Sumário
Muitos já ouviram falar da Sega e seu papel na história dos videogames. Mas, você já ouviu falar do Pico? Esse console foi uma tentativa de atingir um público mais jovem e foi muito bem sucedido. Por quê então pouca gente o conhece? Quais os mistérios por trás deste nome tão diferente? Falemos a partir de agora um pouco sobre este curioso console.
Histórico
O Sega Pico chegou ao mercado em junho de 1993, no Japão e mais posteriormente, em 1994, na América do norte. Também conhecido como “Kids Computer Pico” foi vendido como um videogame educacional voltado para crianças entre 3 e 7 anos que permitiram que elas aprendessem sem se prender ao caráter educativo da atividade, que estaria encoberto pela ludicidade. Ele também foi o primeiro console com esse propósito produzido pela Sega, que na época batia de frente com sua rival, Nintendo.
Na época concorreu com os dispositivos clássicos e, embora não seja muito conhecido atualmente, se tornou muito popular em certas partes do globo. Foi também o primeiro console a usar touch como modo de controle primário e é considerado o primeiro a usar tecnologia digitalizadora ativa.
Nos Estados Unidos, a Sega demonstrou seu produto na feira internacional de brinquedos americana, antes de lançá-lo em novembro do mesmo ano. Com sua proposta de um videogame ideal para crianças em idade de aprendizado, com visual atrativo para os jovens e proposta educativa que agradaria também aos pais, além da tecnologia usada e da presença de personagens famosos da empresa, a Sega fez mais essa aposta no mercado americano de jogos e brinquedos infantis que então estava em alta.
O console
O Pico foi construído com uma aparência similar a um laptop e seu material era leve o suficiente para ser carregado por uma criança e resistente para suportar quedas e pequenos choques.
A metade inferior se apoia em uma superfície plana e é a base dos controles do jogo. A metade superior apoia-se em um suporte que permite que fique em pé em um ângulo de 90º em relação à sua contraparte e é onde se encaixam os cartuchos do console. Também inclui um tipo de alça para facilitar o transporte.
No canto inferior direito está o botão para desbloquear e abrir o console. No centro estão 4 botões direcionais e mais um grande botão vermelho, além da caneta e do que aparenta ser um touchpad que pode ser melhor descrito como um apoio para as mãos.
Em sua metade superior está localizado o botão de ligar e desligar e também as saídas de áudio e vídeo, que não incluem uma saída RF. Além disso o cabo de alimentação deve ser conectado ali.
Seus cartuchos eram chamados de Storywares e traziam um conceito bastante novo. Eles se assemelhavam a livros e eram divididos em páginas. Deveriam ser encaixados em um slot presente na metade superior do Pico que tinha espaço dedicado para as páginas.
Seu hardware compartilha muito com o Mega Drive, como por exemplo o seu processador, e a adição de alguns recursos adicionais permitem detectar o movimento da caneta e interagir com os storywares.
Jogos
Os jogos do Pico consistiam em aventuras educativas e histórias interativas que faziam juz ao formato dos cartuchos. Muitos personagens famosos entre as crianças e mascotes da Sega fizeram suas aparições nos títulos lançados para ele. Além disso, os jogos não seguiam uma estrutura linear, ideal para crianças que se frustram ao ficarem presas em um desafio. Assim, bastava virar a página do Storyware e o jogo continuaria. Alguns exemplos de jogos lançados na América do norte são:
A year at Pooh Corner: Jogo baseado na franquia Winnie the Pooh. Aqui o jogador controla Pooh e encontrará mini games educativos envolvendo matemática, raciocínio e outros assuntos.
Eco Jr. and the Great Ocean Treasure Hunt!: Jogo baseado na franquia Eco, the Dolphin. É bastante similar aos títulos da série e trazendo, entretanto, um ar mais educativo e simplista.
Adventures in Letter Land with Jack and Jill: Título para auxiliar na aprendizagem do alfabeto.
Mickey’s Blast Into the Past: Um dos jogos licenciados pela Disney. Aqui a criança recebe noção de horas, além de minigames para ajudar Mickey em tarefas de sua aventura.
