Sumário
Na história da primeira geração dos videogames existiram muitos tipos de projetos baseados em Pong com propostas de design curiosas, e esse é o caso do Tele-action mini da empresa DMS. Esse aparelho tem como destaque um design híbrido de portabilidade e liberdade ao jogar Pong na TV.
Histórico
Assim como uma série de consoles que persistiram o final dos anos 70 no mundo todo, o Tele-action mini tinha um projeto asiático. Observamos que tanto na caixa como no manual estão impressos os dizeres: “Made in Hong Kong” e “Printed in Hong Kong”. A empresa DMS, que provavelmente comprou a licença de fabricação e distribuição do aparelho no mercado norte-americano.
Nesse período, estava ocorrendo uma forte disputa por patente do videogame entre a Magnavox, que alegava ter sido plagiada pela Atari. Esse evento que se iniciou em 1974 culminou com a Magnavox vencendo a disputa, em um acordo que fez com que a Atari pagasse pelos direitos de uso da patente entre 1976 e 1977 (a partir daí a Atari lançaria o Atari VCS). Segundo Nolan Bushnell, presidente e criador da Atari, o acordo só deveria ser selado se a Magnavox também processasse todas as outras empresas que fabricavam clones de Pong, e não somente a Atari.
Isso acabou acontecendo, e os lotes que foram produzidos a partir de 1977 de qualquer clone de Pong deveriam licenciar a patente à Magnavox. Algumas unidades do Tele-action game vinham com uma etiqueta mostrando justamente essa patente.
O Console
O aparelho é composto de duas unidades de mão conectadas e juntas por fios que se conectam à TV com o uso de uma unidade de sinal RF. É um dos menores clones de Pong e cada controlador inclui partes do controle do sistema como um todo.
O controle “principal” é responsável por alimentar o console em si, pois e nele que se encontra o compartimento das pilhas e saída de corrente alternada, revelando que a placa com o chip fica nesse controle. O usuário deste controle pode por meio de uma chave ligar e desligar o console, iniciar ou resetar uma partida e controlar a raquete por um sistema de botão deslizador. O segundo controle possui mais comando de seleção e configuração dos jogos, bem como outro botão deslizante. A inovação do console acabou gerando controvérsias, pois um jogador poderia controlar sozinho o reinício de um jogo, caso estivesse perdendo, enquanto que o outro poderia mudar a dificuldade do jogo na jogada do oponente. Provavelmente quem desenhou esse aparelho imaginou que jogadores teriam sempre Fair Play.
Assim como a maioria dos consoles das empresas menores concorrentes neste segmento, o Tele-action mini usa o chip AY-3-8500 como lógica usando um único chip de circuito integrado como foco de seu design e arquitetura, em vez de vários chips ou lógica transistor-transistor. O circuito integrado AY-3-8500 é mais conhecido como “Ball & Paddle” e foi o primeiro de uma série de Circuitos Integrados da General Instrument projetados para o mercado de videogames de consumo. Esses chips foram projetados para transmitir vídeo para um modulador de RF, que exibia o jogo em um aparelho de televisão doméstico. O AY-3-8500 continha vários jogos selecionáveis (todos versões modificáveis de Pong) e um número mínimo de componentes externos era necessário para construir um sistema completo de jogo.
A engenharia eletrônica desse console é muito interessante, pois conseguiu reduzir muito o tamanho físico da placa e as trilhas do circuito. Outra interessante saída foi o uso dos fios para enviar sinais de um controle para o outro, acionando os comando do chip e alterando assim o comportamento do console.
Jogos
Os jogos oferecidos no Tele-action mini não mudam muito das versões já conhecidas de Pong de outros consoles e estão divididos nesses jogos:
- Practice – um paredão na esquerda rebate uma bola para uma raquete à direita que se move verticalmente. É o modo treino onde o jogador simplesmente rebate a bola.
- Squash – um paredão na esquerda rebate uma bola para duas raquetes à direita que se movem verticalmente. Funciona da mesma maneira do modo treino, porém cada raquete tem a sua vez para rebater.
- Hockey – Duas paredes com buracos nas extremidades da tela e um par de raquetes para cada jogador, uma na parte defensiva e outra na parte ofensiva do campo de jogo. A bola rebate nas paredes e raquetes até que algum jogador consiga colocar a bola no gol (buraco no tela).
- Tennis – É o Pong clássico: duas raquetes nas extremidades opostas da tela e uma linha no meio representando uma rede. A bola é rebatida pelos jogadores até um errar e ceder um ponto ao oponente.
Os modos de jogo alteram a dificuldade dos jogos, e podem ser acionados a qualquer momento:
- Ball Speed (Pro/Am) – altera a velocidade da bola (profissional=rápido, Amador=lento)
- Ball Angle (Pro/Am) – altera o ângulo da bola (profissional=ângulo maior, Amador=ângulo menor)
- Player Size (Pro/Am) – altera o tamanho da raquete (profissional=tamanho pequeno, Amador=tamanho grande)
Mercado
O Tele-action mini enfrentou os piores momentos dos jogos eletrônicos em sua consolidação com o mercado de consoles de mesa. Ele foi justamente lançado quando ocorria uma grande leva de consoles semelhantes no final dos anos 70, gerando assim uma primeira crise de mercado. Mesmo assim ganhou um certo fôlego e notoriedade, ganhando até uma caixa mais colorida. Mas com o surgimento do Atari VCS e os videogames da segunda geração movidos a cartuchos, consoles como o Tele-action mini resistiam bravamente em lojas de eletrônicos de bairro. Relatos apontam que esse console ainda era vendido até o Crash dos videogames de 1983, quando juntamente com um mercado inteiro sucumbiu em um desastre financeiro na indústria do entretenimento.
Galeria
Curiosidades
- O console pode ser encontrado com três modelos de caixas diferentes: caixa com fundo colorido, caixa com fundo claro, caixa branca sem nenhuma imagem.
- Alguns consoles foram vendidos com a marca da Coleco, que provavelmente comprou os direitos de fabricação e distribuição do Tele-action mini.
- Alguns jogadores conseguiam burlar certas partidas do jogo, deixando o seletor de jogo no meio entre dois jogos, conseguindo assim criar novas raquetes em jogos que só tinha uma.
Ficha Técnica
Nome: Tele-action mini
Geração: Primeira
Fabricante: DMS
Ano de lançamento: 1977 (USA)
CPU: nenhum (chip General Instrument AY-3-8500)
Vídeo: coloridopreto e branco com saída RF
Áudio: integrado no console (mono)
Controles: Dial (semelhante a um seletor de rádio) ou Potenciômetro com fio (paddle)
Alimentação: bateria ou fonte externa
Mídia: não possui
Jogo famoso: Pong
Referências
Vintropedia
Strong Museum
Google Arts & Culture
Retroconsoles
Old-computers
Atualiazado em 13/05/2020 por Daniel Gularte