jogos
Quando a Polyvox começou a produção do Atari, já havia empresas fabricando cartuchos compatíveis com o console. Os cartuchos produzidos pela Polyvox, assim como o aparelho, seguiam o padrão “original da Atari” e todos na caixa, com manuais, coloridos e impressos em “off-set”, assim como os cartuchos americanos. Com isso, o cartucho ficou um pouco mais caro do que os cartuchos da Dynacom e do Canal 3 Indústria e Comércio, por exemplo, mas ainda assim, mais baratos que os importados. A fome do mercado por cartuchos, era igual ou até maior que a dos aparelhos, levando em conta, que os jogadores faziam trocas de cartuchos para que pudessem ter novas experiências.
Em 1984 a indústria de videogames explodiu de vez, e com ela vieram mais de vinte novas empresas, que fabricavam e comercializavam cartuchos compatíveis com o Atari e seus clones. Algumas delas inovavam, lançando cartuchos com dois ou mais jogos, onde se selecionava o jogo através do interruptor que ligava e desligava o aparelho. Os cartuchos também poderiam ser encontrados por “séries”. Evidentemente, cartuchos da série ouro, valiam mais do que os da série prata, séries como “diamante” e série “especial” (com jogos como Decathlon, na época das olimpíadas de 1984) eram jogos mais procurados e com poucos fabricantes. Apesar de parecer como pretexto para se cobrar mais pelo jogo, existia um motivo para a classificação: cartuchos série prata eram jogos de 2Kb e 4Kb; os da série ouro possuíam 8Kb. Jogos com 8Kb ou até maiores, além do Circuito Integrado da memória do jogo custar mais caro, precisavam de circuito eletrônico adicional e uma placa de circuito impresso maior, o que dava mais trabalho na hora da montagem. Alguns possuíam os contatos banhados a níquel em vez de ouro, o que não difere na qualidade do cartucho.
A Polyvox sentiu a concorrência, apesar de não aparentar. Curiosamente um episódio interessante ocorreu num dos capítulos da novela “Transas e Caretas”, transmitida pela Rede Globo, a Polyvox fez uma espécie de merchandise sobre os cartuchos do Atari, afirmando que somente os jogos originais eram recomendados para se usar no console e que os demais cartuchos, os que tinham os contatos banhados a níquel, estragavam o aparelho. A Dynacom não ficou contente, já que seus cartuchos eram banhados a níquel, assim resolveu comprar a briga entrando com um processo para que a Polyvox provasse que os cartuchos com níquel danificavam o videogame. Apesar de não se ter registros do desfecho do caso, foi graças aos cartuchos de baixo custo que o Atari pode-se popularizar e ser o preferido do mercado.
Galeria
Ficha Técnica
Geração: Segunda
Fabricante: Polyvox
Lançamento: outubro de 1983
CPU: Variante do processador 6502 (Real: 6507)1,19 MHz
Memória RAM: 128 Bytes
Memória ROM: 16 kB
Resolução: 160×192 (NTSC) / 160×228 (PAL)
Cores: 128 cores no sistema NTSC, pouco menos no sistema PAL
Som: 2 canais (cada um com um chip próprio)
Mídia: Cartucho
Atari 2600S
O sucesso do Atari no brasil foi enorme e era possível encontrar variações do console no varejo até 1993 no Brasil. Mesmo tendo sua produção sessada ainda nos anos 80, a Polyvox foi a última empresa a parar a fabricação dos consoles de 8 bits. O Atari 2600S é uma versão do Atari 2600 econômica, com poucas mudanças, mas, ainda fazendo parte do mesmo contexto histórico e de mercado que seu antecessor.
O Atari 2600S chegava em um mercado estruturado, com forte concorrência e uma vasta gama de cartuchos. A Polyvox conseguiu manter seu Atari no mercado por dez anos, um feito realmente impressionante. Na época, uma nova geração já havia chegado, com aparelhos mais potentes, jogos mais longos e com melhor gráfico. De acordo com a edição da publicação Folha Informática, do dia 20 de setembro de 1992 apresentava uma tabela de produtos, onde o aparelho aparecia disponível ao preço de Cr$ 449.000,00, aproximadamente R$ 500,00 para os dias atuais. Seus concorrentes, como o Intellivision II e o Odyssey, sobreviveram até meados de 1986 e 1987 nas lojas. O motivo para a decadência da geração, foi dada a popularização dos computadores no Brasil, onde se tinham empresas entrando no mercado nacional, e até a Gradiente investindo nos computadores.