Mercado
O Pico foi lançado primeiramente no Japão e graças a sua recepção consideravelmente boa, a próxima decisão lógica era exportá-lo para o resto do mundo. Na época não havia um número considerável de concorrentes, em especial, que fossem distribuídos internacionalmente. Então era natural que a Sega apostasse na venda internacional de seu novo produto.
Primeiramente ele era fabricado apenas pela Sega, mas, seu sucesso levou a outras empresas como a Yamaha a lançar algumas versões. Muitas modificações e periféricos surgiram ao longo do tempo e em 2001 o “Kids Computer Pico” virou “Kids Communication Pico”, recebendo funcionalidade de internet.
No Japão o console se tornou rapidamente muito popular. Estima-se que foram lançado 300 jogos para o console e foi descontinuado apenas em 2005, em virtude do lançamento do seu sucessor, o Beena. O Pico também foi distribuído na Europa, Brasil e Coreia do sul.
Na América do Norte, muitas dessas novidades não chegaram a brilhar já que o console não foi tão bem sucedido. Ele foi descontinuado em 1998 e apenas 20 de seus jogos foram lançados.
Originalmente foi anunciado por $160, porém, chegou às prateleiras por $139 e em 1996 estima-se que se haviam vendido 400,000 unidades. A distribuidora Majesco, em 1999, chegou a comercializar uma versão do console por um preço reduzido de $49,95. Além disso, foi aclamado pela crítica de especialistas em brinquedos e entretenimento, porém, não recebeu o apoio do público. No total a Sega calcula vendas de 3,4 milhões de Picos ao redor do mundo e 11,2 milhões de cartuchos.
Anunciado como “O computador que pensa que é um brinquedo”, a Sega investiu pesado primeiramente em convencer ao público mais velho, e detentor do dinheiro, do valor de seu produto. Seus cartuchos diferentes e cores também buscavam atrair a parcela mais infantil dos potenciais consumidores. O problema é que o mercado dos EUA era menos aberto a produtos semelhantes, então uma adaptação teria sido necessária. Visto como um produto infantil e colorido demais, além de não possuir um hardware voltado para o público gamer, vendeu menos que o esperado.
O Pico é um dos consoles com documentação e informações mais escassas da Sega. Seu público alvo e a falta de valor atribuída pelos colecionadores de jogos retrô contribuem para esse título. Entretanto, foi um console importante na história da empresa e algumas inovações até hoje influenciam empresas de produção de jogos e brinquedos interativos.
Galeria
Curiosidades
- O site Japonês do Beena esteve disponível até por volta de 2013.
- A Nintendo chegou a lançar um Pico especial do Pikachu em parceria com a Sega.
- Assim como o prefixo Mega de seu console anterior significa um fator de um milhão, Pico denota um trilionésimo.
Ficha Técnica
Nome: Pico
Geração: Quarta
Fabricante: Sega
Ano de lançamento: 1993(Japão), 1994(USA/NA)
CPU: 16/32 bit Motorola 68000
Controle: Caneta embutida + 5 Botões
Mídia: Storyware
Jogo Famoso: Sonic the Hedgehog’s Gameworld
Video RAM: 64 Kb
Som: NEC µPD7759 PCM e um gerador de música programável
Tamanho/Peso: 45.21 cm x 37.84 cm x 21.82 cm/ 4,17 kg
Portas I/O: Saídas de áudio/vídeo e alimentação de energia, Controladores embutidos
Fonte de energia: MK-1636s (230V, 50 Hz) ou MK-2103s (120V, 60 Hz)
Referencias
https://en.wikipedia.org/wiki/Sega_Pico
https://web.archive.org
http://www.segatoys.co.jp/english/company_profile/business_strategy/edutainment.html
http://segaretro.org/Sega_Pico
http://segabits.com/blog/2014/04/25/sega-retrospective-over-20-years-later-and-the-pico-is-still-an-amazing-piece-of-hardware-part-1/
https://www.giantbomb.com/sega-pico/3045-118/
http://segaretro.org/AC_adaptor
http://www.computinghistory.org.uk/det/39949/Sega-Pico/
BAKER, Kevin. The Ultimate Guide to Classic Game Consoles. Ebookit.com, 2013.
Atualiazado em 18/08/2017 por Daniel Gularte