O Console
Assim como seu antecessor, o Atari 2600S é a versão brasileira do Atari “Darth Vader” americano, possuindo alterações nos seus interruptores, substituídos por dois botões de pressão ao lado direito da entrada de cartucho, ao lado esquerdo, um interruptor on-off. Essa versão vinha sem a chave “color/P&B”, possuía fonte interna e por isso, vinha com uma chave na parte de baixo para a seleção de 110V ou 220v, o que passava a impressão de ser um aparelho mais “prático” na hora da instalação. Os joysticks possuíam o mesmo design comparado a versão anterior, porém, este possuía controles fixos, com os fios saindo da parte da frente do aparelho, ao invés das entradas na parte traseira. Era notória uma qualidade mais baixa comparada aos primeiros Ataris nacionais. Ao comprar um Atari, na embalagem possuía: Um console Atari 2600s Vídeo Computer System com dois controladores ( Joysticks ); Uma Chave comutadora de antena; Um Manual do cartucho-programa (Game Program) e Um Cartucho-programa.
Galeria
Ficha Técnica
Geração: Segunda
Fabricante: Polyvox
Lançamento: dezembro de 1987
CPU: Variante do processador 6502 (Real: 6507)1,19 MHz
Memória RAM: 128 Bytes
Memória ROM: 16 kB
Resolução: 160×192 (NTSC) / 160×228 (PAL)
Cores: 128 cores no sistema NTSC, pouco menos no sistema PAL
Som: 2 canais (cada um com um chip próprio)
Mídia: Cartucho
Mercado
Em 1982, o Atari 2600 havia vendido 10 milhões de unidades, enquanto seu jogo mais vendido, Pac-Man, vendia 7 milhões de cópias. Em 1982, o console 2600 custava à Atari cerca de US $ 40 para ser fabricado e vendido por uma média de US $ 125, algo muito mais barato que um computador Apple II e com chipset similar. A empresa gastou US $ 4,50 a US $ 6 para fabricar seus cartuchos, mais US $ 1 a US $ 2 em publicidade e os vendeu por US $ 18,95 no atacado.
Esse sucesso da Atari que atingiu seu auge em 1982 provocou uma série de decisões de marketing e negócios catastróficas, começando pela quantidade excessiva de títulos de jogos de terceiros ruins e decisões de mesma ordem de licenciamento causando pesadas perdas em todo o setor. O acúmulo de produtos nas lojas revendedoras, com altos volumes de jogos de baixa qualidade vendidos pelo custo ou abaixo do custo, causou um prejuízo nas vendas de jogos com alta qualidade e preço maior, como era o caso da Activision.
Em 1984, o Crash dos videogames havia retirado muitas empresas do mercado, devido em grande parte aos requisitos inflexíveis de estoque da Atari nos pontos de venda no ano anterior, com a empresa exigindo que estes estocassem mais produtos do que a demanda do consumidor poderia suportar, incluindo consoles e acessórios. Nesse mesmo ano, a Warner Communications vendeu grande parte de seus ativos para o ex-executivo e fundador da Commodore, Jack Tramiel, que não desejava seguir com o mercado estagnado de videogames, levando a Atari para outros rumos.
O estoque existente de modelos 2600 e 5200 permaneceu nos vários canais de vendas e continuou a ser vendido, mas dois anos se passaram e antes que a Atari tentasse recuperar seu domínio no mercado de videogames domésticos, o Nintendo Entertainment System (NES) havia se estabelecido nos Estados Unidos, e a Atari foi forçada a recuperar o atraso.
Alguns jogos para o 2600 foram disponibilizados em 1985 por empresas como a Activision, mas não havia novos sistemas Atari para acompanhá-los. No entanto, depois que o NES reviveu a paixão por videogames nos EUA, a Atari tentou reestabelecer sua presença em 1986 com os lançamentos do Atari 2600 Jr. e do Atari 7800. O Atari Jr. continuou a representar sua linha de consoles da segunda geração até que a produção foi interrompida completamente no início dos anos 90. A própria Atari deixou de existir como empresa em 1996. O nome e os ativos intelectuais foram vendidos e comprados várias vezes desde então.
Em 2003, para aproveitar o nome conhecido, a francesa Infogrames Entertainment SA, uma empresa de desenvolvimento e publicação de software que data da década de 1980, renomeou suas operações globais como “Atari”. Adquiriu os direitos sobre o nome após a compra da Hasbro Interactive. Essa nova entidade se estabeleceu como uma importante editora de software para consoles, portáteis e computadores.
Finalmente, após cerca de quatro anos vendo outros fabricantes lançando jogos com base nos clássicos do Atari 2600, uma outra tentativa de reviver o sistema aconteceu em 2005, o Atari Flashback 2, uma versão miniaturizada do console original, apresentou versões de 40 jogos do 2600, antigos clássicos e feitos recentemente por fãs. O aparelho recria com precisão o hardware do 2600 original que pode até ser hackeado para incorporar uma porta de cartucho, continuando o legado desse videogame que começou quase 30 anos antes e que não quer morrer.
Brasil
Enquanto isso, no Brasil, um anuncio no jornal no feriado da independência de 1983 anunciava o lançamento do Atari 2600 para a semana seguinte. Os varejistas receberam, com atraso, o aparelho somente em outubro, tendo o foco de vendas para o dia das crianças e o natal. Com os slogans de “Atari da Atari” e até mesmo “inimigo”, anunciado como uma diversão familiar, assim como nos demais países. O console seria distribuído com mais de seis mil e quinhentos pontos de venda pelo país. Para vendar 600 mil consoles, a Polyvox precisaria que cada ponto de venda comercializasse aproximadamente dez unidades por mês.
O console chegou às lojas com quinze cartuchos disponíveis e com o preço inicial de Cr$194.000,00 (aproximadamente R$3.500 atualizados), e foram instalados em lojas, quiosques e shoppings para melhor divulgação. Assim como imaginavam, o videogame estava sendo a salvação do comercio, já que as vendas em setores como aparelhos de som e televisores haviam caído bastante, mostrando uma retração de aproximadamente 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Polyvox produzia a todo vapor, e segundo a Folha Informática do dia 19 de dezembro de 1983, a empresa despachava 1.000 consoles por dia ao varejo, tendo vendido até o momento cerca de 90 mil aparelhos, o que representava faturamento de 40% do trimestre.
Com o aumento da inflação o Atari passou a custar Cr$ 239.000,00, já os concorrentes Odyssey, Intellivision, Dactari e o Dismac VJ 9000 saiam por Cr$ 199.000,00, Cr$ 250.000,00, Cr$ 179.000,00 e Cr$ 195.000,00 respectivamente. Juntos, já somavam 180 mill consoles e 500 mil cartuchos comercializados.
A empresa também sofreu com concorrentes paralelos, como a Dynacom, Dactari e o Odyssey. A empresa investiu alto nas propagandas, com a verba anunciada de 2 milhões de cruzeiros, segundo a Folha Informática de 7 de setembro de 1983. Ao passar da fase de lançamento, novas promoções foram desenvolvidas, uma delas foi o Clube Atari. O Atari Clube era um clubinho para proprietários que trazia informações, recordes, datas de campeonatos, promoções exclusivas e trocas de contatos por meio de comunicados enviados via Correios. A ficha da inscrição vinha com o videogame e o proprietário sé precisava responder e enviasse à Polyvox.
Em 1984, Atari e seus similares ainda continuam sendo a preferência dos consumidores, e em março, segundo dados da Gradiente, já foram comercializados 150 mil Ataris oficiais. No decorrer do ano, a subsidiaria precisou manter os preços além de facilitar a venda do console, permitindo pagar em prestações, tudo para conter os novos fabricantes que chegaram em 1984. Estes novos concorrentes, principalmente os clones, vinham preparados para bater de frente com a Polyvox, que se mantinha para não deixar a peteca cair.
Logo, o segundo natal dos videogames chegou, com cerca de 250 mil aparelhos passando pelas lojas, a Polyvox conseguiu entregar surpreendentemente 120 mil unidades, o que ainda sim foi insuficiente para a demanda. Em lojas tradicionais do comercio paulista, os varejistas afirmavam nunca ter vendido tantos consoles, números de vendas que se passavam de 52% comparando ao mesmo período de 1983. O Atari, seus clones e uma vasta biblioteca de mais de 350 títulos representava 70% da produção nacional do mercado.
Em 1985 o mercado ainda continuou muito aquecido e mais solidificado, as empresas estavam mais seguras em relação aos investimentos na industria dos games. Em 1985, a criatividade relacionada aos videogames foi reconhecida quando a DPZ ganhou o Leão de Bronze no Festival de Publicidade de Cannes, quando usou o conceito que o inimigo fazia amigos.
Porém, depois de dezembro de 1986 em diante, o mercado foi aos poucos esfriando com a popularização dos microcomputadores. As empresas de cartuchos foram diminuindo a produção e algumas até fecharam as portas. A Polyvox foi a última empresa a desistir, ainda colocando no mercado o Atari 2600S, mas encerrou a produção no início dos anos 90, encerrando a industrialização do Atari no Brasil. Apesar do Atari ter ficado para trás, a indústria de videogames brasileira havia apenas nascido, com a década seguinte, novos consoles fizeram história.
Curiosidades
- Em outubro de 1983 foi lançado o Atari 2800 destinado ao mercado japonês. Com um design diferente não conseguiu competir com o Famicom e o SG-1000.
- Existiu um primeiro Atari “fabricado” no Brasil antes da Polyvix, sendo uma nacionalização do produto importado. Parcialmente montado de maneira artesanal em São Paulo, ele foi às lojas em abril de 1980. Foi batizado como “Video Computer System” e era vendido por Cr$ 29.890,00 (aproximadamente R$ 5.500,00). A empresa que fabricou esse aparelho se chamava Atari Eletrônica Ltda e foi fundada em 1979, pelo mesmo proprietário que iria dar origem a Canal 3 Indústria e Comércio, que foi a pioneira na fabricação de cartuchos para Atari.
- Jay Miner deixou a Atari para formar o que se tornaria a Amiga Corporation (cujos funcionários tiveram papéis em produtos futuros como Amiga da Commodore, Lynx da Atari e o 3DO). A empresa produziu controladores e jogos incomuns o Atari 2600, incluindo o Mogul Maniac (1983), um simulador de esqui.
- A abertura da novela Transas e Caretas da rede Globo mostra um Atari 2600 e um jogo fictício com o nome da novela.
Referências
1983 + 1984 Quando os videogames chegaram
atari.com.br
Wikipedia
Atari 2600 Vídeo Computer System – Manual de instruções
Folha de S.Paulo – Informática
Atualiazado em 02/07/2022 por Daniel Gularte
Não me parece acurada a informação de que a Polivox fosse “ famosa pelos seus ótimos aparelhos de som”.
Na época do lançamento do Atari eu era pré-adolescente e, por falta de outros interesses (computador, videogame), eu era muito “ligado” nesse mercado de aparalhos de som. Eu me lembro que a Polivox era conhecida como fabricante de aparelhos de “segunda linha”, como uma “linha B” da Gradiente.
Estamos checando essa informação e ver como atualizamos esses dados.
Infelizmente o Atari original mesmo, vi e joguei apenas uma vez…Foi através dos clones: VG3000 da CCE, Super game VG 2800 onde joguei os clássicos atarianos da vida gamer!!!! Bons tempos de antigamente!!!! valeu!!!!
Tratando-se de tecnologia digital, tanto faz quem fabricou o aparelho; o software (jogos) eram os mesmos e o microprocessador 6507 lá dentro era o mesmo fabricado pela Morotola. Daí que não havia diferença de jogabilidade entre original e clones.
Cara, só agora li esta página, curti muito o Atari2600, mas sou puto até hoje com esses babacas brasileiros que proibiram a importação desses consoles igualmente com o MSX que também sou fã até hoje e tenho dois consoles. Maravilha. Abraços. Diniz Filho, Macapá, AP